eu sinto saudade de não precisar ser a única responsável por mim.
você ainda está frustrada com a vida adulta e a gente precisa acabar com isso.
recentemente eu vi um conteúdo falando sobre a obsessão dos millenials (minha geração) com a própria infância. e eu que sou uma grande curiosa quando o assunto é Boomers x Gen X x Millenials x Gen Z, fui logo tratar de entender melhor esse fenômeno.
antes de continuarmos, que tal ler essa edição no app do substack pra você poder interagir comigo? é só clicar aqui.
pra contextualizar, se você nasceu entre:
1946 - 1964: você é um boomer!
1965 - 1980: você é Gen X!
1981 - 1996: você é millenial!
1997 - 2010: você é Gen Z!
se você é um boomer, talvez você ache que o mundo está muito chato e cheio de mimimi porque você começou a trabalhar aos 8 anos de idade, aos 12 você já fumava e aos 23 sustentava uma casa. se você é Gen X você não tem a mínima paciência para o chororô millenial ou para a petulância da Gen Z, você fala as coisas sem floreios e justamente por isso já fez um millenial chorar no trabalho.
se você é Gen Z (sim, deixemos o melhor por último), você não respeita hierarquia e já percebeu que a promessa de “faça uma faculdade, se forme, arrume um emprego e sua vida está garantida” é falsa. você também já entendeu que o mundo é liderado por quem tem dinheiro e talvez esteja focada apenas em enriquecer a qualquer custo porque é a única forma de se ter dignidade na realidade em que vivemos.
“ahhh mas eu não sou assim!” - estou trabalhando com estereótipos e generalizações aqui porque eu não conheço cada indivíduo que habita o planeta e essas características são percebidas na maioria de cada grupo. não é porque eu não sou uma ariana violenta que meu signo não é bélico, né? para compor Ynara existem vários outros aspectos do mapa astral e da minha criação, mas geralmente arianjas são treteiras, sim. então vamos relaxar e entender o contexto geral da coisa? vamos!
e finalmente chegamos a essa geração tão peculiar, sensível e que ainda fala com orgulho sobre a casa de Harry Potter a que pertence (eu sou Corvinal, aliás). nós, a promessa do milênio! a geração que tinha tudo pra brilhar! a galera da comunicação não-violenta, do excesso de café e do tema dessa edição: a saudade profunda da infância.
primeiro vamos entender isso mercadologicamente e depois vamos falar da gente, tá bem?
Cap 1. - O Mercado
você já reparou que muitas marcas estão fazendo coleções sobre séries dos anos 90/00? é bem fácil hoje em dia você encontrar uma camiseta de Friends, um moletom do Doug Funny ou uma caneca escrito Luke’s, a famosa lanchonete de Gilmore Girls.
talvez você também tenha reparado que esse fenômeno chegou ao cinema: teve remake de Meninas Malvadas, sequência de Sexta-Feira Muito Louca e em breve teremos a sequência de Legalmente Loira (pra citar apenas os que me interesso, porque aparentemente teremos mais Velozes&Furiosos e a segunda parte de Paixão de Cristo).

lendo sobre o assunto, descobri que isso está acontecendo devido a um fenômeno interessante. somos uma geração bastante apegada à própria infância/adolescência. a gente ainda assiste os mesmos filmes, séries, ouve as mesmas músicas, lê os mesmos livros. e aí entra também o detalhe que o mercado ama: nós temos poder de compra.
a geração Z ainda não conquistou sua autonomia financeira, enquanto nós — mesmo que seja aos trancos e barrancos — já conseguimos comprar nossas coisinhas. e que coisinhas são essas? uma camiseta de Friends, um moletom do Doug Funny ou uma caneca escrito Luke’s. qualquer coisinha que nos lembre de um tempo onde a vida ainda era uma promessa bonita.
eu assisto Gilmore Girls inteira uma vez por ano desde 2016 quando a Netflix lançou o revival. faz 9 anos que uma vez por ano eu me transporto para Stars Hollow e me lembro de um tempo onde minha única preocupação era tirar 10 nas provas e ir ao clube a tarde. o Lucas me viu assistindo esses dias e me perguntou: “por que você ainda assiste isso? você já não viu várias vezes?”. e eu respondi: “porque eu gosto. me traz um conforto que eu não sei explicar. é como voltar pra casa”.
Cap 2. - Por que que a gente é assim?
a maioria das minhas mentoradas é millenial. tem uma pequena parcela Gen X e é nítida a diferença de comportamento.
as Gen X querem entender as coisas. são as que mais fazem perguntas objetivas e as que mais colocam em prática o plano de ação. elas tem muitas dificuldades emocionais também, mas falam sobre elas de uma forma mais direta, sem usar como justificativa.
já as millenials tem uma dificuldade danada em fazer o que precisa ser feito. elas sofrem com a síndrome da impostora, com a falta de propósito, com a cobrança excessiva, com um nível desumano de auto exigência e com uma ilusão de que deve existir um botão que se aperta e tudo se resolve.
fato é que se você nasceu entre 1980 e 1996, você ainda está frustrada com a vida adulta. você até tentou se entender para melhorar a situação. foi fazer terapia, mergulhou nos cursos e livros de autoconhecimento, fez seu mapa astral, sessão de terapia multidimensional, registros akáshicos e tudo o que apareceu pela frente.
só que o tiro saiu pela culatra porque ao invés disso te dar repertório para seguir em frente, te deu um dossiê gigantesco com múltiplos argumentos para justificar sua falta de tesão na vida.
