todos os dias eu estou aprendendo a respeitar o tempo
e se você também está, respira aqui comigo.
“tenha paciência, minha filha!”. durante toda a minha existência, essa é a frase que mais ouço. dos meus pais, do tarot, da Velha Sábia, dos guias todos, da vida inteira.
não é que eu seja apressada… mentira. eu sou. não tenho paciência com quem anda devagar na minha frente, com a lentidão do computador quando precisa recarregar, com o tempo de cozimento da carne, com a demora do transporte quando compro alguma coisa pela internet, com a quarta temporada de The Boys que nunca chega.
mas o mais difícil: não tenho paciência em me demorar no que sinto caso esse sentimento não seja gostoso. eu quero resolver logo. uma dúvida, uma dor, uma confusão interna. eu quero entender e resolver.
quando sentei na frente da minha analista pela primeira vez, eu disse: “eu sonho todas as noites que meu namorado me trai. eu não aguento mais e é por isso que eu estou aqui”. num tom de quem diz: “o BO é esse. quanto custa pra resolver?”.
nos meus 4 primeiros anos de análise, eu passava a semana inteira resolvendo racionalmente as coisas pra chegar na sessão praticamente apresentando um esquema daqueles de investigação criminal. tudo posto, tudo no seu lugar, tudo entendido. “acertei, né? ótimo! tirei 10! anota isso aí no seu caderno!”.
quando quis dar uma pausa, falei pra minha analista que o motivo era uma exaustão mental. eu queria parar de pensar sobre as coisas na intensidade em que pensava. e ela me disse que era bom que fizéssemos uma pausa pra que eu voltasse praquele espaço sem querer acertar.
elaborar sua bagunça antes da análise é como limpar a casa antes da faxineira chegar. e por mais que eu tirasse sarro da minha amiga praticante da segunda opção, lá estava eu fazendo a mesma coisa em outro lugar.
ao mesmo tempo, sou paciente e compreensiva com o tempo das pessoas (tirando as que andam lentamente na minha frente). sou boa em dar conselhos e dizer que é preciso decantar, que pausa também é movimento¹, que é preciso respeitar o tempo das coisas.
me tornei muito boa nisso porque todos os dias da minha vida eu estou aprendendo a respeitar o tempo das coisas. todos os dias eu respiro fundo e me peço calma. e muitos dias, mas não todos, eu me enfio debaixo do chuveiro para ancorar a presença e a calmaria da água que me falta no mapa astral — mas há controversas: meu sol é no grau 0.16 de áries, então há quem diga que sou quase pisciana. há quem diga ainda que essa inquietação vem do fato de eu não aceitar esse meu lado mais lúdico e que vive num tempo outro. há quem diga, né
?mas há quem diga também que astrologia é balela. e se você for uma dessas pessoas, por acaso você é capricorniana ou aquariana? não? mas tem uma lua, um ascendente num desses dois, né? certeza… e mesmo que eu esteja errada, você jamais me convencerá de que os astros mentem.
porque pra mim, tudo, absolutamente tudo se conecta nesse universo. se a lua mexe com as marés e nós somos 70% feitos de água, impossível passarmos ilesas às suas fases. principalmente pessoas que, como eu, nasceram com um caldeirão chamado útero dentro de si. é ligação direta, mermã!
é só falar de astrologia que eu me perco um pouquinho. voltando à paciência…
ano passado eu conheci uma outra feitiçaria que, confesso, conseguiu ser ainda mais precisa que a astrologia no meu entendimento sobre o que é ser Ynara.
um dia surgiu na minha DM uma tal de
que vira e mexe falava comigo comentando em um conteúdo ou outro. mas nesse dia específico ela resolveu me dar de presente o seu trabalho: uma leitura de Mapa Rúnico.eu nunca tinha ouvido falar, mas se tem algo que eu sempre estou disposta a aceitar é a medicina de outra mulher. aceitei felizona e marcamos a leitura.
o Mapa Rúnico é a leitura do seu nome a partir das runas. cada letra do nosso nome traz um significado que revela quem somos, potências e falhas. e ninguém antes tinha me explicado tão bem a minha dificuldade em ser paciente como a Luiza naquele dia.
