O mais tragicômico é que vão condenar nossos desejos pelo sim ou pelo não. Enquanto mulher que escolhe NÃO ter filhos, escuto os mesmos discursos de que sou egoísta, que é burrice, que não penso no futuro e sei lá eu mais o que.
E, além de absurdo, é tão pequeno criticar os desejos dos outros... Me mostra uma infelicidade e uma limitação profunda ser incapaz de olhar para a felicidade alguém como digna, só por ser diferente.
Não só eu fico extremamente feliz em ver as pessoas realizando os próprios sonhos, mas também acho fantástico quando é alguém próximo, porque me dá a possibilidade de ter um vislumbre do que é essa vida. Quase como ter um gostinho, sem precisar viver na pele a totalidade.
Eu que não sonho em construir família, amo passar o dia com famílias queridas em sua vida cotidiana, buscando os filhos na escola e vendo como funciona uma existência completamente diferente da minha, assim como amo acompanhar quem é 100% nômade ou quem escala o Everest, porque hoje sei que são sonhos que pra mim só fazem sentido no papel e através dos outros.
A vida tem muito mais graça quando a gente olha pro lado com curiosidade, sem que as alternativas virem obrigação ou aversão.
Concordo, eu também escolhi não ter filhos, e fico chocada como as pessoas (muito mais mulheres do que homens), se sentem confortáveis criticando minha escolha. Triste triste
Bê, finalmente eu li um comentário que me trouxe luz sobre isso. Eu também escolhi não engravidar, e sei que se um dia o Desejo chegue, avassalador como a Yna falou, eu terei que achar o caminho. Pois eu sei que passará por um entendimento muuuuuuito profundo sobre o tipo de vazio que me assolou para que este Desejo nasça. E entrando em uma camada mais profunda e provavelmente um debate mais longo: a questão de quais formas existem para preencher um Vazio. Bom, voltando ao seu comentário, eu não sou a tia que odeia criança, que não fica feliz com a amiga grávida, que não entende a realização dos outros. Assim como você, eu amo participar desses momentos, e da forma como você expôs, trouxe um "é isso" pra minha mente. Obrigada!
Eu nunca tive vontade de ser mãe, já basta ser mãe dos meus pais desde criança, kkk. Nunca sonhei com isso, nunca achei que fosse algo essencial pra minha vida. Mas o povo pega pesado com quem faz essa escolha. Outro dia mesmo vi um ex-BBB cristão dizendo que quem não tem filho é uma pessoa vazia. Tipo… sério? É difícil ver as pessoas respeitarem a vontade dos outros. E é por isso que tanta mulher acaba desesperada, correndo contra o tempo, se metendo em relacionamento ruim só pra ter filho. Triste demais.
Não tem nada menos feminista do que condenar os desejos legítimos de uma mulher, não é não? Obrigada por este texto! Li tantas besteiras sobre isso nos últimos tempos (um texto super aplaudido por aqui, inclusive) que só me fazem pensar que mais do que odiar mulheres, as pessoas odeiam mães. E pessoas que se dizem progressistas. De quem já realizou esse desejo do lado de cá, siga firme no que te move. O caminho é árduo, mas vale.
nossa, Mariana! sim!!! infelizmente, é o que me parece e acho completamente destrutivo isso. muito grata pelo seu comentário e por trazer sua visão aqui❤️🔥
Yna, sendo uma mulher que não quer ter filhos (ou pelo menos que não quer engravidar), seu texto me fez perceber que o problema não é o desejo, o problema é o desejo feminino.
Em "Sintomas", a Marcela Ceribelli fala sobre como o mito da mulher neoliberada (aquela que deve não precisar do amor romântico, que deve focar em todas as outras áreas da vida) é só mais uma forma de controlar o desejo feminino. Se antes as mulheres só podiam desejar o amor romântico, agora a regra é que elas não podem mais, afinal, caso desejem, serão as carentes, as que não tem amor próprio.
Isso anda lado a lado com o que você falou sobre gente que diz que mulher que quer casar e ter filhos está colaborando com o conservadorismo.
