já começo dizendo com todo amor que eu não estou pedindo para ser convertida. eu já tenho a minha fé, meus rituais, minha não-religião, minha iniciação em magia natural e meu tarot. pra mim, Jesus foi um cara massa, revolucionário, corajoso. só não foi o único. pra mim, ele não é o cordeiro oferecido em sacrifício para nos livrar de todo mal, amém. eu posso pecar porque Jesus já limpou a minha barra. sabe? cadê a autorresponsabilidade? sei que não é todo mundo que vai dar essa carteirada, mas sabemos também que tem ser humano pra tudo. enfim. meu ponto não é acreditar ou não no divino. eu só queria acreditar mais que as coisas não dependem tanto da minha vontade e do meu esforço.
talvez eu seja autocentrada demais e culpo meu mapa astral por isso mesmo achando cafona quem bota a culpa nos astros. eu acho que tudo depende de mim. eu ignoro contextos históricos, desigualdade de gênero, social, tudo. eu ignoro tudo e boto toda responsabilidade em 1,70m de pura exigência.
eu sei que eu tô errada? eu sei que eu tô errada.
eu consigo parar de ser assim? eu tô tentando.
me sinto 65% melhor o que é MUITA coisa e talvez eu esteja sendo um tanto otimista demais aqui. mas eu realmente tô confiando mais na vida. até porque eu não tenho escolha: ou me entrego ou me estresso. e eu definitivamente não tenho mais vontade de surtar.
mas às vezes eu olho pras pessoas super religiosas e penso: deve ser tão gostoso ter essa certeza absoluta de que Deus tá no comando. porque por mais que eu acredite em Deus, eu não tenho certeza de que se eu jogar a bola pra ele, ele vai pegar. vai que eu erre? e então permaneço segurando ela em minhas mãos.
mas por mais leve que uma coisa seja, experimente segurá-la por muito tempo. tudo o que é leve pesa quando não deixamos fluir.
quando eu falo que queria acreditar mais em Deus, eu lembro de uma música que eu sempre amei muito e jurava que era sobre a história de um casal. mas o autor, Paulinho Moska, revelou em uma entrevista que é sobre sua relação com Jesus. na música, ele diz:
“eu grito por liberdade
você deixa a porta se fechar
eu quero saber a verdade
e você se preocupa em não se machucar
eu corro todos os riscos
você diz que não tem mais vontade
eu me ofereço inteiro
e você se satisfaz com metade”
a música se chama “A Seta e O Alvo” e desde que eu soube que é como se fosse Jesus falando pra gente, ela me emociona mais do que sempre emocionou. essa parte que eu citei, eu canto a plenos pulmões com sorriso e lágrima nos olhos. eu canto pra mim mesma. eu canto pra parar de me preocupar em não me machucar. eu canto pra correr todos os riscos, pra sentir a vida por inteiro e parar de me satisfazer com metades. eu canto pra celebrar a vida, o acaso e olhar pro infinito sem óculos escuros. eu canto pra sentir o amor sem que ele precise ser jurado.
eu sou sensível. eu ouço a vida sussurrar ao pé do meu ouvido. eu ouço a velha louca que me habita rir da minha cara e me aconselhar sabiamente. eu vejo as sincronicidades, sinto o cheiro de novos ares quando eles vem chegando e sinto também as pessoas. é difícil esconder algo de mim. eu posso fingir que não percebi pelo bem da minha sanidade, mas eu percebi, senti e ouvi a verdadeira reposta.
eu vejo a olhos nus a vida acontecer sob as 7 leis universais (segundo O Caibalion). eu sinto a vida. eu sinto. eu só queria relaxar e confiar mais, como bem escreveu a
aqui. e eu tô diariamente trabalhando pra isso. nos dias que me sinto mais distante, tenho cantarolado essa música. tenho também conversado com o divino independente de hora ou ritual. simplesmente quando dá na telha. às vezes tô na garupa da moto observando o céu, às vezes no escritório entre um trabalho e outro, às vezes tomando banho. não importa. botar menos regra tem me feito mais sentido.eu sei que esse é um tema polêmico e sensível pra muitas pessoas. quero que saiba que eu respeito muito a sua crença e que mesmo que eu tenha escrito aqui de forma um tanto rebelde, isso é só a minha visão particular. eu amo que você seja livre para ter a sua fé. e eu amo que eu sou livre para ser essa alma questionadora e inquieta que sou.
no mais, enquanto te escrevo, olho pra fora e vejo uma paisagem tão linda com montanhas, um céu virando noite e o barulho do mar ao fundo. Deus está aqui. e pelo menos por este instante, eu me permito relaxar e confiar.
antes que eu me esqueça…
você já está acompanhando o podcast Vida Desejante? toda quinta às 11h tem um episódio novo. nele, falamos sobre tudo o que precisamos cultivar para assumir os efeitos colaterais de sermos que somos e expressarmos o que criamos. então me deixa te acompanhar na academia ou enquanto você lava a louça? vou amar!
e se além de inspiração você precisa de estratégia e coragem para colocar o seu servir no mundo e começar a viver do que você cria, considere se tornar minha mentorada. num processo individual e personalizado, vou te entregar todas as estratégias que eu utilizo para viver do que crio desde 2020. comunicação, postura e autoliderança. bora juntas? clique aqui para aplicar (daremos início em janeiro de 2025).
curadoria temática da semana:
🎧um podcast com a Prof Lúcia Helena Galvão explicando as 7 leis universais segundo O Caibalion = tudo na vida!
🎬tem um canal chamado Afinal, O Que Somos Nós que conta histórias de pessoas que tiveram experiências de quase morte. é fascinante como todas descrevem minuciosamente o que vira, ouviram e viveram no período em que estiveram fora deste plano.
📚quero indicar um livro que me inspirou a escrever esta newsletter. se chama Cartas de Cristo e é um livro psicografado. Jesus himself treinou uma mulher (que não revela sua identidade) por 40 anos para escrevê-lo. honestamente, não importa se você acredita se isso é verdade ou não, o livro é bem revelador e pode te inspirar mesmo assim.
No meu aniversário do ano passado eu conversei com Deus e falei assim: Deus, eu cansei de olhar só pro meu umbigo, cansei da vida girar ao meu redor, cansei de pensar em mim, nos meus desejos e na minha perspectiva, tô pronta para fazer aquele mochilão pela América do Sul fazendo voluntariado e aprender a fazer mais pelo outro — um mês e meio depois, engravido. Desde então tenho aprendido a confiar mais que os caminhos de Deus são melhores e muito mais criativos e nunca mais duvidei que tem alguém (mais irreverente que a gente) ali, logo ali em algum lugar, no céu ou no mar, nos escutando pedir, falar, chorar e questionar. Que gostoso te ler falar de Deus e trazer ele pra minha caixa de e-mail nessa segunda-feira com pão de queijo, calor e café coado. Obrigada por partilhar seus movimentos. ❤️
Que incrível ler isso. Por muito tempo tenho me sentido exatamente assim, sem uma religião mas inspirada pela criação divina a acreditar que existe algo divino na natureza, ela que nos cerca e nos trás paz. Que nos mostra o caminho, que nos acolhe apesar de tudo, é nela que encontro a calma para pausar o segundo e respirar. E me sinto completa, satisfeita com a vida e com minha religião natural, é onde não vejo ou escuto pessoas, só escuto os pássaros, só vejo a natureza.