solitude
na segunda-feira, Lucas pegou o ônibus para passar quase uma semana em SP. por escolha própria, eu fiquei em casa sozinha pela primeira vez desde que nos mudamos.
confesso que fiquei com a sensação de que teria um leve medo quando a noite chegasse. o silêncio e a escuridão são intensas por aqui. não sei bem do que estava com medo (além de baratas) porque o nível de segurança aqui é altíssimo. mas quando somos mulheres, parece que todo um sistema de proteção é acionado quando sabemos que ficaremos sozinhas.
eu já morei sozinha 2 vezes quando morava em SP. uma no Largo do Arouche (uma experiência intensa e levemente insegura, qualquer dia eu conto) e outra na Consolação. eu amava! principalmente o segundo porque era perto de tudo o que me fazia feliz: o cinema Itaú e o café Urbe. ou seja, não é a primeira vez que me faço companhia. ainda mais sendo “filha única” (tenho uma irmã por parte de pai) e tendo passado toda uma infância e adolescência construindo essa relação “eu, eu mesma e Ynara” nas tardes tediosas pós-escola-sem-internet-anos-00.
mas atualmente a presença do Lucas tinha despertado em mim um relaxamento. me sinto segura com ele. sinto que posso andar olhando pra cima para apreciar o vento nas copas das árvores porque ele está de mãos dadas comigo e não vai me deixar tropeçar.
foi exatamente por isso que eu escolhi ficar sozinha esses dias. eu precisava sentir se ainda confiava em mim.
autoamor
que papo chato se tornou esse do autoamor! um conto de fadas onde quem se salva é a princesa, ou melhor, a guerreira e ela se aceita, se abraça e não precisa que ninguém a ame porque ela se ama e se completa. como diria a filósofa Emily Gilmore:
autoamor não é a jornada do herói. não é algo que você conquista e ganha um certificado para pregar na parede. e mais: não é um atestado de vida solitária onde você dá conta de si e não precisa de ninguém. inclusive, esse pensamento pode ser uma grande armadilha e atestado de sobrecarga.
autoamor é relacionar-se consigo mesma. e relacionamento é construção e escolha diária. é também respeitar as fases, os momentos de chatice, as crises, as necessidades de afeto ou de espaço, os defeitos. escutar-se, observar-se, acolher-se. e o que todo mundo esquece: passar tempo consigo.
a gente não confia em quem não conhece. se hoje você não acredita que consegue cuidar de si, não é se levando pra dar uma volta ou comprando produtinhos de skincare que isso vai mudar. é preciso mergulhar mais fundo.
eu percebi que ainda confio em mim e amo minha companhia. e é justamente por isso que consegui abrir espaços na minha vida para confiar no Lucas. eu reconheci nele o respeito por mim que eu mesma cultivo.
amar-se não é precisar somente de si, mas estar tão bem consigo a ponto de sentir prazer em dividir seu universo com o outro.
eu me sinto mais leve por saber que tenho pessoas nesse mundo que se importam comigo, me ouvem, me ajudam. você não é menos independente porque pede ajuda. você não se ama menos porque deseja ter alguém pra se relacionar. você só é humana! e detalhe: quando a gente descobre algo muito massa, a gente quer muito dividir com quem a gente ama, certo?! imagina se esse algo muito massa for você? porque privar as pessoas?
descobertas
montei um prato de frios só pra mim e de repente senti minha criança interna rindo e comecei a rir junto. eu sempre amei frios. quando recebíamos visita, meus pais me faziam um pratinho para eu comer a minha parte antes das pessoas chegarem para os adultos terem paz. não adiantava: eu me sentava na mesinha de centro onde a tábua de frios estava posta e mandava ver! o povo falava e bebia e eu comia hahaha meus pais morriam de vergonha! ontem, enquanto eu comia meu prato sozinha, senti que a pequena tava se divertindo horrores!
o livro da Marina Abramovic, Pelas Paredes, foi um divisor de águas na minha vida. eu li faz anos e até hoje quando sinto medo ou duvido da minha capacidade, me lembro dele e falo comigo mesma: “você dá conta! esse ainda não é o seu limite! dá pra ir mais!”. dito isso: aprendi a pilotar a scooter do Lu e me levei passear duas vezes - a 20km/h e no cantinho da pista para os carros poderem ultrapassar. fiquei tão orgulhosa de mim!!!
filmes que assisti:
A Favorita (netflix) - uma das coisas que mais me entusiasma é assistir bons atores. meu Deus, a Olivia Colman nesse filme é uma obra-prima. inclusive, ela ganhou o Oscar. o filme é intenso, estranho e maravilhoso. do mesmo diretor de Pobres Criaturas que tá nos cinemas e causando um burburinho.
