o trabalho que ninguém quer fazer
preferimos lamber nossas feridas do que botar a mão na massa.
essa semana rolou o primeiro do clube do livro da minha comunidade de alunas e mentoradas. nesse primeiro semestre, vamos ler capítulos aleatórios de dois livros: Mulheres Que Correm Com Os Lobos e A Jornada da Heroína.
mas antes de seguir: se você está me lendo do seu e-mail, quero te sugerir de conhecer o cantinho onde todas as news são publicadas e ficam salvas pra você poder ler quando quiser. como uma biblioteca (eu amei fazer essa comparação). é só clicar aqui! uma sugestão: considere ter o app do substack no seu celular ou tablet. a leitura fica ainda mais confortável e ritualística.
apesar de eu sempre ter amado assuntos artísticos, místicos e de autoconhecimento, eu sempre fui avessa ao tom tilelê-nanaíra-nova-era que esse combo trazia.
eu sei que quando falamos em “roda de mulheres” você pode ter uma imagem de um grupo de mulheres brancas vestidas de flor, chorando e se abraçando completamente alienadas da realidade do mundo tal qual Blake Lively promovendo “É Assim Que Acaba”.
eu não acredito nisso. e eu não sinto muito se eu, neste exato momento, destruí a ideia que você fazia de mim. mas não é culpa sua: eu sou branca, tenho sardas, falo de um jeito fofo e trabalho com mulheres. a conta fecha.
não é possível provocar mudanças e invocar nossa força interna sem a raiva, o caos e a desordem. e nesse primeiro encontro do clube do livro, falamos exatamente disso enquanto discutíamos o conto do Barba Azul (capítulo 2 do livro Mulheres Que Correm Com Os Lobos).
toda mulher que lê esse conto, associa logo a um relacionamento abusivo. infelizmente, eu sei que posso dizer “toda mulher” porque são raríssimas as que nunca vivenciaram algo do tipo.
o predador que te seduz, depois te isola e corta toda a sua força criativa, curiosa, audaciosa, ousada, DESEJANTE. você pensou em alguém, eu sei. você sabe quem foi.
Clarissa (a autora do livro) faz todo um panorama desse predador para que o reconheçamos dentro e fora da gente. mas teve uma passagem que eu não me atentei nos meus 20 e poucos anos e que agora beirando os 34 saltou aos meus olhos.
o predador cultural.
aquele que alimenta e mantém viva a estrutura egóica em que vivemos. aquele que nos distancia dos caminhos instintivos e intuitivos porque a única verdade é a que está imposta. aquele que nos proíbe de questionar ou transforma nossos questionamentos em uma ameaça às normas e à vida correta.
é por isso que para mim uma roda de mulheres não é lugar para lambermos nossas feridas e nos abraçarmos, apenas. é um lugar de trabalho. um trabalho de resistência profunda, de organizar caminhos possíveis e concretos para não perdermos a vida criativa enquanto o mundo tenta ao máximo apagá-la.
é um lugar de honra, não apropriação. um lugar onde a gargalhada, a leveza, o prazer e a suculência da vida precisam estar presentes.
na vivência de Liderança Feminina que tenho a honra de co-guiar na Amazônia, um dos encontros é com a Dona Marlene que fundou aos 16 anos a comunidade do lago Acajatuba. fazemos uma roda em volta dela e ouvimos suas histórias e seus conselhos. e o principal: fofocamos! Dona Marlene fala de sexo, dá dicas de relacionamento e nos faz chorar de rir. ela nos lembra da importância de nos mantermos vivas, felizes e férteis.
a passividade corrobora com o que esperam que a gente seja. o autoconhecimento que só aponta os predadores e te coloca sempre como a vítima te distancia da sua humanidade. você é luz e sombra, amor e caos, prazer e dor.
estou aprendendo com Bell Hooks o que é o amor. felicidade e amor não são sentimentos passivos. são ações. dá trabalho amar e ser feliz. não cai do céu, não vem com “manifestação” e com uma frase de pinterest no fundo de tela.
sendo bastante honesta com você, eu não acredito que o mundo ficará mais fácil ou mais leve. eu queria poder dizer o contrário, mas não é o que sinto. por isso, quanto mais a gente puder se transformar em agentes ativas do que acreditamos, melhor. quanto mais nos organizarmos e transformarmos nossas rodas de mulheres em um lugar de acolhimento, sim, mas também de trabalho, melhor.
uma amiga me disse: “as bruxas sempre sabem quando se recolher”. mesmo que o recolhimento seja necessário, que dentro dos nossos círculos a gente sustente o trabalho de preservar a vida criativa.
fizeram isso por nós. façamos isso para quem vier. aqui está nosso legado.
antes que eu me esqueça…
para conhecer a Dona Marlene, a Nildoca, a Sueula, a Gisele e a força da floresta amazônica enquanto trabalha sua liderança interna através dos exercícios e trocas guiados por mim, preste atenção: as vagas para a terceira edição da Amazen Liderança Feminina estão abertas e são limitadas. eu te garanto: é a roda de mulheres mais forte, amorosa e divertida que você vai presenciar.
e se o que você precisa é trazer ao mundo a sua voz para ecoar nesse movimento e transformar a sua vida em campo fértil e desejante, considere entrar para o meu clã de mentoradas. clique aqui para ter mais informações e para ver o novo site que tá lindo demais, afff, não tô dando conta.
caso você queira iniciar o seu processo na escrita auto investigativa e começar a nutrir uma relação gostosa e real com você mesma, considere se tornar patrocinadora desta newsletter no plano anual porque você ganhará de presente o Manual da Mulher Adulta, um workbook com exercícios de escrita e algumas masterclasses para ampliar sua experiência.
curadoria da semana:
🎧essa música se tornou a trilha sonora da Desejante. se você não fala inglês, procure a tradução para sentir o poder dessa oração.
🎬o Robinson hablou e eu aplaudi. esse vídeo maravilhoso representando todos os jovens místicos realistas.
📚vira e mexe eu vejo mulheres por aqui pedindo indicação de uma news com vibe de revista, e eu descobri que a newsletter da Escuta Ela é esse espaço pra nós, millenials saudosas e desejosas de uma companhia gostosa que nos inspira e informa.
Que edição foda, Yna. Quanta coisa importante sendo dita aqui. “fizeram isso por nós. façamos isso para quem vier. aqui está nosso legado”
Aqui está o nosso legado! Salve a lucidez! ❤️