“é que minha criança interior está ferida”, “é que minha mãe é narcisista”, “é que eu tenho a síndrome da impostora”, “é que eu tenho lua em peixes na casa 4”.
minha filha, o que você tem mesmo é outra coisa. é uma vontade de delegar suas decisões e o gerenciamento da sua existência para um adulto responsável negando firmemente a possibilidade desse adulto ser você mesma.
eu falei pra minha analista: “eu não tenho vontade de voltar pra casa dos meus pais. eu tenho vontade de voltar pro útero da minha mãe!”. ela riu. eu ri. e nós duas sabemos o quanto isso é uma verdade.
eu sinto saudade de não precisar ser a única responsável por mim.
Cap 3. - A Realidade
é realmente muito bonito que nossa geração tenha levantado a bola para assuntos como comunicação não-violenta, terapia, inclusão, escuta ativa. mas é também bastante sintomático que a gente sofra tanto com o básico da vida.
falta de constância e medo do julgamento são as maiores dores das mulheres que me acompanham. é um medo tão grande de se responsabilizar por suas próprias escolhas e assumir os efeitos colaterais de ser quem se é que a maioria delas permanece numa vida indesejada.
tem gente que me segue há anos e há anos reclama da mesma coisa enquanto agradece os “tapas na cara” que eu dou nos meus conteúdos. a minha vontade é de sacodir essas pessoas para tentar despertar o fogo interno que vai tirá-las dessa situação.
nossa infância não volta mais. um mundo sem internet não voltará a existir. essa é a nossa realidade de agora. eu também vou assistir o remake de Legalmente Loira, assim como fui na exposição do Castelo Rá-Tim-Bum e chorei de emoção. mas eu não quero viver como uma menina de 14 anos sendo uma mulher de 34.
eu quero todo o bônus da vida adulta: a autonomia, a liberdade de escolha, o sexo confiante, os drinks e vinhos, a maternidade (em breve), os cafés com as amigas, dividir a rotina com meu amor, decorar minha casa do meu jeito, dirigir meu carro, decidir semanas antes que vou pra Buenos Aires com minha amiga.
ao invés de tentar voltar num tempo onde sua vida não estava nas suas mãos, que tal se apaixonar pelo fato de que agora ela está?
para de se tornar refém da vida que você teve um dia. vai ouvir outras músicas, se apaixonar por outros filmes, troca o miojo por um carbonara, o toddynho por um belo chocolate quente e o pijama de bichinho por uma camisola que te deixa uma grande gostosa.
olha no espelho e reconheça a mulher que você já se tornou. deixa ela viver no próprio tempo, pare de forçá-la a agir e perceber a vida como uma criança. deixa ela existir! ela quer muito da vida! e ela sabe como conquistar, se você deixar que ela lidere agora.
desculpa se eu te tirei da Barbielândia com essa edição, mas é por uma boa causa. vai viver, minha filha! vai viver!
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curadoria da semana
🎧o podcast está de volta e no último episódio falei sobre como eu consigo manter a constância nos meus projetos e objetivos
🎬eu assisti Adolescência. o terceiro episódio foi meu preferido, principalmente pelo jogo cênico. maravilhoso! confesso que eu senti falta de mais informações mesmo sabendo que não é a proposta da série. mas recomendo muito. é um super trabalho de atuação e uma temática bastante necessária
📚eu ando atrasada na leitura das news que eu gosto. chateada por isso, mas com a ida para SP e a dengue, tudo se embolou por aqui. mas maratonei as da
que ainda não tinha lido e me deparei com essa preciosidade aqui
Semana passada abri uma caixinha de perguntas sobre esse tema: “qual a pior parte da vida adulta pra vc?” Foi a pergunta que mais tive interações rs Sua news deu um quentinho no coração, achei q só eu tinha esses sentimentos, vejo as pessoas “brincarem” sobre o tema, mas em mim é visceral, e ao mesmo tempo suas palavras finais acenderam uma chama de que: fazer diferente pequenas coisas ajudam a construir as grandes. Obrigada por colocar em palavras o que sente e ressoar tanta aqui nesse pequeno grande coração . 🙏🏼🤲🏻✨
Que texto! Também me fascina muito as diferenças geracionais e essa onda nostálgica, tanto em termos de mercado, quanto de processos internos. (Btw, Grifinória por aqui haahah)