Nyad (netflix) - a história real de uma nadadora estadunidense que nadou de Cuba até a Flórida aos 62 anos. é muito bom! bem “jornada do herói americana”, mas protagonizada por uma mulher lésbica de mais de 60 anos. e as atrizes Annette Bening e Jodie Foster estão impecáveis e indicadas ao Oscar deste ano. o que mais amei é que a Nyad é bem chata e isso é mostrado sem “maquiagem” no filme, sabe? mas é uma chatice massa! adoraria ser amiga dela!
Priscilla (stremio) - a história da Priscilla Presley escrita e dirigida pela deusa dos filmes femininos-tediosos, Sofia Coppola (eu amo). o trabalho dos atores Cailee Spaeny e Jacob Elordi está divino. sobre a história: que ódio do Elvis. que relação complicada. que tudo muito errado! recomendo que assistam o filme dele primeiro e esse depois pra não estragar a experiência do belíssimo longa dirigido por Baz Luhrmann e muito bem protagonizado por Austin Butler.
Saltburn (prime video) - intenso, estranhíssimo, envolvente, intrigante, nojento, sensual e mais uma chuva de atores maravilhosos! a diretora, Emerald Fennell, satiriza de forma brutal as situações. você ri (se ri, porque eu só sorri no final), de extremo desconforto. eu amei o protagonista (Barry Keoghan - que será o novo Coringa, aliás), Lucas não gostou tanto (esse assistimos antes dele viajar, mas senti de recomendar já que estamos aqui). a cena finaaaaaaaal me dá vontade de gritaaaaar de tão boa! a cereja do bolo! um fato sobre mim: eu amo um bom vilão!
se você gostou de receber dicas de filmes, te digo que esse foi um spoiler do que teremos em breve nessa newsletter. meus conteúdos associando filmes e personagens aos nossos processos internos sempre foram dos mais repercutidos e como AMO esse assunto, decidi trazer um Clube das Artes pra cá. me ajudem com uma coisinha: vocês iam gostar mais de consumir esse conteúdo por escrito ou em formato de podcast?
antes de me despedir, quero te dizer que uma Vida Desejante começa quando você escolhe se relacionar consigo. pra isso, é preciso entrar de cabeça no seu oceano interno. a Mentoria Lidere Sua Vida é um processo individual e personalizado pra você onde eu te entrego as ferramentas e o material necessário para você enfrentar a oscilação das marés com coragem e ousadia e chegar em terra firme com muito mais confiança, clareza e entusiasmo. funciona como um acelerador de partículas dos seus processos de desenvolvimento pessoal ou profissional. seremos só nós duas por um mês e meio desenhando o plano de ação rumo ao seu desejo. você terá mais detalhes clicando aqui onde também poderá agendar uma reunião gratuita comigo para eu te conhecer e explicar todos os detalhes! tenho apenas 2 vagas disponíveis para início em fevereiro e 1 para início em março. será uma honra te guiar nesse processo!
Amei todas as recomendações!!! Anotado! 🩷
Se me permite, deixo a sugestão do novo livro de Liz Gilberth, Cidade das Garotas. Enquanto lia a sua News ele me veio várias vezes na cabeça.
Ahh, e amei o que escreveu sobre autoamor. Compartilho da mesma opinião, confessando que comecei com me levar para dar uma volta e o skincare. Não foi o suficiente. Rsrsrsrs..
Beijos e abraços apertados!
Parabéns! Adorei conhecer um pouco dessa miscelânea do cotidiano particular. É nas sutilezas que o imaginário poético habita! 💎