Me pergunto se essas pessoas percebem o salto de raciocínio que precisam fazer quando ignoram que entre um extremo e outro existe o meio.
Uma mulher pode ser feminista e querer ter filhos porque o feminismo não é sobre o fim da natalidade, onde está escrito isso? Uma mulher pode ser feminista e querer se casar e amar um homem porque o feminismo não é sobre não amar e não estar em relacionamentos com homens. Nós podemos questionar as estruturas e podemos reestrutura-las estando dentro delas.
Como feminista e mãe de uma criança de 5 anos, minha opinião é: ter filhos é ótimo, mas ter filhos na sociedade que a gente vive é uma merda! Amo meu filho, nosso mundo aqui dentro é perfeito. Mas lá fora a maternidade te faz encarar um sistema bizarro de expectativa e exclusão. Tanto do patriarcado quanto do feminismo. Precisamos incluir a maternidade no feminismo, porque pra mim era muito mais fácil ser feminista antes de ser mãe. Agora, quem eu sou? Uma traidora? Uma conformada? Nao é mole nao, viu.
eu imagino, Isabela! eu ainda não sou mãe e sinto muita falta de conteúdos e debates que não tenham esse tom de condenação, imagino pra quem está do lado de dentro dessa vivência. aqui no Substack tem um trabalho lindo das mulheres da Comadreria, você conhece? se ainda não, talvez encontre um espaço mais seguro ali❤️🔥
Lendo esse texto grávida aos 29, idade considerada avançada para as gerações antigas, mas vista como jovem demais para a minha geração/local de moradia/classe social. Foi uma gravidez desejada, ansiada, planejada por mim e meu companheiro e julgada por familiares/amigos porque ainda não tenho casa própria, nunca viajei pela Europa, não terminei mestrado, não temos a renda vista como ideal para começar uma família. Penso que isso tudo é surreal, porque nossa renda é o suficiente para viver com muita dignidade, e muito maior que a da maioria esmagadora dos brasileiros. Não foi uma decisão mal pensada ou irresponsável, mas lendo seu texto penso como nossos desejos muitas vezes são afogados pelos desejos de consumo produzidos pelo capitalismo. Gestar e maternar deveriam ser escolhas. Ninguém deveria ser forçada a fazê-los. Mas ninguém deveria ser também impedida por falta de acesso a direitos básicos (educação, saúde, segurança, renda) ou porque o ideal de família atual não comporta apenas o comercial de margarina, mas também a casa dos sonhos da influencer, o cursinho de inglês e as roupinhas da carter’s
primeiro, parabéns pela coragem e honestidade de viver o seu Desejo, Nathalia. cansativo demais isso de nunca ser suficiente. eu agradeço demais seu comentário porque ele trouxe uma camada muito importante pra essa roda de partilha.
Nathalia, se serve de consolo, minha melhor fase profissional veio depois dos filhos (engravidei aos 33 anos). Você ainda vai conquistar muita coisa. Que bom que você não cedeu às opiniões alheias e seguiu firme atrás do seu desejo de ser mãe. Realmente hoje o mundo é movido às aparências e as comparações com o que a gente vê nas redes sociais só nos deixam mais distantes dos nossos desejos mais íntimos.
E se me dá licença, a feminista que diz q mulher inteligente não deveria ter filhos, tá militando errado. A que diz q nunca deveríamos nos casar, tá militando errado.
De acordo com o feminismo radical eu não poderia existir. Uma mulher feminista. segura de si que DESEJOU casar e que luta pelo casamento todos os dias(junto com o melhor parceiro desse mundo), há 15 anos. A mulher feminista que DESEJOU engravidar, que teve 3 filhos e que abandonou (por tempo indeterminado ) a carreira pra se dedicar a eles. Ser feminista é ter a total liberdade de escolher o próprio desejo. E se o feminismo te julgar por isso, então não pode ser feminismo.