foi como se alguém me abrisse e desatasse os nós para que eu visse com clareza os caminhos que eu trilho com meus impulsos, pensamentos, desejos, medos. não é um milagre ou um botão que você aperta e tudo se resolve. ainda faço análise e ainda lido com a minha falta de paciência todos os dias. mas eu lido melhor. eu lido com carinho, sabe? eu vejo o conflito que se forma dentro de mim e ao invés de me forçar a resolver, eu solto o ar junto com a pressão interna.
esse lado impaciente não é um defeito, uma falha, um erro. é parte desse todo aqui. e graças a ele, realizei muitas coisas na minha vida. mas ando entendendo onde ele brilha mais. não é toda hora, é pontual.
naquele dia a Luiza me deu um presente muito maior do que ela imaginava. primeiro porque ela se tornou uma pessoa que eu considero amiga. depois, ela me deu mais uma peça que me fez amar um pouco mais essa loucura que é ser gente. e que é ser Ynara.
recentemente, eu entrei na Clareira da
. estamos mexendo juntas um caldeirão bonito e potente pra nova fase da Desejante. V. me perguntou se eu queria compartilhar em tempo real o processo pra vocês ou não. eu diria que sim, tempos atrás. hoje eu disse que não. eu disse que eu quero viver em presença e paciência o engrossar desse caldo. quero poder sentir com ela os caminhos sem me apressar a prometer, compartilhar, revelar nada.quero respeitar o tempo das coisas.
Nauthiz: signo do vazio, traz o aprendizado da necessidade, os mistérios da não-ação.
essa é uma das minhas runas. está no meu nome. todos os dias quando eu digo que me chamo Ynara, eu estou compartilhando todo um universo invisível com quem ouve.
eu me orgulho de ser uma grande incoerência. de ter uma calma apressada pra ver a vida acontecer. eu tenho tentado rir mais disso, sabe? ser mais compreensiva, acolhedora, curiosa com essa dicotomia.
vou continuar me irritando com quem anda devagar na minha frente e com a casual lentidão do computador? sim. sou gente, né? mas é uma verdade que tenho confiado bem mais na magia e no tempo da vida. e posso te garantir: tem muita coisa bonita acontecendo por conta disso.
aos poucos, palavra por palavra, véu por véu eu vou revelando pra vocês. e eu preciso dizer que é uma delícia saber que você me lê. muito, mas muito obrigada por isso — ops, a pisciana escapou.
a Luiza é muito maravilhosa e me trouxe um presente pra dar pra vocês: um cupom de desconto de 20% na leitura de Mapa Rúnico. se você sentiu de fazer, entre em contato com a Lu aqui e diga que veio da Desejante. o cupom é YNA20 (me sinto tão blogueira hahaha)
a Clareira tem sido um espaço muito nutridor e revelador pra mim. a Verbena tem uma guiança precisa e amorosa que só as virginianas são capazes de ter. me sinto tão à vontade ali! despida de qualquer expectativa torta e cheia de vontade! tá sendo lindo. se você deseja deixar sua escrita e seu substack ainda mais alinhados com você, conheça esse trabalho lindo.
os meus serviços estão todos em pausa no momento, mas tá sendo gestado um projeto tão, mas tão lindo. não vejo a hora de compartilhar com vocês!
curadoria da semana
🎧essa música me dá vontade de dançar gostosim
🎬os vlogs da Nati Pompeu são meus grandes companheiros
📚eu adoro a news da
A pisciana escapou mas a virginiana com ascendente em escorpião, lua e filha em câncer ficou — profundamente encantada por esse texto e por te ver trazer com tanta beleza luz e sombra, impulso e espera, realizar e decantar. Que preciosidade Yna!
E confesso que meu coração acendeu ao ver outra vez por aqui o seu “pausa também é movimento”. Quando sentir que é hora, quando a decantação virar ignição, escreva sim esse texto! Por você, por mim e por todas nós que damos nossa cara a tapa ao colocar nossa expressão autoral no mundo e que as vezes vemos aquilo que construímos escapar por entre os dedos.
Abrir esse Clareira com você e mergulhar na Desejante mais Desejante que nunca tem sido um prazer e honra. Obrigada por divulgar o meu trabalho, comadre. ❤️
Sei como é Yna, muita identificação com essa parte (Ascendente em Virgem e Lua em Capricórnio): "mas o mais difícil: não tenho paciência em me demorar no que sinto caso esse sentimento não seja gostoso. eu quero resolver logo. uma dúvida, uma dor, uma confusão interna. eu quero entender e resolver."