“- ele não gosta de você.
- oxi! mas o que eu fiz pra ele?
- ele te acha muito… você fala muito alto, ri muito alto… e ele não gosta de mulheres com muita opinião”
esse diálogo foi real. o cara que não gostava de mim era gerente do restaurante que eu trabalhava. e eu acho que ele não gostava também porque eu não dava muita bola pros discursos que ele fazia antes de entrarmos pro período. continuava dobrando meu guardanapo com um leve sorriso no rosto de quem estava pensando que tudo aquilo era uma grande besteira.
“os homens temem que as mulheres riam deles”. pois é…
o único (quase) relacionamento (totalmente) abusivo que vivi foi bem breve. ele era 10 anos mais velho que eu e quando me conheceu me disse que eu era um sol. e ficou comigo justamente para apagar o que viu. conseguiu por um tempo. foram -5kg em poucos dias, muito choro e zero vontade de viver. eu só tinha 21 anos. durou pouco, mas pareceram décadas…
“fecha o piano, Ynara!”. essa eu ouvi do diretor de uma publicidade que eu estava gravando. foi o jeito carinhoso de me pedir para sorrir menos. é a que menos me dói, porque eu realmente tenho um sorriso imenso e na câmera tudo aumenta de tamanho. mas naquela hora, fiquei bastante constrangida.
“você nunca vai ser atriz. você é muito pudorada”. ouvi de um fotógrafo idoso que pressionou sua pelve contra a minha enquanto quase encostava os lábios nos meus para falar. e eu era pudorada por me incomodar.
“não interessa, eu quero”. disse meu colega de classe quando eu pedi pra que ele parasse de me cumprimentar com abraço e beijo no rosto porque a gente se via todos os dias, não precisava daquilo. além de me invadir já que eu não gosto de toques de quem não tenho intimidade, ele passou a me apertar ainda mais forte.
ri muito alto. fala demais. muito certinha. arrogante. precisa se arrumar mais. se veste muito mal. chata. antipática. dedo podre. intensa demais. emocionada. mimada.
se eu aceitasse definir a minha existência com base nas minhas dores ou no que pessoas que me detestam pensam ou dizem sobre mim… mas a verdade é que eu já aceitei. já vivi com medo de incomodar essas mesmas pessoas e já cortei meus cabelos, diminui o tamanho da minha risada, as cores das minhas roupas, aceitei toques e abraços, deixei de falar ou fazer e silenciei desejos, opiniões, visões, crenças e vontades para não ser descoberta.
não foi uma fórmula mágica que eliminou todas as minhas inseguranças. foi um processo de conexão comigo que me fez enxerga-las e aprender a conviver com elas sem que estejam em primeiro plano, guiando minhas escolhas.
a cada “sim” que eu me dou, um reboliço interno acontece. a minha função é sustentar minha decisão enquanto o desconforto, o medo e a vontade de sumir gritam tentando chamar minha atenção. mas não vencem. não porque “nada me abala”, mas porque eu me escolho todas as vezes. assumindo todos os efeitos colaterais.
todas essas pessoas que tentaram me diminuir não estão mais na minha vida. hoje me cerco de quem me aceita, me acolhe, me vê. parei de tentar pertencer onde eu sequer queria estar só pra provar que eu posso, que eu consigo, que eu dou conta. pra quê?
pra que alimentar o que te enfraquece? pra que insistir onde você não cabe? pra que tentar provar quem você é pra quem se esforça em te distanciar de si?
que vão em paz pra bem longe do seu (do nosso) caminho!
a única coisa que você precisa sustentar é a decisão de viver uma vida desejante e os efeitos colaterais que ela provoca. porque é a SUA vida. a SUA escolha. as SUAS consequências.
o resto é ruído.
e antes que eu me esqueça:
por falar em ruído, uma das aulas mais importantes do meu método é a Faxina de Ruídos. e ela está presente no processo de mentoria e nas aulas da comunidade (que é um bônus de todas as mentoradas). quero te lembrar que tenho apenas 3 vagas para início em Abril. a mentoria é um espaço de resgate da sua expressão feminina e o caminho para colocar no mundo que você veio ser. e, caso você queira, desenvolver a sua criação e transformá-la num servir. clique aqui para agendar uma reunião gratuita comigo e conhecer os detalhes.
atenção comadres-chiques, assinantes desta news: vocês receberam um convite mega especial no último podcast (que já está no ar e te contei sobre uma decisão muito impactante). teremos um encontro ao vivo entre as mentoradas, as alunas da comunidade e vocês no dia 28/03 às 19h pelo zoom! enviarei o link por aqui em breve. e você que ainda não sentou com a gente, clica aqui pra ocupar o seu lugar.
ps aleatório
a minha música preferida para ouvir na academia é essa aqui. ela tem a capacidade de me tirar de qualquer vibe errada e me trazer para a alegria plena desde o primeiro acorde, juro!
Aprendi a me retirar de onde não pertenço e/ou não sou bem-vinda aos 16. Hoje tenho 36. Já perdi oportunidades, amizades, vínculos familiares, já pedi demissão, fui julgada erroneamente, mas pago o preço feliz. Triste eu era quando fingia que não doía, quando ria para descontrair, sabe? Pago com gosto o preço de ser eu, com as minhas imperfeições, com os meus defeitos mas, acima de tudo, com a minha verdade. Quem me tem, me tem por inteira. Não vou ser metade para ninguém.
como terapeuta que lida com nossa criança interior, a cada fala dessa ela se recolhe e o histórico da infância influencia a sensação de capacidade de sair delas… de ser mais “rápido” (bem entre aspas) ou não. que grande doideira… que grande maluquice ser mulher e se identificar tanto. as mãos que encostam sem serem convidadas. mas a cada nova escolha, um passo pra longe desse rolê todo. um dia de cada vez <3