Toda mulher deve ser livre para tomar suas próprias decisões a respeito de si mesma, seu corpo e o desejo (ou inexistência dele) de gestar e parir. Chega a ser hipocrisia que o mesmo grupo que luta por termos direitos iguais aos dos homens, se veja no direito de agir como um fiscal da maternidade, dizendo quem pode ou não procriar…
No começo do texto estava apreensiva achando que seria mais um daqueles que crucificam mulheres que sonham/desejam se casar e ter filhos. Ainda bem que continuei lendo! Em uma sociedade que metade te obriga a seguir esse caminho e te julga, e a outra quer te obrigar a não seguir esse caminho e te julga também, nos resta apenas sermos conhecedoras de nossos próprios desejos. Ninguém calça nossos sapatos, ninguém realiza nossos sonhos e ninguém vive nossa vida além de nós mesmas. O mundo adora odiar mulheres, e parece que qualquer que sejam nossas escolhas, elas serão julgadas. Tenho um relato pessoal sobre isso. Eu era uma pessoa extremamente infeliz com a vida, mesmo estando em um relacionamento e tendo um emprego, na área que eu estudei e me especializei. Me sentia obrigada a continuar naquela vida, obrigada em pensar em carreira e em como eu poderia fazer ainda mais cursos, para ser uma profissional melhor, para ter melhores oportunidades. Meu relacionamento faltava alguma coisa. Eu o amava, sabia que ele me amava, mas me sentia errada e deslocada vivendo daquela forma. Até que tive um burnout e me afastei do serviço. Fui pra outra área que nunca imaginei, trabalhar de casa, com um horário bem flexível. Um ano depois de casei, e percebi que era isso que faltava no meu relacionamento para eu me sentir pertencente àquilo. Meu desconforto era com a falta de compromisso sério e entrega total que (minha opinião) só se vive em um casamento (claro, quando as duas partes entendem realmente e estão dispostos a se envolverem nesse nível de entrega). Mas ainda sentia que faltava alguma coisa. Tinha crises de ansiedade e de pânico constantes, mesmo fazendo terapia, até que decidimos ter filhos e eu engravidei. Me sinto inteira, me sinto bem e bonita como nunca me senti antes. Minha visão sobre mim e sobre meu corpo mudaram completamente. Antes eu me sentia vazia, como uma casca oca. Odiava meu corpo, odiava minha aparência, odiava que eu era e odiava não conseguir mudar. Hoje eu me sinto bem em viver nesse corpo, me sinto bem em ser apenas eu. Me redescobri como mulher e como pessoa, e acho muito injusto alguém, muito mais outra mulher, me dizer que isso é errado. Nunca me senti tão certa na vida sobre algo. Se uma mulher se sente feliz e realizada dessa forma tendo um emprego e uma carreira, eu lhe diria pra nunca abandonar isso por casamento e filhos só por pressão externa. Mas se esse for o desejo de seu coração, eu lhe diria que vale a pena cada segundo. Porque o feminismo deveria ser um movimento que protege e apoia os desejos das mulheres, independente do que seja. Deveria ser uma escolha, não uma imposição.
Gi, muito grata por contribuir com seu relado aqui ❤️🔥 Fiquei bem feliz em saber que você encontrou seu caminho, na existe nada mais valioso que isso nessa vida!
Este texto falou tanto, mas tanto comigo! Como mulher feminista, também sofri muito pra assumir, finalmente, o meu Desejo - pessoal e intransferível - de ser mãe! Escrevo isto agora, do alto do meu barrigão de 8 meses. Muito obrigada por compartilhar (e boa sorte na realização dos teus Desejos ❤️).
Como uma mulher que já teve o desejo de casar, esteve nesse território por 12 anos e hoje tem experimentado os novos territórios que a alma tem convidado a estar, compartilho demais do "defender o desejo por si só".
Se o desejo nos faz sentir que essa é a vida que queremos viver, porque nos fixar tanto ao formato, fico pensando? Se é a forma que nos abraça, nos brilha os olhos e acende o coração, porque não?
