meu Deus, como eu sou sem graça!
o segredo do sucesso é "ser você mesma", mas se "eu mesma" não for lá grandes coisas?
“como ele conseguiu 1 milhão de inscritos em apenas um ano? sendo ele mesmo e explorando um ponto de vista que ninguém explorou!”
diz o youtuber bem empolgado enquanto explica o que fez um outro youtuber crescer tão rápido. ouço isso e a seguinte frase vem à minha mente: será que eu não estou sendo eu mesma ou será que eu simplesmente não sou interessante?
passo um tempo pensando no que escrevo, falo, gravo. penso no meu guarda-roupa, nos filmes que vejo, nos lugares que amo, na minha rotina. e a conclusão vem rapidamente: eu não tenho nada de mais.
que merda! por anos eu acreditei que tinha algo especial em mim. mas especial nível fora do comum mesmo, sabe? eu acreditei que eu seria um fenômeno como atriz, a próxima Anna Karina (atriz dinamarquesa que brilhava nos filmes do Godard — pois é, eu queria ser atriz de filme francês) e não fui. depois eu acreditei que seria a próxima Rupi Kaur se postasse minhas poesias no instagram. não fui. achei então que seria a próxima Jout Jout com meu canal no youtube. estou bem longe disso.
“seja você mesma”. tento de todas as formas espremer a minha essência em tudo o que faço. tento ser eu mesma em cada coisa que sai de mim. faço terapia, mapa astral e tiro tarot pra ter certeza de que cada coisa está carimbada com o selo: “um autêntico Ynara Marson”. e mesmo assim, não me destaco. então penso: talvez o problema não esteja no que eu estou fazendo. talvez eu só tenha que aceitar que sou uma pessoa comum.
tudo em mim se rebela enquanto penso isso.
que necessidade é essa de ser tão diferente? eu não tenho essa resposta agora, mas tenho outra pergunta:
se eu estou sempre buscando ser a próxima, será que eu sei ser eu ou o meu medo de ser comum é tão grande que eu tento replicar quem “chegou lá” na tentativa de garantir um sucesso (que nunca chega)?
a Ynara já conquistou umas coisas bem legais, sabe? essa newsletter é uma delas. guiar uma vivência de Liderança Feminina na Amazônia é outra. ser “casada” com um cara que todos os dias quando o vejo, penso: “meu Deus, como eu amo esse homem!” é outra. a Ynara tem uma vida bem tranquila. nunca faltou nada e sempre sobrou amor. já realizou alguns dos seus maiores sonhos e está se preparando para viver o maior de todos eles.
eu tenho uma dificuldade grande em olhar pra ela e enxergar tudo isso, sabe? porque alguma coisa aqui dentro deseja mais. sempre mais. me lembrei do episódio 2 dessa nova temporada de Black Mirror. não darei spoilers, mas essa criatura aqui embaixo é a Verity. eu tive uma vontade absurda de vê-la implodir de tanta raiva que senti, para depois ver essa partezinha cronicamente insatisfeita de mim se reconhecendo ali.
esse negócio de ser você mesmo não é nada fácil. é um processo entender, aceitar e expressar quem se é. e nesse caminho a gente dá com a cara na parede algumas vezes porque acha que se encontrou, mas depois percebe que está tentando deixar o que viu mais apresentável aos olhos da sociedade.
o tal youtuber do 1 milhão não é só ele mesmo. ele é estratégico também. as capas de seus vídeos são chamativas, polêmicas e geram curiosidade. ele decidiu visitar lugares onde ninguém quer ir, mas todo mundo tem curiosidade em saber como é. a gente fica do conforto da nossa casa vendo ele se embrenhar em aventuras insalubres. o ser humano é atraído por coisa ruim, né? você sabe…
será que o sucesso é realmente do “seja você mesmo” ou de quem sabe jogar o jogo? ou uma mistura das duas coisas? e o que é sucesso, né? 1 milhão de inscritos? de reais? de views? é isso que define?
será que minha vida é mesmo desinteressante? ou será que eu não estou sendo capaz de enxergar a magnitude dela porque insisto em querer estar em lugares que não são meus ao invés de viver o meu caminho com presença?
