como faz para amar e ser livre?
“amor só dura em liberdade, o ciúme é só vaidade”, já diria Raul
hoje é um dia importante pra mim. desde 2017, 09/12 não é mais um dia qualquer no meu calendário. o motivo? é o dia que a Terra recebeu a vida do Lucas, meu amor. mas esse não é um texto de declaração como os posts que fazemos no instagram. esse é um texto sobre a loucura que é escolher dividir essa trajetória chamada vida com outra pessoa.
pra gente começar essa conversa, você precisa saber que eu sou uma Charlotte York. se você não a conhece, ela é uma das personagens da série Sex And The City. a mais certinha, romântica e tradicional quando o assunto é casamento.


eu sempre sonhei com grandes histórias de amor e com o dia em que conheceria a pessoa que dividiria a vida comigo. a gente se amaria logo de cara e tudo seria como num conto de fadas. e aí veio a realidade…
em 2013, eu conheci o Lucas. ou melhor, soube que ele existia porque “conhecer” é uma palavra forte demais pra alguém que você cruza no corredor do trabalho enquanto um tá indo embora e o outro chegando.
eu sabia quem ele era e, principalmente, quem a namorada dele era. e se tem uma coisa que me faz enxergar a pessoa como um saco de batatas é saber que ela namora ou é casada. então, para a Ynara de 2013 recém chegada no restaurante, o Champs (como ele é chamado pelos amigos de lá) era um saco de batatas.
em 2015 ou 2016, se não me falha a memória, minha amiga postou um story onde ele aparecia. eu sabia que ele estava solteiro e me permiti vê-lo pela primeira vez. alguns segundo de story foram suficientes para eu mandar uma mensagem pra minha amiga pedindo pra ela tentar fazer esse casal acontecer. que fique claro que naquele momento meu interesse não era um romance. era apenas um lance. e, como diria o poeta: romance é romance, amor é amor e um lance é um lance.
ela até tentou puxar um assunto sobre, mas ele não deu bola. a gente nunca tinha trocado uma palavra. nem “oi”… a verdade é que ele não ia muito com a minha cara.
em 2017, eu saí para reclamar da vida com uma amiga e dei de cara com ele na porta do bar. pela primeira vez, ele abriu um sorriso e me cumprimentou com um abraço. eu pensei: “oxi, de onde veio isso?”
minha amiga me perguntou quem era e eu respondi: “trabalhei com ele no spot, mas ele nunca falou comigo. que estranho…”. ela disse: “amiga, ele é gato e acho que rolou alguma coisa ali, hein?”
eu estava muito desconfiada. mas também muito interessada. como tinha perdido ele de vista, disse pro universo: “se for pra acontecer alguma coisa, que eu o encontre novamente”. e nesse exato segundo, olho pra frente e o vejo.
não foi amor à primeira vista. não foi uma paixão avassaladora. foi um interesse intrigante e curioso somado à uma forte atração física. e ali começava aquela coisa gostosa de conhecer outra pessoa com real interesse, sem pressa, respeitando o tempo da construção da intimidade.
já de início tínhamos nossas diferenças. eu com o sonho de casar e ter filhos, ele sem a menor vontade de se envolver nisso. eu, uma mulher de esquerda, filha de pais de esquerda, mergulhada até o talo na bolha de esquerda. ele, um homem liberal, filho de pais de direita e transitando entre as bolhas da direita e da esquerda (fruto de sua fase como ator) tranquilamente.
tivemos discussões bem abertas sobre isso. eu me incomodava muito. passei um bom tempo refletindo se fazia sentido continuar ao lado dele já que nem estávamos namorando ainda. pensei em desistir da gente. pensei seriamente. e aí comecei a pensar que até então, eu só havia me relacionado com homens de esquerda. e a verdade é que maioria deles eu queria nunca ter conhecido. Lucas era o primeiro homem que tinha cuidado comigo, que me ouvia com atenção e me valorizava.
na semana seguinte que ficamos pela primeira vez, ele apareceu de surpresa na estreia da minha peça. ele tinha prestado atenção na nossa conversa, lembrou da estreia, mandou mensagem pra uma amiga minha e combinou tudo. eu fiquei tão feliz! eu me senti tão vista!
apesar das divergências, nossos pontos de valores pessoais eram os mesmos. ele foi paciente comigo enquanto eu entendia isso e eu fui paciente com ele em outras coisas. desde o início nós respeitamos o tempo de entendimento do outro. desde o início nós demos um voto de confiança um no outro.
16 de janeiro de 2019 ele me pediu em namoro. mais de um ano depois de ficarmos pela primeira vez e alguns meses depois do meu ultimato.
pois é… esse momento aconteceu. e eu realmente acredito que ele precise acontecer. nossas relações precisam evoluir, precisam ter pra onde crescer. se não existe mais espaço pra isso onde você está, é hora de dar o próximo passo. pode ser para um novo começo ou para o fim.
no nosso caso foi a primeira opção, mas eu confesso que não acreditava que isso aconteceria já que desde o primeiro momento ele me afirmou que não teria nada sério. quando eu finalmente disse que não ia mais aceitar que ele me chamasse de “amiga” e que a gente precisava avançar ou parar por ali, desliguei o telefone e comecei a chorar muito. tinha certeza de que aquele era o fim. e foi. o fim das incertezas e o início do nosso caminho juntos de corpo e alma.
