todo encontro de família, duas perguntas sempre surgem:
quando vocês vão casar?
quando você vai engravidar?
mas esse não é um texto para criticar meus familiares por desejarem que eu e Lucas oficializemos nossa união com uma festa e um rebento. esse é um texto pra te dizer como eu me sinto com isso na intenção de que te trazer, quem sabe, algum alívio.
eu sempre desejei ser mãe. nunca existiu na minha idealização de futuro um cenário possível onde uma criança não estivesse presente. eu nunca nem havia questionado esse desejo.
a única coisa que foi sendo alterada foi a idade em que isso aconteceria. na minha idealização infantil, aos 28. na idealização juvenil, aos 32. hoje, aos 33, o meu desejo é que isso se realize aos 35.
Lucas nunca desejou ser pai. desde o início da nossa relação, conversamos muito honesta e abertamente sobre isso. decidimos juntos continuar construindo nossa vida mesmo com esse impasse. e quando chegasse a hora, decidiríamos juntos o melhor para cada um. sabíamos, inclusive, que corríamos o risco do fim. mas, no fundo, sempre corremos, né? é uma ilusão pensar que não…
depois que eu fiz 30 anos, a pergunta sobre a maternidade começou a aparecer com frequência. eu me sentia extremamente desconfortável e respondia que não sabia ainda, que estava focada no trabalho, que era muito cedo… mas a verdade é que essa simples pergunta me lembrava que eu e Lucas precisaríamos decidir nosso destino juntos. e isso me deixava triste e ansiosa porque eu o amava (e amo) e estava correndo o risco de perdê-lo…
eu imaginei diversos cenários. o melhor de todos, obviamente, era ele mudar de ideia. mas tinha aquele onde eu mudava de ideia. ou melhor, onde eu abria mão da maternidade. ficava me imaginando vivendo uma vida sem filhos. será que eu seria feliz? será que me sentiria completa?
todas as vezes que alguém me fazia a fatídica pergunta, minha mente reproduzia esse filme de cenários possíveis.
quando a pergunta era feita na presença do Lucas, o desconforto era ainda maior. eu não queria dizer que desejava ser mãe para não deixá-lo desconfortável e também não queria dizer que não desejava para não me deixar desconfortável, então respondia em completo desconforto: “não sei…”
até que um dia, sentei pra conversar com ele.
chorei muito enquanto dizia tudo o que estava sentindo. disse que me sentia encurralada quando as pessoas perguntavam porque não queria magoá-lo, mas também não queria mentir. e que o tempo de decidir havia chegado e isso me causava medo porque não queria perder o que a gente tinha e ao mesmo tempo não sabia se queria abrir mão desse desejo. disse que não sabia porque perguntavam só para mim, sendo que ele também era responsável por essa decisão.
Lucas me ouviu atentamente. depois me disse: “você não tem que dizer que não quer por minha causa. também não precisa esconder seu desejo ou evitar o assunto. eu sei que você quer ser mãe, não é uma surpresa pra mim. eu não quero sei pai e você sabe disso. mas hoje não vejo mais como uma coisa inegociável. eu quero estar com você mais do que eu não quero ser pai”.
para ser honesta com você, esse parágrafo é um compilado de diversas respostas que ele me deu para diversas crises que eu tive. mas depois da primeira, ele disse pra mim que da próxima vez que me perguntassem, era pra eu chamá-lo para responder. assim o fiz. a primeira resposta que ele deu foi: “eu acho engraçado todo mundo aqui cobrando filho da gente, parece até que são vocês que vão cuidar”. todos rimos. e eu me senti menos sozinha.
eu aprendi algumas coisas com essa história.
a primeira foi que as decisões de um relacionamento não se tomam só de um lado. e por mais que eu soubesse disso na prática, tinha em mim uma cobrança por “me resolver nas minhas nóias sem envolver o outro”. mas foi só quando comecei a envolvê-lo que as crises diminuíram, a parceria ficou ainda mais forte e eu parei de me sentir tão sozinha e responsável por tudo.
a segunda foi que eu estava com medo de me sentir infeliz e incompleta se não fosse mãe. até me voltar para o momento presente onde isso é uma realidade e me sinto bem feliz e completa. “eita, verdade!!!”, foi minha reação.
a terceira foi entender melhor de onde vem esse desejo e perceber que ele é meu. não é uma pressão externa. é meu. sempre foi. mas que eu não quero que ele se realiza a qualquer custo. eu quero que ele se realize porque há espaço.
eu aprendi e aprendo outras tantas… mas essas são as que mais eu senti de compartilhar com você. ah! tem mais uma!
Lucas me fez enxergar essas perguntas por outro prisma. ele me disse: “se cobram tanto que a gente se case e tenha filhos é porque eles nossa família nos ama e nos quer juntos! eu prefiro ver por esse lado…”
agora eu também prefiro.
curadoria da semana
eu amo essa artista e as reflexões sobre maternidade que ela traz
esse filme belíssimo que acompanha uma atriz grávida durante o processo criativo de uma peça. as inquietações, a insegurança dela, a relação com o marido… tudo documentado de forma crua, real e muito sensível
essa série de textos da minha comadre
onde ela escreve cartas para sua pequena de olhos azuis antes mesmo dela vir ao mundo
antes que eu me esqueça…
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você que é minha comadre patrocinadora desta news, já viu a última edição secreta onde te contei detalhes sobre minhas lembranças de outra vida? e você sabia que tem um voucher de mais de 30% de desconto na imersão? pois é mulher, só notícia boa!
Obrigada por compartilhar algo tão íntimo. Foi importante ler.
Acho tão linda essa parceria que você e o Lucas cultivam com tanto diálogo e abertura, e que maravilhoso que você se permite namorar a maternidade sem se apressar para vivê-la. Sinto que nunca estaremos “prontas” para sermos mãe, mas agora que vivi a metamorfose de donzela para mãe, sinto que é importante sim estarmos em paz com a ideia de tirar o foco de nós para colocarmos o foco em outro alguém e mergulhar fundo na doação, é bonito poder se planejar para mergulhar nesse lugar e junto com as mãos do divino escolher a melhor hora. Sempre uma alegria e uma honra sem tamanho ser citada aqui, comadre.
Um abraço nosso! Te celebro ❤️