talvez eu não devesse contar tudo isso pra você. morro de vergonha desse lado insaciável, sabia? tentei negar isso em mim de todas as formas. brinquei em terapia que é meu Cisne Negro. aliás, o tanto que esse filme me pegou quando assisti diz muita coisa. o Cisne Branco é mais palatável, mais nobre. mas também mais rígido e cruel consigo mesmo. o Cisne Negro é desejante! livre! é o que é. mas sozinho faz estrago. e eu sempre tive medo desse estrago.
eu não quero que você me diga o quanto eu sou interessante aos seus olhos depois dessa leitura. eu não escrevo para receber confete. eu escrevo para te dizer que talvez os seus devaneios também aconteçam aqui. escrevo para que o seu lado insaciável seja visto e não recriminado.
ainda quero fazer um sucessão, viu? quero mesmo! ninguém escolhe ser artista para não ser visto — por mais que seja mais cult negar.
mas eu escolho medir meus passos pelo tamanho das minhas pernas. mesmo que eu vacile vez ou outra assistindo um vídeo no youtube, que eu saiba sempre como voltar dessa espiral neurótica.
porque tem muita vida ainda. e eu desejo aprender a degustar cada pedacinho dela ao invés de devorar com pressa e ansiosa pelo próximo prato.
você também já acreditou nessa voz interna que te diz o quão desinteressante e sem graça você é? vamos compartilhar soluções além do problema! hahaha
eu costumo escrever para tirar de mim o féu e depois me contar minha própria trajetória, dando ênfase para cada coisa conquistada — material ou emocional. por aqui funciona bastante. e por aí? o que você faz quando ela aparece?
convoco todas as artistas, autônomas, empreendedoras
olha, eu sei que o mercado acaba com todas as palavras e serviços de tanto que uma coisa vira “moda” e umas pessoas mal intencionadas resolvem fazer m*rda. eu sei que tem gente vendendo curso online e chamando de mentoria e sei também que tem gente vendendo esquema de pirâmide dessa mesma forma. e eu também fico p*ta e de saco cheio com isso.
mas eu te garanto de alma para alma que meu trabalho é de verdade: eu acompanho individualmente minhas mentoradas durante 5 meses de processo para estruturarmos juntas uma estratégia de comunicação alinhada com seus desejos e valores. além da parte prática, tem também a emocional com as trocas profundas e a escuta ativa.
a Comunicação Desejante entrará em pausa nas inscrições a partir de Junho e restam apenas 2 vagas. não tenho previsão de volta porque tenho alguns outros projetos precisando da minha entrega. então se você sente que precisa de um olhar estratégico e generoso para você e o seu trabalho, o seu lugar é aqui.
será uma grande honra pra mim te dar as mãos nessa construção. e pra que a gente comece com honestidade e olhos nos olhos, eu te convido a tomar um café online comigo. a gente se conhece e eu te conto em detalhes como funciona o processo. vamos?
é só clicar aqui e acessar a página belíssima para agendar.
curadoria da semana
🎧eu estou amando o podcast Simples da Marieli Mallmann
🎬então… eu meio que odeio coisa de zumbi. mas aí eu comecei a assistir The Last Of Us e tô viciada, que ódio! se você tinha o mesmo receio que eu, assista. é uma série muito bonita!
📚a
entrou em uma nova fase na sua newsletter e eu estou simplesmente maravilhada! amando cada edição da Curiosa!
Obrigada por partilhar essa reflexão :) mexeu muito comigo ainda mais vindo de alguém que pra mim é um sucesso hehehe. Eu sinto a mesma coisa. Me pergunto se não foram anos assistindo contos de fadas, personagens principais desinteressantes virando grandes heróis ou filmes com finais felizes que criaram esse desejo em nós. Por mais que esteja tudo indo bem, que a gente esteja feliz nas pequenas coisas e tendo o suficiente pra viver, uma hora bate aquele "por que não eu?", né? Muito doido.
Eu tô começando a semana um pouquinho mais leve só por ver você falar que quer fazer um sucessão. Eu também quero, muito muitão, e me sinto tão errada por querer que nem tiro meus projetos do papel - por medo de falhar e por medo de dar certo.
E vou dizer que eu não só acho como sei que eu tenho, sim, um monte de coisas demais - e outras tantas de menos -, mas me parece que pegar essas coisas e guardar numa caixinha bem trancada num recanto bem perdido dentro da gente parece mais seguro. Pro momento, vou lendo Brené Brown e seguindo esse mapa do tesouro interno, procurando minhas coisas demais e colocando o que vou encontrando no pacotinho da autoestima do homem-branco-hétero-cis.