já quero começar dizendo que estou muito feliz em estar de volta! senti saudade de escrever pra você, mas confesso que também amei o tempo que fiquei me nutrindo sem me doar.
eu estou completamente obcecada por dois assuntos nesse início de ano: 1. Fernanda Torres, 2. eu tô de saco bem cheio de tanta gente reclamando sobre tudo (e estou reclamando disso. que paradoxo!).
hoje vamos falar sobre o primeiro.
pela primeira vez na história, uma atriz brasileira é premiada no Globo de Ouro. uma atriz brasileira de 59 anos que é muito conhecida por seu trabalho impecável na comédia (sdds Vani) e que brilha de forma absurda numa personagem tão contida e trágica como Eunice Paiva.
eu friso que Fernanda tem 59 anos porque somos uma sociedade cada vez mais obcecada pela juventude. recebo constantemente mensagens de mulheres de vinte e poucos anos se sentindo atrasadas (!!!) e desesperadas por não saberem muito bem o que querem da vida.
e aí sobe ao palco uma mulher de 59 anos para receber um prêmio das mãos de outra mulher (a divina Viola Davis) de 59 anos. pouco tempo antes, uma mulher de 62 anos também recebia seu primeiro prêmio da vida depois de 45 anos de carreira e de ouvir que ela não era o tipo de atriz que venceria alguma coisa.


Eunice Paiva, a mulher que rendeu esse prêmio à Fernanda, se formou em direito aos 47 anos e se tornou uma referência na luta pelos direitos indígenas no Brasil.
Demi Moore disse em seu discurso algo muito precioso: “apenas saiba que você nunca será suficiente, mas pode conhecer o valor do seu próprio mérito se simplesmente largar a régua”. ninguém nunca será suficiente se passar a se medir pela régua da perfeição. e, infelizmente, é essa a régua que nossa sociedade tem como unidade de medida.
eu sei e você também sabe o quanto é desafiador e trabalhoso nos livrarmos dessas expectativas. mas se tem um antídoto para esse veneno, eu garanto que é focar o nosso olhar em mulheres que estão à nossa frente conquistando, desejando, produzindo e criando independente do que pensam, digam, falam. elas são o nosso norte.
nós podemos coisas tão maiores se ousarmos arriscar descobrir quem somos fora do que estamos habituadas a aceitar como “nosso lugar”.
quando eu olho pra essas mulheres, eu vejo a mulher que eu posso me tornar, os caminhos que posso abrir, os lugares onde posso chegar… e o principal: eu sinto que tenho tempo. toda a urgência que vira e mexe habita a minha mente e meu corpo silencia. de repente, me vejo no caminho e percebo que tem chão ainda… então é até melhor que eu reduza a velocidade para chegar ao fim tendo percebido a caminhada.
agora outro ponto importante e desconfortável para muitas de nós:
nós merecemos reconhecimento. seja em formato de prêmio, depoimento de cliente ou um agradecimento vindo da família e dos amigos. nós merecemos que reconheçam o trabalho, o esforço, a dedicação que colocamos no que fazemos. desejar receber qualquer tipo de reconhecimento (prêmio, palavras, dinheiro) pelo que você cria não significa que você está “dominada pelo ego” ou agindo com a “motivação errada”. significa que você sabe o valor do que cria, faz e entrega. apenas.
essa baboseira de ser modesta te coloca numa postura subalterna e frustrada que faz com que você afaste qualquer possibilidade de crescimento por medo de se tornar arrogante ou perversa. e pra quê? para não incomodar quem não importa. pode perceber: sempre que você está começando a crescer, sai do bueiro a ratazana pra te dizer que te preferia antes. óbvio que ela te preferia antes quando você se apequenava e não incomodava! mas ela que volte pro lugar de onde veio porque a partir de agora você vai escolher viver a sua vida com vontade!
Fernanda Torres não fingiu normalidade. ela subiu ao palco com toda a sua expressividade e sotaque brasileiros e agarrou o prêmio com vontade. eu amo que na propaganda do Itaú que tá circulando agora, a pessoa cita os 10 minutos de aplausos que o filme Ainda Estou Aqui recebeu em Veneza e Fernanda diz: “foram 14!”, dá um beijinho no ombro e solta uma gargalhada!
é isso que eu desejo pra você esse ano: que você reivindique suas vitórias porque você bem sabe todo o caminho que tá percorrendo para chegar até elas. esqueça a modéstia! seja ousada, generosa e corajosa. isso basta.
antes que eu me esqueça…
minha agenda de mentoria está oficialmente aberta. se você é uma mulher criativa que precisa de ousadia, coragem e estratégia para mostrar quem você é e expressar o que você cria, o seu lugar é aqui comigo. aqui você encontra o formulário de aplicação. é só preencher e aguardar que minha equipe vai entrar em contato para agendarmos uma primeira reunião. vai ser uma honra te guiar a dar corpo e voz a essa nova versão que tá implorando pra vir amo mundo! vamos juntas!
curadoria da semana:
🎧Lucas, meu amor, me apresentou Doechii e eu estou completamente obcecada
🎬maratonei a segunda temporada de Round 6 e não vejo a hora da continuação chegar. os coreanos são implacáveis! a série é pesada? sim. mas é tão bem escrita, dirigida, atuada, desenvolvida que vale cada desconforto.
📚comecei o ano lendo dois livros “Tudo Sobre o Amor” da Bell Hooks e “Memórias Póstumas de Brás Cubas” do Machado de Assis. tô gostando demais dos dois, apesar do segundo ter me feito questionar minha fluência em português hahaha
e você? como está? o que tem lido, visto, ouvido? me conta!
Ahhhh, eu tava na expectativa, contando as segundas-feiras, esperando a boa hora do retorno das férias para saber o que você teria pra falar sobre esse acontecimento. Porque sabia que você costuraria esse momento com uma reflexão daquelas. “mas se tem um antídoto para esse veneno, eu garanto que é focar o nosso olhar em mulheres que estão à nossa frente conquistando, desejando, produzindo e criando independente do que pensam, digam, falam. elas são o nosso norte” essa bússola é poderosa, além de nortear um rumo ela nos lembra, durante todo o caminho, que jamais estamos sozinhas nessa caminhada. Obrigada por escrever e por nos presentear com a sua força! Aquela parte da ratazana que sai do bueiro eu quero emoldurar ❤️
Yna amadaaa, voltou de férias a lá Fernanda Torres sem dúvida alguma, que texto! ♥️
Eu tenho na minha cabeça que viverei até no mínimo os 120 anos, e com saúde, e neste momento estou lendo um livro que diz que quando ficamos mais velhos existem conexões criativas que fazemos, por conta da caminhada já feita, pelo momento e ritmo de vida que já é completamente outro, que ativam perspectivas muito mais amplas e criativas sobre tudo.
Ficamos, criativamente falando, como uma criança novamente. Pensa só!! ♥️♥️♥️
Se vou viver até os 120 não estou nem no primeiro terço da vida, e pensar dessa forma me alegra muito. 🫶🏻
Obrigada por ser esta mulher maravilhosa que acende o nosso fogo, nos lembra da nossa potência e valor.
Beijos e abraços apertados! 🫂😘