prefácio
a Desejante é uma newsletter gratuita, mas caso você queria pegar o bonde chamado Desejo para nosso círculo íntimo de comadres, eu quero te contar que estamos com novidades.
se você se inscrever no plano mensal, você receberá quinzenalmente um novo texto da nossa seção Dramáticas! serão análises de filmes, livros e séries sob a ótica da autoliderança desejante. vamos mergulhar nas escolhas, nas relações e na complexidade de personagens tão intensamente humanas como nós.
se você se inscrever no plano anual, além da sessão Dramáticas, você receberá o Manual da Mulher Adulta, um workbook com 10 mergulhos intensos (ou exercícios) que eu escrevi e desenvolvi. é um guia para o início da sua relação com a liderança interna. eu tenho muito orgulho dele e sei que será um grande aliado no seu processo.
esse trabalho é minha realização. será uma delícia ter você nesse bonde!
no final de semana passado, fomos ao mercado atacadista que o Lucas ama. essa é uma piada interna aqui, inclusive. te juro: se ele vai sozinho, passa no mínimo umas 2 horas por lá. em qualquer mercado, aliás.
uma vez, ele e minha mãe foram juntos num dia que estava tendo uma mega promoção de vinho. minha mãe é extremamente cuidadosa e detalhista: lê os rótulos de tudo o que compra com paciência e atenção. eu e meu pai somos mais ansiosos, então decidimos ficar em casa para não enlouquecer com os dois. resultado: chegaram quase 3 horas depois. sem brincadeira.
outra informação aleatória que te dou: quando criança, eu tinha medo de mercado atacadista. não sei. era tudo muito grande e muito feio. eu morria de medo de me perder e minha mãe nunca mais me encontrar. ai ai, ser criança…
hoje em dia não tenho mais medo. só detesto que me deixem no caixa sozinha enquanto vão buscar algo que faltou porque fico extremamente nervosa com as pessoas me olhando com aquele olhar de reprovação com pressa.
mas o assunto de hoje é outro. vamos a ele.
no final de semana passado, chegando no mercado, percebi que estava tendo uma feira de adoção de cachorros. eu falei pro Lucas: “vamos lá ver!!!” (sempre muito empolgada com filhotes). fomos. eu olhei, mas não me permiti olhar de verdade. eu tive muito medo de realmente gostar de algum e não poder levar.
dentro do mercado, vi uma menina de uns 10 anos implorando para o pai por um filhote. ele disse: “filha, não dá. nós já temos 3!”. eu me lembrei de mim criança implorando pros meus pais para ter um furão. depois um cachorro. passei anos, ANOS, nessa missão. num deles eu ganhei um cachorro de pelúcia que não amenizou em nada o meu desejo.
eu costumava ligar no trabalho dos meus pais no meio de uma tarde tediosa para tentar conquistar meu objetivo. juro.
venci pelo cansaço. uns bons 8 anos depois do primeiro pedido.
quando eu fiz 12 anos, a Lua veio morar com a gente. ela era o amor da minha vida. capricorniana do dia 29/12, brava, rabugenta e arrogante com os outros. extremamente amorosa com a gente e especialmente irritada comigo, com razão. eu atormentava a vida dela com beijos, apertos e provocações.
14 anos depois, ela quase morreu nos meus braços. eu a vi delirando com a proximidade da morte. mexia as patinhas como se tivesse nadando e eu fazia carinho enquanto perguntava: “o que você está vendo agora?” e dizia que ela podia ir. que estava tudo bem. a entreguei ao meu pai para tomar um banho porque ela havia feito xixi em mim. saí do banho e não tinha mais Lua. só um corpinho vazio, leve e murcho.
eu senti nas minhas mãos naquele dia o peso da vida. alguma coisa realmente nos deixa quando morremos. nosso corpo sem vida é só uma casca, um saco vazio.
até hoje, quando eu escuto o barulho do motor do carro dos meus pais, eu tenho um ímpeto de levantar para ver se a porta de casa está fechada. era nosso ritual porque a Lua era minúscula e tínhamos muito medo dela sair e ser atropelada acidentalmente.
sinto falta do cheiro dela, da textura da barriguinha encostando meus lábios quando eu enchia ela de beijo até ela se irritar, da patinha que ela colocava na minha boca e me empurrava quando não queria mais carinho (juro por tudo, era hilário), de ver a carinha dela na janela quando chegávamos em casa.
