ninguém me diz o que eu quero ouvir
eu sei que não é o que eu preciso agora, mas seria tão bom...
“eu não tô entendendo o que você quer de mim!”, eu digo pro tarot depois de várias tiragens confusas. respiro fundo e peço uma resposta mais clara. ela vem:
“você só não está entendendo porque não é o que você deseja ouvir. aceite o conselho, pare de tentar transformá-lo no que você quer, minha filha”
ela. sempre ela. a Velha sábia que me guia e me aguenta lamentar que as coisas não acontecem do meu jeito.
fato é que desde o início desse ano, tenho sentido a minha vida em marcha lenta. tudo o que eu vislumbro fazer, parece que não vai, sabe? me lembro do ano passado que foi um dos mais gostosos desde a pandemia. tudo estava fluindo tão bem! o que está acontecendo agora?
segundo o tarot, esse é um ano de muitas transformações pra mim. segundo ele, minha vida esse ano entra em um outro lugar. tudo o que ele me pede nas milhares de tiragens é PACIÊNCIA. e aí eu te pergunto: por que diabos a vida me quer paciente e me fez ariana de sol e ascendente? é o meu famoso ditado “a Deusa escreve certo por linhas caóticas”.
você já percebeu que sou uma jovem mística, né? zero vergonha de admitir. até porque me considero crítica e consciente o suficiente para me guiar pelo cosmos e manter os pés no chão. sigo a astrologia, leio tarot e converso com mentores espirituais. e ninguém, absolutamente ninguém, está me dizendo o que eu quero ouvir. tá todo mundo junto numa grande conspiração contra meu imediatismo: a Velha, Santa Sara, Iansã, Hékate, Kali, Afrodite, meu anjo da guarda e Jesus. sim, eu atiro para todos os lados.
“não faça nada. permita que a vida aconteça e mostre o caminho. viva as suas crises internas com presença e cuidado. nutra-se. pare de se doar agora, não é o momento. recolha-se. sinta. as coisas chegarão, já estão a caminho. mas você não irá acessá-las antes do tempo. tenha fé.”
é o que ouço enquanto encaro a carta do Heremita seguida da Torre. o Heremita é a solidão. se recolher, se investigar, iluminar os próprios passos e descobrir a saída aos poucos, conforme avança no caminho sem saber ao certo onde está. é confiar na própria sabedoria e intuição e seguir. e só assim, abrir caminhos para quem vem depois e segue sua luz. a Torre é o puro suco do caos! algo que chega e destrói o que está posto para abrir espaços para o novo.
há tempos eu sinto o cheiro dos novos ventos, mas não consigo decifrar o que eles trazem. vira e mexe me desespero e foco na falta, no que vou perder. vez ou outra foco nas inúmeras e imensas possibilidades. elas me excitam e me assustam na mesma medida.
pela primeira vez em 6 anos me sinto perdida.
em 2019 eu decidi mudar de carreira e de vida. saí de todas as agências que me representavam como atriz e de todos os restaurantes que pagavam minhas contas. mudei minha vida completamente. passei a trabalhar com as redes sociais e aqui estou eu hoje, vivendo do que crio. mas sinto que chegou a hora de alguma coisa mudar novamente. dessa vez, não sei se tem a ver com o trabalho. quer dizer, como você percebeu ao longo dessa newsletter: eu não sei de absolutamente nada. tô tateando a completa escuridão.
o Lucas me mostrou um vídeo da Juvi Chagas onde ela diz que viver é como andar de costas, a gente vai descobrindo o que tem no futuro conforme caminhamos e ele se revela. achei incrível essa analogia!
e fico me perguntando: se eu sei de tudo isso tão bem no meu racional, por que eu me apavoro tanto quando sinto que não controlo a vida?
talvez seja realmente um problema de fé. ou ansiedade. de qualquer forma, a terapia está em dia, o tarot também. nenhum dos dois me traz alívio, verdade seja dita, mas de uma forma estranha eu me sinto menos sozinha. se é para eu esperar, é para eu esperar, uai! se é isso que a vida quer de mim agora, é o que ela terá.
à deriva. completamente à deriva.
esse texto chega pra você um dia depois da Páscoa. eu não sou cristã (apesar de achar Jesus mara, eu não leio nem sigo a bíblia ou qualquer dogma religioso — e não estou pedindo para ser convertida, não perca seu tempo), mas sou bruxa. e a Páscoa é também Ostara, a primavera. a expansão pós-recolhimento.
“ninguém é eterno inverno”.
eu escrevi essa frase há um tempão no meu caderno. independente da sua crença religiosa ou espiritual, eu te sugiro parar e pensar: em qual estação sua vida se encontra agora?
eu estou no inverno. precisando do silêncio e nutrindo a espera. tenho tentado acelerar o tempo, mas ele não me obedece e as flores continuam sem aparecer.
daqui eu me lembro do conselho que recebi da Velha:
aproveite cada estação. não é possível pular ou acelerar o tempo. tempo é para ser sentido, vivido. cada etapa importa e se não fosse o inverno, você jamais conheceria a beleza das flores. tenha paciência. sustente o vazio. respeite a vida enquanto ela acontece em você e te transforma. deixe que ela faça o trabalho dela. encante-se com o não-saber, ouse se abrir para descobrir. está tudo no seu devido lugar.
deixo esse conselho pra você também. lotado de clichês, como todo conselho de vó. mas recheado com a sabedoria mais pura, simples e profunda de quem está na vida há muitos e muitos anos e já percebeu que o grande segredo é deixá-la fluir.
nós, eu e você, precisamos viver um bocado mais para ter essa leveza. enquanto isso, seguimos aqui transformando caos em poesia.
antes que eu me esqueça…
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curadoria da semana
🎧estou viciada nessa música e pensando como as redes sociais podem fazer a gente enjoar de uma coisa antes de conhecê-la, né? só ouvia pequenos trechos, aí resolvi dar uma chance. gente! essa letra!!!
🎬como uma mulher que está vivendo o desejo da maternidade, eu realmente amei ouvir a perspectiva do
sobre se tornar pai. esse vídeo é lindo!📚comecei a ler Lolita e estou sentindo todo tipo de sentimento. estou adorando porque ele realmente te envolve, mas estou odiando ficar tão envolvida na história de um monstro. eu amo o que a arte faz com a gente…
Tem uma ideia que tem me vindo, que me lembrei muito enquanto te lia: a ideia de que eu morava em uma montanha-russa mas agora estou me mudando para uma roda gigante.
Os altos e baixos continuam, mas acontecem numa outra cadência. De algum modo, a roda gigante tem me ensinado sobre a bendita paciência, à força diga-se de passagem, pois nela não há essa velocidade toda a que eu tanto estava acostumada e até achei que precisasse para me sentir viva. Quando chega a hora de descer, o que seria para mim meio que esse inverno que você trouxe, não há o que fazer a não ser passar por ele, e na velocidade que ele quer.
Como diz uma frase da série A Roda do Tempo, que me marcou muito: “A roda tece o que a roda quer”.
Te sinto. 🫂🫂🫂
te sinto, e me identifico em taaaantos níveis com a sua fala, amiga. eu aprendi a apreciar os invernos (meio que a força, rs) depois de perceber que é nessa fase que "crescemos pra dentro". aprendi a me encantar não só com a beleza das flores que abrem a céu aberto, mas com as raízes que aprofundam na escuridão. de alguma maneira também já foi desafiador por aqui apreciar um crescimento que ninguém tá vendo e nem aplaudindo (a sombra da leonina né rs). mas de alguma maneira que não seu bem explicar tem muita beleza e poesia nesse lugar onde expandimos em solitude...