meu relacionamento é uma delícia. tem espaço, individualidade, respeito aos desejos e limites e muita escuta. mas pra que isso se mantenha, tem muito choro (da minha parte), muito diálogo, muito enfrentamento do ego. olhar nos olhos do outro e admitir paranóias, ciúmes, inseguranças sem nenhum tom de cobrança é um mega desafio. e nosso estilo de vida. não existe acusação, existe escuta.
eu acho super desafiador permitir que ele me veja falha. e por isso mesmo, faço o exercício de jamais esconder minha bagunça. por isso choro. porque é como se meu corpo quisesse me impedir de passar vergonha. mas se tem uma coisa que venho aprendendo é que eu devo “passar vergonha” na frente do Lucas porque ele precisa me conhecer de verdade. e vice-versa.
a gente realmente se escolhe todos os dias. porque existem coisas que desejamos fazer individualmente que não cabem na construção da relação. abrir mão delas é escolher a nossa vida.
que fique claro: nós não abrimos mão do que é essencial para cada um. mas existem coisas que simplesmente não se encaixam. e, como diz Chorão, cada escolha, uma renúncia. e se algum dia não fizer mais sentido, nos sentimos livres o suficiente para ir embora. a porta está sempre aberta e talvez por isso seja tão fácil escolher ficar.
a escolha de estar num relacionamento muda as prioridades e as escolhas dos envolvidos. mas, para esta Charlotte que vos escreve, dividir a vida com alguém que me ama e me vê e que eu o amo e vejo, me deixa demasiadamente feliz e me faz sentir completude, mesmo com a presença do que renuncio.
se você sonha em viver um amor, aqui vão alguns conselhos que você não me pediu, mas eu tô com vontade de te dar:
fique um bom tempo sozinha nutrindo e cultivando relação com você antes de qualquer coisa. só assim você conhecerá seus desejos e limites para poder reivindicá-los.
faça terapia! cure o seu passado! seu futuro amor não merece carregar um peso que não é dele. nem você! não aceite que te comparem ou que te atribuam feridas que você não causou.
esteja disposta a negociar: ceda quando não te ferir, resista quando precisar defender o que te é precioso.
fale sobre seus sentimentos, desejos, medos, planos, vontades e alinhe expectativas. não tenha medo de falar e perder. é muito melhor você ter clareza de onde está do que evitar ouvir a verdade.
como diz Caetano: “o ciúme é o estrume do amor”. converse sobre ele! não alimente as paranóias que a sua cabeça cria porque há sempre 50% de chance de serem apenas paranóias. então ouse descobrir a verdade para não sofrer por mentiras.
e se você está feliz vivendo a sua carreira solo nessa vida, não deixe que ninguém te faça duvidar dos seus próprios desejos. a vida não acontece só a dois e acho importante frisar isso aqui.
no mais, quero finalizar desejando um feliz aniversário ao sagitariano que topa todas as minhas maluquices e propõe outras tantas pra essa ariana aqui fazer acontecer. morar no paraíso ao seu lado é viver um sonho!






antes que eu me esqueça…
em 2025 eu reabrirei minha agenda de mentoria. é um processo individual e personalizado que pode ser direcionado para a vida pessoal ou profissional. nosso foco está na postura e na comunicação: trazer para o corpo e a voz a força do desejo e, dessa forma, te fazer mais confiante e desejante para mostrar quem você é e expressar o que você cria. te toca? então clica aqui e preencha o formulário para entrar na lista de espera!
curadoria da semana:
🎧 você sabe que eu tenho um podcast, né? e você sabe que por causa disso, pode me levar pra academia com você ou me deixar te fazer companhia enquanto lava a louça, né? se ainda não fez isso, o que acha de começar hoje?
🎬 eu assisti Wicked no cinema e se você ama musicais, você precisa assistir! e se você não ama, mas acha que não vai surtar ouvindo o povo cantar maravilhosamente bem durante 2h40, assista! além de lindo, a história é cheia de reflexões que deixam a gente pensando na vida por um bom tempo. aqui você tem um gostinho!
📚 por falar em relacionamentos, essa edição da newsletter da Laurinha Lero sobre um reality show cafona (do jeito que a gente adora e teme admitir) está espetacular. o humor dessa mulher melhora a minha vida, juro!
Esse texto foi tão, tão importante. É avassalador ver que depois que passamos de uma primeira relação onde tudo foi paixão, fogo, uma próxima tem mais cautela. Tem o questionamento do porque não sentirmos aquele amor a primeira vista ou aquela paixão interminável. Tudo é mais medido, racionalizado, com calma. E esse começo é muito estranho. Você ouve vozes do passado, você se questiona, você luta contra o próprio ciúme, ego. Principalmente quando a dinâmica flui mais a distância do que pessoalmente, como se encontrar todos os dias no colégio, por exemplo. Passo por essa primeira parte ainda. De conhecimento mútuo, conversas abertas, entendimento e tudo flui. Só que junto disso, caminha a incerteza, a insegurança do que um dia já tive e não me fez bem. Vou deixar esse texto salvo para cada vez que eu sinta minha mente pender para o negativo de novo e confirmar que eu realmente preciso gostar da minha própria companhia acima de tudo para amar alguém com calma, leveza, sem peso. Obrigado, Yna.
Viva viva esse Amor e os aprendizados que transbordam dele! Gracias pela partilha e pelos conselhos não solicitados mas bem vindos!