Que você seja muito feliz. Se desejamos ser livres, devemos querer que os outros também sejam livres, totalmente livres para escolher o que quiserem. A Liberdade é o que mais prezo na minha vida e é o que desejo para todas as mulheres, que sejam livres para casar, para serem solteiras, para serem mães ou para não terem filhos. Somos todas diferentes e devemo-nos respeitar nas nossas diferenças e indiossincrasias. Que você tenha sempre liberdade para escolher ser feliz!!
Sabe o que seria maravilhoso? Poder, momentaneamente, trocar de vida com outra pessoa e experimentar “fazer uma trilha calçando o sapato do outro”.
De tudo que já vivi nessa vida cheia de volta, se tem uma coisa que nos arranca o ego e quase nos incapacita pro egoísmo é a tal maternidade. Não entendo esse feminismo cheio de dedos apontados, julgamento e de “isso pode” e “isso não pode”.
Sempre maravilhoso te ler, te assistir lançar suas flechas e ser lembrada de celebrar e proteger o Desejo. Obrigada por apontar o caminho da Comadreria. Várias mulheres chegando por lá desde segunda.
Obrigada por esse texto, Yna! Tão tão importante nos dias de hoje (e sempre) onde os desejos e decisões femininas são sempre julgados. É engraçado que, depois de virar mãe, eu acho esse um ato contrário ao egoísmo. A gente se doa tanto, é uma demanda tão grande, é um constante se colocar em segundo lugar na vida (e não tô falando aqui de um jeito ruim) que a palavra pra descrever a maternidade que me vem é coragem, e não egoísmo. Há de se ter muita coragem para decidir ser mãe. E que jeito melhor de mudar o patriarcado se não ensinando nossas crianças sobre o feminismo?
E, como muitas disseram aqui, a escolha de não ter filhos também será sempre julgada. E após ter filhos, você continuará sendo julgada e ai de você reclamar pois "não era isso que você queria?".
Um dia listei ao meu marido as tantas perguntas que já me fizeram após eu me tornar mãe, do simples "onde tá sua filha?" se eu saio na rua sozinha ou até sobre o tipo de educação que nós (eu e o pai dela) damos a ela. A resposta você já deve imaginar: ele nunca tinha ouvido as perguntas que listei após virar pai. Apenas elogios.
Quando mulheres resolvem atacar o desejo de outras mulheres, é que eu entendo o quanto o feminismo ainda tem muito a evoluir. Seguimos, juntas!
As pessoas tem uma visão muito errada de que o feminismo é sobre impedir as mulheres de se casarem e terem filhos, quando na verdade a ideia é todas terem a liberdade de poder escolher como querem viver, seja assim ou de outra maneira. Fico feliz que saiba qual seu desejo e esteja se apropriando dele 🫶🏼
Eu fui mãe aos 21 anos, em 2005, numa época em que ser mãe solteira jovem era coisa de piranha. Não cheguei a pensar sobre desejo de ser mãe, pq foi isso...mas o que posso dizer é que ser mãe sem querer, sem ter dinheiro e sem ter apoio do pai é muito foda. Depois tive outro filho, desejado, em outra circunstância e foi maravilhoso. Tudo isso pra dizer que ter filho sem desejar é uma merda...
é foda mesmo, Paula. eu acredito que fazer qualquer coisa sem desejar se torna uma prisão. eu sinto muito pelo que você viveu e fico feliz em saber que teve outra experiência mais agradável.
O mais tragicômico é que vão condenar nossos desejos pelo sim ou pelo não. Enquanto mulher que escolhe NÃO ter filhos, escuto os mesmos discursos de que sou egoísta, que é burrice, que não penso no futuro e sei lá eu mais o que.
E, além de absurdo, é tão pequeno criticar os desejos dos outros... Me mostra uma infelicidade e uma limitação profunda ser incapaz de olhar para a felicidade alguém como digna, só por ser diferente.
Não só eu fico extremamente feliz em ver as pessoas realizando os próprios sonhos, mas também acho fantástico quando é alguém próximo, porque me dá a possibilidade de ter um vislumbre do que é essa vida. Quase como ter um gostinho, sem precisar viver na pele a totalidade.
