justificativas apagam a alma do seu desejo
ou eu justifico meus desejos com alguma causa nobre para me livrar da culpa que eles me causam.
hoje é domingo. a praia está silenciosa e preguiçosa. pessoas esparramadas em suas cangas embaladas pelo som uterino do oceano em movimento.
tão diferente da terça carnavalesca de semanas atrás… (ainda bem!)
a areia está seca e faz aquele barulhinho quando as pessoas pisam, sabe? eu tenho um arrepio danado, mas tô precisando trabalhar isso em mim desde que decidi morar no litoral. igual meu medo de barata…
neste segundo duas crianças apresentam pra mãe de uma delas uma dancinha que provavelmente aprenderam no tiktok. com rebolados infantis, movimentos exagerados e descoordenados, elas se divertem. me lembro da pequena Ynara nos anos 90 repetindo cada movimento da Sheila Carvalho e pedindo um bambolê de presente de aniversário…
agora as duas estão no mar inventando outros mundos e eu finalmente vou começar a te contar o motivo pelo qual te escrevo hoje.
eu tive um professor de interpretação que me ensinou uma das coisas mais preciosas e que eu trouxe comigo como uma prática diária de uma vida desejante.
quando acabávamos de apresentar a cena pra ele, a ansiedade tomava conta do nosso corpo e a necessidade de justificar o por quê tivemos cada ideia vinha com tudo. e ele respondia com um simples e direto: “NÃO JUSTIFICA!”
segundo ele, a cena deveria comunicar por si. se existe a necessidade de justificar, existe insegurança, incerteza, falta de confiança… e tudo isso é sentido pela plateia que acaba não se envolvendo na história, apenas percebendo as lacunas abertas pela falta de presença do ator.
ao contrário da vida, no teatro a opinião e reação do público importa. e muito! afinal: tudo é feito para ele.
mas voltando pra vida…
eu tenho um hábito do qual trabalho para me desvencilhar há anos. estou bem melhor porque já identifiquei e, na maioria das vezes, consigo que ele não me vença. mas ele ainda existe e sua voz estridente ainda fala na minha mente tentando chamar minha atenção e me desviar do meu caminho.
o hábito é: eu justifico meus desejos com alguma causa nobre para me livrar da culpa que eles me causam.
por exemplo: hoje acordei com uma vontade danada de comer um daqueles doces bem doces que até ardem a garganta, sabe? eu amo! sempre amei! desde criança! e aí minha mente já começou a me dizer que “tudo bem porque eu estou de tpm”.
se antes eu fosse falar para o Lucas parar na padaria comigo porque eu quero um doce, eu diria: “lindo, eu tô de tpm. para na padaria pra eu comprar um doce?” e diria sorrindo e envergonhada pra atendente “tpm, sabe como é!” e me sentiria mais aliviada por ela saber que eu não estava ali só porque queria.
isso não é uma loucura. isso é o que fazemos com nossos desejos. abafamos, mascaramos, maquiamos, justificamos para que eles tenham uma cara mais aceitável.
pra quem? pro olhar do outro.
mas lembra: isso é a vida, não o palco. o olhar do outro sobre o que você deseja fazer da sua vida não determina o sucesso ou o fracasso da sua história.
eu comecei a mudar o meu discurso e confesso que no início tremi na base, mas logo em seguida, senti um alívio tremendo.
te dou outra cena como exemplo:
um dia qualquer da semana passada eu estava com o total de 0 vontade de ir pra academia. Lucas me pergunta: “que horas a gente vai hoje?” e eu: “eu acho que não vou porque… ahhh… eu tô um pouco cans… quer saber? eu não vou porque eu não quero. eu não tenho que me justificar!”. ele riu e disse: “era justamente o que eu ia falar!”
eu senti todo meu corpo relaxar! a tensão de talvez me forçar a fazer algo que o corpo inteiro estava me pedindo para não fazer só pra não precisar justificar o meu desejo pro outro aliviou.
tomei um banho com presença, fiz meu skincare, massageei minhas pernas e pés enquanto assistia Casamento Às Cegas. era isso que eu desejava fazer naquele final de tarde.
me sentir confortável enquanto realizo meus desejos é um trabalho diário e cada dia mais bem executado. porque é com a prática que a naturalidade chega.
a voz do meu professor me dizendo para não justificar chega sempre como um alarme me fazendo aterrizar em mim e escolher um caminho diferente.
minha pequena criança, além de dançar axé, era a rainha do “agora eu não tô com vontade”. hoje, peço pra que ela tome a frente nesses momentos e me ensine a leveza de existir sem me explicar.
e ela tem sido uma excelente mestra!
uma vida desejante é uma maneira de existir nesse mundo. olhares atentos, coragem e ousadia para mudar e vivenciar com generosidade os processos. e desfrutar com presença e desejo cada face de si que se desvenda ao longo do caminho.
chegamos em Março, o mês em que esta plataforma entra com os dois pés nessa temática! mês 3, da Imperatriz no tarot, do ano novo astrológico e do evento mais aguardado do ano: meu aniversário (dia 21, anota na agenda).
esta semana, você que é assinante-patrocinadora do meu trabalho, receberá o primeiro episódio do podcast Curiosa&Desejante! e ao longo deste mês, chegará no seu e-mail capítulos secretos e sagrados dessa travessia onde compartilharei também práticas, dicas e indicações só pras comadres.
considere ser parte dessa roda e nutrir em conjunto uma vida muito mais prazerosa e sua. só sua!
com desejo,
Yna
(caso você sinta de vivenciar um processo mais íntimo, personalizado e exclusivo onde te direcionarei passo a passo na construção da sua versão desejante, conheça a Mentoria Lidere Sua Vida. as vagas de Março estão esgotadas, mas tenho 3 horários disponíveis para Abril. clique aqui, preencha o formulário e aguarde meu contato porque antes de firmarmos qualquer compromisso, a gente vai se conhecer!)
A culpa, sempre a culpa. Feliz q vc já está no caminho de a deixar quieta e silenciosa!
Por aqui, o peito ainda aperta antes de fazer algo apenas "porque sim". Mas, seguimos na terapia e na tentativa! :)
Ai ai, como eu amei essa história de "rainha do agora não tô com vontade", dei risada. Temos muito mesmo para aprender com quem um dia fomos né? Aquela versão sem filtros que além de não de se justificar nos porque não's também não se justificava nos porque sim's - não quero ir e ponto, eu gosto disso e ponto, final de conversa.
Esse escrito me fez pensar bastante e perceber que também tenho essa tendência principalmente quando quero desmarcar um compromisso só porque não to com vontade de ir.
Obrigada por colocar essa reflexão no mundo! beijos, beijos.