ontem era sexta-feira. minha ideia era convidar o Lucas para passearmos a noite pelo centrinho aqui no Rosa, mas esse lance de ser fitness acaba com as nossas noites. 21h e já estou caindo de sono porque acordei cedo, trabalhei, treinei pesado e tomei whey. meu Deus, quem eu me tornei??? o que aconteceu com a Ynara que dormia 1h30 da manhã??? pelo jeito, ficou em SP e na casa dos 20 anos…
não fomos passear, mas eu estava tranquila porque a previsão para hoje (sábado) era de sol e poderíamos ir à praia! eu adoro pegar o Paulo (o cooler! apesar de eu amar nomear objetos, essa obra foi do meu amor sagitariano), o Lucas, duas cadeiras, um vinhozinho, alguns petiscos e partir passar a tarde toda vendo o mar.
mas o dia amanheceu com uma névoa densa, branca e fria.
a culpa
eu não sei você, mas eu sou o tipo de pessoa que se sente mal de não fazer nada aos finais de semana. talvez porque meu pai, quando eu era criança, tirava a gente da cama cedo dizendo: “vamo que o dia tá lindo!”. ele ainda tem pavor de quem dorme até tarde. pra você ter uma ideia, na minha adolescência ele costumava amassar latinhas embaixo da janela do meu quarto pra me obrigar a acordar. não adiantava minha mãe pedir pra ele me deixar em paz, eu o ouvia dizer indignado: “já são 10h!!! ela vai emendar o dia com a noite?”. eu acordava p* da vida, obviamente. no auge da adolescência, até chorar de raiva já chorei. ô fase, né?
de alguma forma, isso enraizou em mim. e os finais de semana que passo fazendo absolutamente nada me deixam triste. eu preciso sair nem que for só pra dar um “oi” pro mar. e todas as vezes me pergunto: “eu queria mesmo sair ou só estava me sentindo culpada?”
hoje em dia eu domino melhor essa tristeza por perceber que muitas vezes ela vem do lugar da cobrança. sento e converso com essa criança acostumada a grandes aventuras aos finais de semana e ela vai se acalmando e me permitindo desfrutar do meu tempo de descanso e pausa em paz (aliás, eu te ensino a fortalecer essa relação, aprender a dialogar com essa criança e agir a partir da mulher adulta que você é através desse material aqui).
o descontrole
morar perto da natureza é lidar diariamente com o imprevisível. você faz planos, se programa e quando acorda, percebe que será forçada a passar o dia todo em casa por conta da chuva bizarra que chegou sem avisar.
nós não controlamos nada nesse mundo. não é engraçado como essa é uma das maiores dificuldades do ser humano mesmo sendo uma das maiores verdades da humanidade?
o desafio é lidar com o paradoxo de saber que não controlamos nada e a necessidade de planejarmos nossa vida para termos um norte, um caminho e a motivação para seguir.
é bem por isso que eu gosto de pensar em domínio, não em controle. é como se a vida fosse um cavalo. fica aqui comigo que vai fazer sentido: as pessoas normalmente controlam o cavalo através das rédeas e dos freios que são colocados dentro da boca dele. ele não fica livre para se movimentar e tenho a leve sensação de que os freios machucam (podem dizer o contrário, mas eu duvido que ficar com um negócio de ferro pressionando sua boca seja gostoso). imagina se os cavaleiros criassem uma relação de cumplicidade com o animal e direcionassem o caminho sem pressão, segurando sua crina e permitindo que ele seguisse livre? a direção e a velocidade seriam escolhidas em conjunto através da conexão e confiança entre bicho e homem.
se o homem domina seus medos e suas habilidades, pode confiar tranquilamente no domínio que o cavalo tem sobre si. e vice-versa. e dessa forma, o caminho é trilhado em cumplicidade.
é essa a relação que acredito que devemos ter com a vida. permitir que ela nos leve adiante em seu próprio ritmo, deixando claro quais são nossos desejos e vontades para que ela saiba o caminho. você define o onde, a vida define o ritmo. mas se você definir o onde e botar o freio para obrigar a vida a te levar lá no seu ritmo, pode ter certeza que ela vai te derrubar.
essa foto eu achei no pinterest e desde então ela está no meu moodboard de marca, mas foi nessa viagem da Amazônia que eu cheguei nessa metáfora do cavalo e tudo fez ainda mais sentido.
autoliderança, para mim, é isso. dominar a si mesma para atravessar a vida com confiança. em si e nela. criar essa relação de cumplicidade entre sua mente, seu corpo, sua alma e seu destino para que a comunicação entre vocês fique límpida e direta. isso não significa se livrar de frustrações e imprevisibilidades. c’est la vie, minha cara. sejamos adultas e realistas!
mas levantar e continuar apesar de é o que te fará chegar lá.
e quem sabe, um dia frio de neblina densa não se transforme numa excelente oportunidade para fotos maravilhosas e poéticas!
sempre existirá uma fresta, busque-a e encontrará o fôlego que precisa para seguir.
antes que eu me esqueça…
Junho é o último mês para você entrar na minha mentoria. vou dar um tempo na agenda para retomar o fôlego criativo e nutrir 2 novos projetos. não tenho como te dizer com clareza quando reabrirei porque estou abrindo novos caminhos. então vem tomar um café comigo pra sentir se é o seu momento? é por minha conta! para agendar, clique aqui.
o vlog da semana passada é sobre a Amazônia e tá tão lindo! vem sentir o que foi essa experiência:
curadoria da semana:
assisti o filme “Viva - a vida é uma festa!” e achei a coisa mais fofa do mundo! impressionante como a Pixar acerta em cheio na nossa alma, né?
há anos acompanho a Tamara Klink em suas navegações. ela me inspira muito! esses vídeos contando o que ela está vivendo enquanto seu barco (a Sardinha 2) está ancorado no mar congelado da Groelândia são mágicos!
essa news da Bê sobre coragem é tão singela e linda como um carinho afetuoso nas bochechas, sabe?
nos vemos semana que vem!
com desejo,
Yna
Que texto lindo! <3 Estar no domínio é, também, entender o fluxo e se deixar ir com ele. E minha mãe era igual ao seu pai hahaha até hoje, sinto culpa de não fazer "nada" ou acordar tarde, então preciso conversar com essa criança também. Hoje, eu a entendo - mas adolescência é uma fase desafiadora.
(E "Viva - a Vida é uma Festa" é uma preciosidade! Um dos meus favoritos da Pixar.)
Essas duas imagens falam tanto, tanto, tanto, tanto comigo.
Você na neblina, seus caracóis soltos, a franja da manta, as ondas do mar .. você como uma extensão da paisagem onde está. A foto da mulher no cavalo também me traz essa idéia de extensão, as mãos que com assertividade seguram a crina do cavalo são uma continuação dele e não uma tentativa de controlá-lo.
Sua reflexão e esse insight recebido na Amazônia tem sabedoria, obrigada por compartilhar!! O controle é não só irreal como enrijecedor, não é? Já o domínio ainda que assertivo é totalmente fluído e maleável, como numa dança de par. Belíssimo texto!