Eu que não sonho em construir família, amo passar o dia com famílias queridas em sua vida cotidiana, buscando os filhos na escola e vendo como funciona uma existência completamente diferente da minha, assim como amo acompanhar quem é 100% nômade ou quem escala o Everest, porque hoje sei que são sonhos que pra mim só fazem sentido no papel e através dos outros.
A vida tem muito mais graça quando a gente olha pro lado com curiosidade, sem que as alternativas virem obrigação ou aversão.
Concordo, eu também escolhi não ter filhos, e fico chocada como as pessoas (muito mais mulheres do que homens), se sentem confortáveis criticando minha escolha. Triste triste
Bê, finalmente eu li um comentário que me trouxe luz sobre isso. Eu também escolhi não engravidar, e sei que se um dia o Desejo chegue, avassalador como a Yna falou, eu terei que achar o caminho. Pois eu sei que passará por um entendimento muuuuuuito profundo sobre o tipo de vazio que me assolou para que este Desejo nasça. E entrando em uma camada mais profunda e provavelmente um debate mais longo: a questão de quais formas existem para preencher um Vazio. Bom, voltando ao seu comentário, eu não sou a tia que odeia criança, que não fica feliz com a amiga grávida, que não entende a realização dos outros. Assim como você, eu amo participar desses momentos, e da forma como você expôs, trouxe um "é isso" pra minha mente. Obrigada!
🥹 e que honra em ser uma dessas “famílias. E que orgulho em ser uma dessas amigas 💘
UAU, Be ❤️🔥 que alegria ler seu comentário! essa frase final foi impecável!
Eu nunca tive vontade de ser mãe, já basta ser mãe dos meus pais desde criança, kkk. Nunca sonhei com isso, nunca achei que fosse algo essencial pra minha vida. Mas o povo pega pesado com quem faz essa escolha. Outro dia mesmo vi um ex-BBB cristão dizendo que quem não tem filho é uma pessoa vazia. Tipo… sério? É difícil ver as pessoas respeitarem a vontade dos outros. E é por isso que tanta mulher acaba desesperada, correndo contra o tempo, se metendo em relacionamento ruim só pra ter filho. Triste demais.
Não tem nada menos feminista do que condenar os desejos legítimos de uma mulher, não é não? Obrigada por este texto! Li tantas besteiras sobre isso nos últimos tempos (um texto super aplaudido por aqui, inclusive) que só me fazem pensar que mais do que odiar mulheres, as pessoas odeiam mães. E pessoas que se dizem progressistas. De quem já realizou esse desejo do lado de cá, siga firme no que te move. O caminho é árduo, mas vale.
nossa, Mariana! sim!!! infelizmente, é o que me parece e acho completamente destrutivo isso. muito grata pelo seu comentário e por trazer sua visão aqui❤️🔥
Yna, sendo uma mulher que não quer ter filhos (ou pelo menos que não quer engravidar), seu texto me fez perceber que o problema não é o desejo, o problema é o desejo feminino.
Em "Sintomas", a Marcela Ceribelli fala sobre como o mito da mulher neoliberada (aquela que deve não precisar do amor romântico, que deve focar em todas as outras áreas da vida) é só mais uma forma de controlar o desejo feminino. Se antes as mulheres só podiam desejar o amor romântico, agora a regra é que elas não podem mais, afinal, caso desejem, serão as carentes, as que não tem amor próprio.
Isso anda lado a lado com o que você falou sobre gente que diz que mulher que quer casar e ter filhos está colaborando com o conservadorismo.
Me pergunto se essas pessoas percebem o salto de raciocínio que precisam fazer quando ignoram que entre um extremo e outro existe o meio.
Uma mulher pode ser feminista e querer ter filhos porque o feminismo não é sobre o fim da natalidade, onde está escrito isso? Uma mulher pode ser feminista e querer se casar e amar um homem porque o feminismo não é sobre não amar e não estar em relacionamentos com homens. Nós podemos questionar as estruturas e podemos reestrutura-las estando dentro delas.