a Lua me mostrou um amor muito diferente de tudo o que já senti. que hoje eu também sinto pelo Otelo, cachorro dos meus pais que é a coisa mais gostosa do mundo todinho. esse amor de bicho. essa coisa que a gente sente quando olha nos olhinhos tão cheios de vida que eles tem.
eu sinto muita falta disso.
por isso fui correndo ver os filhotes na feira do mercado, mas me contive. eu sei que se eu olhar nos olhos certos, eu não vou conseguir dizer “não”. minha criança interna está até agora ligando no meu trabalho para implorar por um cachorro.
digo que ainda não podemos. hoje entendo muito meus pais. era bem gostoso quando as escolhas não vinham atreladas a consequências. ser adulto é pensar no depois. algo que não existe quando a gente é criança…
talvez eu também devesse não pensar tanto no depois. talvez eu devesse fechar os olhos e me jogar no precipício das minhas escolhas com a certeza de que serei amparada. talvez, e só talvez, o que me falta é fé.
me impeço de olhar profundamente nos olhinhos dos filhotes com medo de me entregar a eles. porque sinto que não posso. que não devo. que me falta espaço, tempo, segurança.
e talvez você esteja me lendo e pensando que eu não deveria me privar desse amor. que eu deveria me lançar no escuro. que a vida sempre se ajeita e eu vou dar conta de cuidar dele.
eu te digo o mesmo. porque eu sei que pode não ser um cachorro, no seu caso, mas talvez um outro tipo de amor que você esteja se privando de viver. uma outra vida, num outro lugar, numa nova profissão com um novo corte de cabelo. não sei…
mas te abraço daqui. porque eu posso ter me jogado em muitas coisas que você deseja e hoje não consegue, mas existem outras tantas que eu só observo da margem.
o que eu desejo, pra mim e pra você, é que a gente salte, em algum momento. eu desejo que a gente tenha um pouco mais de fé na vida. que a gente solte o controle e se permita viver o que nos preenche de amor! eu desejo que a gente confie na nossa capacidade de gerenciar crises, criar soluções, dar conta da gente. eu realmente desejo que a gente perca o medo de mergulhar fundo no que nos transforma.
e eu acredito que faremos isso. eu e você. pelo menos estamos buscando. e isso já é um bom sinal…
antes que eu me esqueça…
essa semana, dia 10/10, as inscrições para a imersão presencial Desejante se encerram oficialmente. AHHHHHHHHH! tô tão empolgada! tá ficando tudo tão lindo, gente! preparei um presente pra vocês que, olha… eu tô de verdade emocionada por ter conseguido. hoje, o dia que te escrevo, é sexta (04/10) e restam 4 vagas. não sei se ainda estão todas liberadas, mas você pode conferir diretamente comigo e já garantir a sua aqui.
toda quinta temos novos episódios do podcast e você pode assistir no youtube ou ouvir no spotify.
curadoria da semana:
a série “Monstros: Irmãos Menendez” da Netflix mexeu muito comigo. fiquei toda bagunçada pela complexidade de sentimentos que essa história causa. e a atuação dos protagonistas me ganhou muito! tem um episódio que é inteiro focado no personagem Erik contando sua história. se Cooper Koch não for indicado a nenhum prêmio, ficarei surpresa!
a genial Laurinha Lero está no substack e eu quase morri quando descobri. sou muito fã do humor dela, morria de rir com o podcast e tô bem feliz de poder lê-la por aqui:
essa edição da newsletter do meu querido mentor
me ganhou muito. como eu comentei com ele, sinto muito que ele tenha passado por isso, mas ainda bem que passou porque o texto ficou bom demais:
Quando amor nesse texto! ♥️
Tivemos a Lila por 17 anos e esse amor de bicho é sem igual.
A minha eu de 40 veio do futuro me contar esses tempos que teremos dois gatos e dois cachorros galgos que de pé são maior que eu. Haha.
Obrigada por esse abraço 🫂
Em certas leituras pego-me pensando “Yna Marson está acompanhando minha vida de perto, não pode ser tanta coincidência”. Mas sei que é o Universo conversando comigo, dando sinais e confirmando orações por meio desse lindo trabalho que ela faz 🤍