perder o medo de ser feliz
encontrar o lugar e as pessoas onde eu posso celebrar em paz
o ano era 2013 e eu voltava para São Paulo depois de quase um ano morando no Rio de Janeiro. apesar da cidade ser considerada maravilhosa, minha temporada por lá ficou bem distante desse adjetivo. com exceção do Luiz, da Darwin e da Vivi.
esses três seres humanos me fizeram sentir viva num momento onde tudo estava meio turvo. eu podia ser e sentir ao lado deles sem medo, sem máscaras. por isso, deixá-los foi a única coisa que realmente me deixou triste ao ir embora.
cheguei em São Paulo e comecei a trabalhar no Spot, um restaurante descolado dentro do shopping JK Iguatemi. e foi ali, em meio aos sofás vermelhos, os pratos ridiculamente pesados e a trilha sonora de Gal Costa perguntando “quem vai querer comprar banana?” que eu finalmente reencontrei minha forma de ser feliz.
eu não amava o trabalho, mas eu amava as pessoas. o Diogo do caixa; o Jozinha da cozinha; a chef Maíra; o Fê da sobremesa; o Fê da salada; a cliente que sempre sentava no meu setor e levava seu próprio vinho; o cara que parecia Chico Buarque jovem que ia com a namorada e o salão inteiro cobiçava os dois; o Matheus, meu gerente rabugento; o PH, com seu cabelo impecavelmente arrumado; a Elena e suas histórias constrangedoras; a Ananda, a Yanne, a Gaba, a Lara, a Bia, a Mell… minhas amigas, minhas pessoas. até hoje.
foram as pessoas que me impediram de perder a sanidade no Rio e foram as pessoas que me permitiram reencontrar quem em sou em São Paulo. são as pessoas da minha vida que me lembram diariamente quem fui, quem sou e quem nunca serei.
eu amo a minha solidão. me acho ótima companhia e deitar comigo, uma taça de vinho e um filme cabeçudo num sábado a noite é dos meus programas preferidos. mas se qualquer uma das minhas pessoas me chamar para estar com elas, eu vou correndo. e não pense que é só na tristeza, viu?
eu quero rir com elas até a barriga doer. eu quero chorar de alegria com suas conquistas, suas gravidezes, seus casamentos, seus prêmios, suas maratonas, seus faturamentos. eu quero dividir com elas minhas alegrias, conquistas, desejos, vontades, sonhos.
eu quero ser vista ridiculamente feliz e eu quero presenciar a felicidade de quem eu amo. eu quero ser testemunha de existências vibrantes!
eu quero ter com quem dividir essa vida pra sempre. porque ela é intensamente caótica, mas infinitamente mais leve quando compartilhada.
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