Enfim, texto excelente!!
maravilhoso seu comentário, Giovana! fiquei querendo ler o livro da Marcela agora. muito grata!❤️🔥
Como feminista e mãe de uma criança de 5 anos, minha opinião é: ter filhos é ótimo, mas ter filhos na sociedade que a gente vive é uma merda! Amo meu filho, nosso mundo aqui dentro é perfeito. Mas lá fora a maternidade te faz encarar um sistema bizarro de expectativa e exclusão. Tanto do patriarcado quanto do feminismo. Precisamos incluir a maternidade no feminismo, porque pra mim era muito mais fácil ser feminista antes de ser mãe. Agora, quem eu sou? Uma traidora? Uma conformada? Nao é mole nao, viu.
eu imagino, Isabela! eu ainda não sou mãe e sinto muita falta de conteúdos e debates que não tenham esse tom de condenação, imagino pra quem está do lado de dentro dessa vivência. aqui no Substack tem um trabalho lindo das mulheres da Comadreria, você conhece? se ainda não, talvez encontre um espaço mais seguro ali❤️🔥
Lendo esse texto grávida aos 29, idade considerada avançada para as gerações antigas, mas vista como jovem demais para a minha geração/local de moradia/classe social. Foi uma gravidez desejada, ansiada, planejada por mim e meu companheiro e julgada por familiares/amigos porque ainda não tenho casa própria, nunca viajei pela Europa, não terminei mestrado, não temos a renda vista como ideal para começar uma família. Penso que isso tudo é surreal, porque nossa renda é o suficiente para viver com muita dignidade, e muito maior que a da maioria esmagadora dos brasileiros. Não foi uma decisão mal pensada ou irresponsável, mas lendo seu texto penso como nossos desejos muitas vezes são afogados pelos desejos de consumo produzidos pelo capitalismo. Gestar e maternar deveriam ser escolhas. Ninguém deveria ser forçada a fazê-los. Mas ninguém deveria ser também impedida por falta de acesso a direitos básicos (educação, saúde, segurança, renda) ou porque o ideal de família atual não comporta apenas o comercial de margarina, mas também a casa dos sonhos da influencer, o cursinho de inglês e as roupinhas da carter’s
primeiro, parabéns pela coragem e honestidade de viver o seu Desejo, Nathalia. cansativo demais isso de nunca ser suficiente. eu agradeço demais seu comentário porque ele trouxe uma camada muito importante pra essa roda de partilha.
Nathalia, se serve de consolo, minha melhor fase profissional veio depois dos filhos (engravidei aos 33 anos). Você ainda vai conquistar muita coisa. Que bom que você não cedeu às opiniões alheias e seguiu firme atrás do seu desejo de ser mãe. Realmente hoje o mundo é movido às aparências e as comparações com o que a gente vê nas redes sociais só nos deixam mais distantes dos nossos desejos mais íntimos.
Vá com fé! A maternidade é um indicador da taxa de esperança. Assim a vida é melhor.
Prazer, colega feminista! Vamos juntas.
E se me dá licença, a feminista que diz q mulher inteligente não deveria ter filhos, tá militando errado. A que diz q nunca deveríamos nos casar, tá militando errado.
De acordo com o feminismo radical eu não poderia existir. Uma mulher feminista. segura de si que DESEJOU casar e que luta pelo casamento todos os dias(junto com o melhor parceiro desse mundo), há 15 anos. A mulher feminista que DESEJOU engravidar, que teve 3 filhos e que abandonou (por tempo indeterminado ) a carreira pra se dedicar a eles. Ser feminista é ter a total liberdade de escolher o próprio desejo. E se o feminismo te julgar por isso, então não pode ser feminismo.
