com toda raiva que me cabe
fiz minha analista feliz enquanto irritei muita gente
nunca vi um sorriso tão satisfeito quanto o da minha analista me vendo raivosa. imagino que pra quem acompanhava a Ynara que adoecia por vários dias quando determinada coisa a afetava, deve ter sido realmente bonito de ver esse progresso.
me sinto igualmente satisfeita quando percebo que a mentorada que sentou na minha frente na primeira sessão deu lugar a uma mulher bem mais confiante, tranquila e corajosa na última.
quanto a mim, ando bem raivosa, é verdade.
as coisas que antes me entristeciam e me colocavam de cama por dias, hoje me enervam e despertam os três cães de guarda que protegem a muralha do meu íntimo. belo avanço, hein?
escolher criar conteúdo e dar a cara a tapa nas redes sociais é um caminho que te leva do céu ao inferno várias vezes no mesmo dia. e se você não for tão bem treinada quanto Perséfone para navegar entre-mundos, pode ser que algum deles te rapte e te sufoque.
o céu se torna bonito demais e você não quer perdê-lo, então faz de tudo para não pecar: andar na linha, fazer coisas bonitas, agradáveis, leves, ser amorosa, gentil, sorridente. o inferno é assustador demais e desperta o que há de pior em você: a vontade de desistir, de agredir de volta, de ser o seu pior pra nunca mais te tirarem de otária.
no final, você sai exausta dos dois e totalmente perdida de quem você é.
recentemente, postei um vídeo que gerou um grande bafafá. a quantidade de pessoas me chamando de desequilibrada, sem noção, desinformada foi alta. mas pela primeira vez em 8 anos, eu não duvidei de mim, não quis deletar o conteúdo ou criar outro para me justificar com doçura. eu acredito e assino embaixo de tudo o que disse.
veja, são 8 anos. pelo menos oficialmente. se eu contar os blogs e fotologs, são mais de 20 anos expondo o que penso e sinto na internet.
uma vez, quando eu tinha uns 12 anos, uma colega de classe que me detestava comentou atrocidades no meu fotolog. palavrões e expressões que eu ainda não conhecia, mas que sabia que boa coisa não eram. minha primeira hater. o que eu fiz na época? tentei exaustivamente mostrar pra ela que eu não era o que ela pensava. falhei miseravelmente.
escuta bem, eu não era uma pobre florzinha. mas desde que, aos 7 anos, eu e três amiguinhas passamos um trote pra outra com ofensas porque achamos que seria divertido e, além de levarmos bronca de sua mãe, ouvimos ela chorar, magoadíssima, eu percebi que não tinha graça nenhuma ser babaca.
mas em algum momento, perdi a mão e me tornei meio besta. botei meus três cães de guarda pra dormir tal qual Bela Adormecida e fui tentando não causar muitos danos, mesmo os causando porque não é algo evitável.
depois de 5 anos de análise, dois rituais de Hékate, um de Afrodite e dois banhos fortíssimos de ervas que tomei na Amazônia, me sinto restaurando a muralha que me protege, despertando os três cães e finalmente sentando no trono desse reino que chamo de Vida.
Mari me disse na minha DM que sabe que eu estou em uma fase de honrar o que digo, mas que eu não deveria me tornar a pessoa que não admite o erro — isso depois de pontuar numa longuíssima mensagem tudo o que ela havia detestado sobre o meu conteúdo.
não faça como a Mari. não presuma que sabe algo a mais sobre mim. eu odeio errar, isso é um fato. mas eu não tenho problema nenhum em admitir quando isso acontece. você não gostar e não compactuar com o que eu penso, não me faz estar automaticamente errada. são coisas distintas.
enquanto te escrevo, fica uma voz me dizendo que eu não deveria falar sobre isso, que era melhor ignorar. mas não vai dar. Mari, você também foi parar na minha sessão de terapia. minha analista ficou contentíssima de ver o tamanho da raiva que eu senti da sua mensagem.
não porque você está certa, Mari. mas porque eu finalmente me senti ainda mais inteira em quem sou, ainda mais protetora do meu território e ainda mais certa das minhas ideias. Mari, você despertou em mim algo que talvez não fosse o seu intuito, mas tô me sentindo grandona! e por isso, até te agradeço, sabia?
como uma mentorada minha (a
) diz, “raiva é bússola. você está com raiva porque está acordada”. eu sinto, Mari, que você foi o último toque do despertador que insistia em tocar enquanto eu adiava o fim ativando sonecas. dessa vez, eu levantei da cama num pulo, tomei meu banho, passei meu batom vermelho, vesti meu manto e, finalmente, sentei no trono.a você que me lê e está aqui por desejo, faço todo esse trabalho interno e externo, por nós todas. por mim que amo me expressar e criar e por você que ama estar aqui. é você que enche a minha alma de vontade e meu sangue de força. é porque você existe que tudo isso aqui existe. e quero que você se lembre que as pessoas que te amam e/ou te admiram são mesmo as que te sustentam em pé. mas são as Maris da vida que te lembram da sua força. porque é só quando seu território é ameaçado que você precisará usá-la. então, vez ou outra é até bom que isso aconteça.
deixo um abraço apertado às minhas amigas e colegas de profissão. vejo e admiro todas vocês. sei que não é uma escolha fácil, mas também sei que somos inquietas demais para essa não ser a escolha. eu admiro a coragem que temos de subir ao palco e nos fazermos vistas, admiro a resiliência que temos de continuar apesar de. nos acho, sim, muito fodas.
isso, minhas amigas, ninguém tira da gente.
tomei o banho de ervas com a Karla, terapeuta cabocla que atende em Manaus e você pode conhecer ano que vem quando escolher participar da Amazen Liderança Feminina comigo! é só chegar um dia antes da nossa partida para a floresta ou ir embora um dia depois da nossa chegada. ter você por lá será uma alegria muito grande! vamos poder desfrutar em presença da conexão bonita que temos aqui e você conhecerá mulheres que lideram com afeto e força toda uma comunidade.
não é só uma viagem. é uma experiência de resgate da sua coragem de liderar suas escolhas. eu garanto sem titubear.
conheça todos os detalhes e garanta o seu lugar aqui.
curadoria da semana (especial criadoras)
em homenagem àquelas que estão na arena comigo
- da
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a lista seria infinita, mas escolho parar por aqui hoje.
com coragem e desejo,
Yna






uauuuu! amei te ler, te ouvir e ser mencionada numa edição tão potente da newsletter, Yna. siga criando e expressando sua verdade no mundo! 🌟🤌❤️🔥
E que baita edição. Por aqui o desafio é sempre escorregar menos para a raiva, mas acho que depois de ler estas linhas vou valorizar mais a minha!