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Avatar de Cris Moreira

oi Yna! eu passei por algo semelhante entre meus 30 e 34 anos em que eu desejava muito ser mãe, mas não engravidava, meu parceiro tava de boas e eu sentindo o peso da maternidade compulsória. eu não conseguia verbalizar isso corretamente (o início da tentativa de engravidar tem mais de dez anos) e as mulheres ao meu redor não falavam sobre não ter filhos ser uma opção. quando eu finalmente engravidei eu fiquei tão feliz de passar por aquele momento, tão meu, mas não lembro de dividir essa sensação com alguém. depois ela nasceu e, bem. um mundo novo, um eu novo, muita coisa pra descobrir, elaborar e não surtar (surtei). o que eu acho, de fato, é que o mundo parece ter a paciência pra ouvir um ou outro lado de uma mulher - nunca a dúvida, a complexidade, a indecisão. parece que esse caminho do meio ainda não foi aberto pra nós. “eu desejo ser mãe?” eu descobri muito depois que minha filha nasceu que sim, foi o que eu mais desejei. e quando eu olho pra ela sinto o terror e a maravilha de não poder voltar mais atrás, ela será minha pra sempre e eu serei dela pra sempre - o que quer dizer que vou me preocupar quando ela voltar de um rolê só pela manhã ou se ela for hétero. Mas eu nunca mais vou desver a risada dela, a voz de gatinho falando “mamãe”, ela me contando que “nanã” tem duas sílabas. pra quem eu conto isso tudo quando transborda de mim? aliás, pra quem contamos tudo quando transbordam desse nosso corpo de mulher qualquer coisa? pq não só as mães estão plenas, tantas nós transbordam e não sabem o que fazer com esse transbordo. precisamos tanto tanto ouvir um pouco mais as mulheres que nos rodeiam. só mais um pouco. e aí talvez consigamos ver que ali mora um sonho, ou uma desilusão, que ali um rio encheu e inundou as margens.

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Avatar de Verbena Cartaxo

Se eu já te admirava, saiba que agora te admiro ainda mais, Yna. Como é lindo te ver se abrindo dessa forma, falando da solidão de um dos tantos lugares solitários da maternidade. Por aqui, ao acabar te de ler, eu fico com a certeza de que esse novo cafofo que eu estou criando para as mães no Substack há de ser um lugar acolhedor não só para as mães de filhos fora ou dentro da barriga, mas também para as mulheres que maternam o desejo — quem está nesse espaço-entre, as tentantes, desejantes, planejantes, as nas filas de adoção.

Obrigada por falar desse lugar tão íntimo. Que essa edição chegue longe e seja bálsamo para muitas mulheres! ❤️ um forte abraço!

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