Eu me recuso a viver num mundo sem Rita Lee.
E é justamente essa rebeldia que vai me, te, nos levar até onde nossos desejos alcançam.
Para ler ouvindo “Coisas da Vida”
Rita nunca soube o quanto era importante pra mim. E eu confesso que talvez nem eu sabia. Rita era pra mim como uma tia distante que está sempre nas festas de família e que eu sempre amei e admirei, mas nunca demonstrei muito porque vivia confortável sabendo que ela sempre estava lá.
Eu nunca imaginei um mundo sem ela. Mesmo quando soube de sua doença, eu tinha plena certeza que ela se curaria e permaneceria por aqui por mais uns bons anos. Eu simplesmente ignorava sua mortalidade.
Segunda passada eu trouxe pra você que me lê uma entrevista dela com a Fernanda Young. Terça eu acordei diferente. Dei a aula mais energética e conectada que já dei nesses anos como mentora/comunicadora. Saí e veio a notícia.
A minha reação no áudio que enviei pro meu pai (que foi quem me avisou) foi: “NÃÃÃÃÃÃÃO!!! Eu não aceito um mundo sem Rita Lee! Não existe ninguém tão legal quanto ela! O mundo vai ficar chato demais!”
A realidade é que a existência da Rita me autorizava a ser gente. Rita, Fernanda Young, Elke, Elis, Hebe, Dercy… Um tanto de mulher foda e irreverente que mostrou pra gente que ser mulher não é seguir uma cartilha patética de feminilidade. Ser mulher é um acontecimento!
Eu tive uma tia-avó que foi cantora na época das cantoras do rádio. Ela chegou a cantar ao lado de Ângela Maria que se tornou uma grande referência dessa época. Minha tia, infelizmente, não tinha dinheiro para bancar bons vestidos para poder se apresentar… Somado a isso, ela infelizmente dormiu com o cigarro aceso e isso lhe custou as duas pernas. Um sonho interrompido. Mas uma mulher tão forte, rebelde e irreverente quanto às que citei acima. Tia Tereza sempre usava esmalte e batom vermelhos, fumava pra caramba, falava palavrão e era super independente mesmo depois de seu acidente.
Eu era muito criança quando a conheci e não entendia sua potência. Muitas vezes existem seres brilhantemente rebeldes bem do nosso lado. Mulheres tão inspiradoras, fortes e arrebatadoras quanto e que fazem do cotidiano seu palco principal.
Eu fiquei profundamente triste com a passagem da Rita. Eu perdi um farol por alguns dias. Até hoje. Enquanto escrevo essas linhas e me lembro que essa semente de ousadia e irreverência está plantada dentro de muitas de nós. Nós só precisamos regá-la todos os dias com nossos “nãos” bem ditos, nossos gritos bem dados, nossas gargalhadas imensas, nossas palavras ditas, escritas, cantadas, nossos desejos expressados, nossos olhares ativos, nossas cabeças erguidas e nossos quadris bem livres.
Minha avó escrevia poemas para um jornal local vez ou outra e guardava outros tantos escritos na gaveta. Hoje eu tô aqui com essa newsletter e os diversos conteúdos nas outras plataformas. Uso batom e esmalte vermelhos e sou artista como Tia Tereza sem ter sofrido um décimo do que ela sofreu. Não precisei “assumir e sumir” de casa como Rita porque meus pais sempre aceitaram a ovelha negra que eles criaram - e sabiam que eu só era assim justamente pela forma como me criaram (se bem que Rita contou que não foi bem assim que aconteceu, mas ela precisava fazer poesia hahaha).
Minha irmã me perguntou: “mas vale mesmo a pena buscar essa liderança, essa liberdade? Porque parece que todas elas acabam sofrendo muito…” Eu respondi que prefiro pagar o preço de ousar ser quem eu sou do que o preço de calar a minha voz. E que hoje vamos sofrer bem menos as consequências disso por causa da ousadia e da coragem de todas elas. E é por isso que é um dever que a gente continue esse legado. Não é sobre nós enquanto indivíduos, é sobre um movimento que precisa da gente pra continuar ativo.
Eu me recuso a viver num mundo sem Rita Lee. Eu me recuso a viver num mundo careta e que apequena poesias, desejos, rebeldias, talentos, vontades, vozes de mulheres que tem um furacão dentro de si. Minha amiga Ananda me disse:
Esse é o único “tem que” que eu aceito e vou propagar. A gente vai ter que ser legal pela Rita. A gente vai ter que viver a nossa verdade, libertar as nossas vozes, desobedecer o que nos apequena e talvez a gente ainda corra o risco de fazer um monte de gente feliz.
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Eu enrolei dois (quase exatos!) meses pra ler esse texto, porque sabia que ele ia bater. To eu aqui chorando, sorrindo e me identificando em cada linha. Quando soube da morte da Rita eu fiquei tão desconcertada que não parecia nem fazer sentido. Depois, vendo tanta gente postar sobre ela, tive ainda mais dimensão da Entidade que ela foi - e é. Pessoas absolutamente diferentes entre si, com gostos musicais, crenças e valores tão heterogêneos falando de como uma mesma mulher mudou a vida delas... Eu só consigo pensar "puta merda, que privilégio viver num mundo que conheceu Rita Lee". E que fantástico continuar enxergando o legado dela no brilho nos olhos das mulheres que estão à minha volta e admiro tanto - como você. Brigada pela coragem de fazer a sua voz ser ouvida.
Tava precisando ler isso e nem sabia... Rita vive em todas nós! #agentetemqueserlegalpelaRita