que abraço, Mariana! estamos juntas!❤️🔥
Que lindo esse seu comentário Mariana
Toda mulher deve ser livre para tomar suas próprias decisões a respeito de si mesma, seu corpo e o desejo (ou inexistência dele) de gestar e parir. Chega a ser hipocrisia que o mesmo grupo que luta por termos direitos iguais aos dos homens, se veja no direito de agir como um fiscal da maternidade, dizendo quem pode ou não procriar…
SIM! hipocrisia é mesmo a palavra! grata por trazer sua visão, Giuliana❤️🔥
No começo do texto estava apreensiva achando que seria mais um daqueles que crucificam mulheres que sonham/desejam se casar e ter filhos. Ainda bem que continuei lendo! Em uma sociedade que metade te obriga a seguir esse caminho e te julga, e a outra quer te obrigar a não seguir esse caminho e te julga também, nos resta apenas sermos conhecedoras de nossos próprios desejos. Ninguém calça nossos sapatos, ninguém realiza nossos sonhos e ninguém vive nossa vida além de nós mesmas. O mundo adora odiar mulheres, e parece que qualquer que sejam nossas escolhas, elas serão julgadas. Tenho um relato pessoal sobre isso. Eu era uma pessoa extremamente infeliz com a vida, mesmo estando em um relacionamento e tendo um emprego, na área que eu estudei e me especializei. Me sentia obrigada a continuar naquela vida, obrigada em pensar em carreira e em como eu poderia fazer ainda mais cursos, para ser uma profissional melhor, para ter melhores oportunidades. Meu relacionamento faltava alguma coisa. Eu o amava, sabia que ele me amava, mas me sentia errada e deslocada vivendo daquela forma. Até que tive um burnout e me afastei do serviço. Fui pra outra área que nunca imaginei, trabalhar de casa, com um horário bem flexível. Um ano depois de casei, e percebi que era isso que faltava no meu relacionamento para eu me sentir pertencente àquilo. Meu desconforto era com a falta de compromisso sério e entrega total que (minha opinião) só se vive em um casamento (claro, quando as duas partes entendem realmente e estão dispostos a se envolverem nesse nível de entrega). Mas ainda sentia que faltava alguma coisa. Tinha crises de ansiedade e de pânico constantes, mesmo fazendo terapia, até que decidimos ter filhos e eu engravidei. Me sinto inteira, me sinto bem e bonita como nunca me senti antes. Minha visão sobre mim e sobre meu corpo mudaram completamente. Antes eu me sentia vazia, como uma casca oca. Odiava meu corpo, odiava minha aparência, odiava que eu era e odiava não conseguir mudar. Hoje eu me sinto bem em viver nesse corpo, me sinto bem em ser apenas eu. Me redescobri como mulher e como pessoa, e acho muito injusto alguém, muito mais outra mulher, me dizer que isso é errado. Nunca me senti tão certa na vida sobre algo. Se uma mulher se sente feliz e realizada dessa forma tendo um emprego e uma carreira, eu lhe diria pra nunca abandonar isso por casamento e filhos só por pressão externa. Mas se esse for o desejo de seu coração, eu lhe diria que vale a pena cada segundo. Porque o feminismo deveria ser um movimento que protege e apoia os desejos das mulheres, independente do que seja. Deveria ser uma escolha, não uma imposição.
Gi, muito grata por contribuir com seu relado aqui ❤️🔥 Fiquei bem feliz em saber que você encontrou seu caminho, na existe nada mais valioso que isso nessa vida!
Este texto falou tanto, mas tanto comigo! Como mulher feminista, também sofri muito pra assumir, finalmente, o meu Desejo - pessoal e intransferível - de ser mãe! Escrevo isto agora, do alto do meu barrigão de 8 meses. Muito obrigada por compartilhar (e boa sorte na realização dos teus Desejos ❤️).
ahhhhh maravilhosa!!! que alegria eu senti quando li seu comentário. te celebro!
Como uma mulher que já teve o desejo de casar, esteve nesse território por 12 anos e hoje tem experimentado os novos territórios que a alma tem convidado a estar, compartilho demais do "defender o desejo por si só".
Se o desejo nos faz sentir que essa é a vida que queremos viver, porque nos fixar tanto ao formato, fico pensando? Se é a forma que nos abraça, nos brilha os olhos e acende o coração, porque não?
Quanta força nas tuas palavras Yna! ❤️
lindo, Paty!❤️🔥 muito grata!!!
estar aqui para defender o Desejo por si só é o ato mais feminista que pode existir 🫂
maravilhosa! e estamos juntas nesse trabalho!
Que você seja muito feliz. Se desejamos ser livres, devemos querer que os outros também sejam livres, totalmente livres para escolher o que quiserem. A Liberdade é o que mais prezo na minha vida e é o que desejo para todas as mulheres, que sejam livres para casar, para serem solteiras, para serem mães ou para não terem filhos. Somos todas diferentes e devemo-nos respeitar nas nossas diferenças e indiossincrasias. Que você tenha sempre liberdade para escolher ser feliz!!
é isso, Ana!!! é o que também desejo pra você e para todas nós, sempre❤️🔥
Sabe o que seria maravilhoso? Poder, momentaneamente, trocar de vida com outra pessoa e experimentar “fazer uma trilha calçando o sapato do outro”.
De tudo que já vivi nessa vida cheia de volta, se tem uma coisa que nos arranca o ego e quase nos incapacita pro egoísmo é a tal maternidade. Não entendo esse feminismo cheio de dedos apontados, julgamento e de “isso pode” e “isso não pode”.
Sempre maravilhoso te ler, te assistir lançar suas flechas e ser lembrada de celebrar e proteger o Desejo. Obrigada por apontar o caminho da Comadreria. Várias mulheres chegando por lá desde segunda.
Um abraço forte em você!
V.
grata você que me inspira nessa jornada, V! pensei muito em você na feitura desse texto!❤️🔥
Obrigada por esse texto, Yna! Tão tão importante nos dias de hoje (e sempre) onde os desejos e decisões femininas são sempre julgados. É engraçado que, depois de virar mãe, eu acho esse um ato contrário ao egoísmo. A gente se doa tanto, é uma demanda tão grande, é um constante se colocar em segundo lugar na vida (e não tô falando aqui de um jeito ruim) que a palavra pra descrever a maternidade que me vem é coragem, e não egoísmo. Há de se ter muita coragem para decidir ser mãe. E que jeito melhor de mudar o patriarcado se não ensinando nossas crianças sobre o feminismo?
E, como muitas disseram aqui, a escolha de não ter filhos também será sempre julgada. E após ter filhos, você continuará sendo julgada e ai de você reclamar pois "não era isso que você queria?".
Um dia listei ao meu marido as tantas perguntas que já me fizeram após eu me tornar mãe, do simples "onde tá sua filha?" se eu saio na rua sozinha ou até sobre o tipo de educação que nós (eu e o pai dela) damos a ela. A resposta você já deve imaginar: ele nunca tinha ouvido as perguntas que listei após virar pai. Apenas elogios.
Quando mulheres resolvem atacar o desejo de outras mulheres, é que eu entendo o quanto o feminismo ainda tem muito a evoluir. Seguimos, juntas!
Nike❤️🔥 que alegria ler seu comentário aqui, comadre! concordo muito que ensinar nossas crianças é o maior legado que podemos deixar.
As pessoas tem uma visão muito errada de que o feminismo é sobre impedir as mulheres de se casarem e terem filhos, quando na verdade a ideia é todas terem a liberdade de poder escolher como querem viver, seja assim ou de outra maneira. Fico feliz que saiba qual seu desejo e esteja se apropriando dele 🫶🏼
concordo, Isadora! tô com você! muito grata❤️🔥
Eu fui mãe aos 21 anos, em 2005, numa época em que ser mãe solteira jovem era coisa de piranha. Não cheguei a pensar sobre desejo de ser mãe, pq foi isso...mas o que posso dizer é que ser mãe sem querer, sem ter dinheiro e sem ter apoio do pai é muito foda. Depois tive outro filho, desejado, em outra circunstância e foi maravilhoso. Tudo isso pra dizer que ter filho sem desejar é uma merda...
é foda mesmo, Paula. eu acredito que fazer qualquer coisa sem desejar se torna uma prisão. eu sinto muito pelo que você viveu e fico feliz em saber que teve outra experiência mais agradável.