o meu primeiro beijo foi uma traição. quando eu tinha 13 anos, eu era apaixonada por um menino da minha sala. eu lembro até hoje de como meu coração acelerava quando ele se aproximava de mim. meu corpo adolescente sentia coisas que eu ainda nem sabia nomear…
eu nunca tinha beijado ninguém e estava ansiosa para “perder o BV” com ele. já tinha lido e praticado todas as dicas da Capricho de como beijar bem. o único problema é que ele nunca tomava a iniciativa e eu, naquela época, não tinha coragem de dar esse primeiro passo. hoje, aos 33, eu penso que talvez ele também não soubesse o que fazer. mas isso nem passava pela cabeça da Ynara de 13.
até que um dia eu me vi num dilema daqueles que fazem toda adolescente sentir que sua vida toda depende daquela decisão. vida ou morte, agora ou nunca: um menino um ano mais velho que eu e considerado um dos mais bonitos da escola pediu pra ficar comigo. quer dizer: ele pediu pra uma amiga vir me perguntar se eu queria ficar com ele. um clássico.
eu paralisei. pedi um tempo para pensar antes de responder e fui tentar entender o que estava sentindo. eu era apaixonada pelo menino da minha sala, mas a ideia de ter sido escolhida pelo menino-mais-velho-mais-bonito-da-escola me deixou deslumbrada! o drama era adolescente, mas essa mesma questão também te encontra na vida adulta: fazer o que você deseja ou se deixar levar pela ilusão da validação externa?
bem, aos meus 13 anos eu escolhi viver meu primeiro beijo com alguém que eu nunca tinha conversado só porque eu pareceria mais descolada e popular assim. resultado: não foi nada bom, nossa breve relação durou poucas semanas e eu magoei profundamente alguém que gostava muito. abri mão daquela sensação deliciosa de quando ele me olhava nos olhos para a sensação empolgante e breve de ter a escola inteira me admirando.
nós não temos mais 13 anos, eu e você. nossas escolhas erradas hoje causam danos um tanto maiores do que um coração adolescente partido que se cura mais rápido do que um joelho ralado. por isso, eu te pergunto: você tem feito escolhas que te conectam a você ou que apenas te elevam aos olhos do outro?
aos 15 anos, eu ficava com um menino muito alto e muito bonzinho. ele tinha 2m05, um nome diferente e era realmente gente boa. mas eu não gostava dele e demorei muito para admitir isso. cheguei a acompanhá-lo na sua formatura de ensino médio, conheci os pais e saí nas fotos. e durante a festa, tudo o que fiz foi fugir e quando ele me perguntava o que estava acontecendo, eu falava “nada! tá tudo ótimo! impressão sua!”. hoje eu sei que o nome disso é gaslightning.
aos 20 eu tive o famoso remember com aquele que tinha sido meu amor aos 15 anos. terminamos porque ele me “traiu” e quando eu fui tirar satisfações, a louca era eu. o tal do gaslighting que meses depois eu faria com o menino muito alto e muito bonzinho.
pois aos 20, quando voltamos, eu percebi que não queria mesmo ficar com ele. não fazia sentido, não combinávamos, nada encaixava. eu sentei e conversei? não. eu sumi. o bom e velho ghosting. só que não parou aí: quando eu reapareci, estava ficando com o primo dele (que foi um dos piores caras que já fiquei na vida porque o karma é real).
o que essas situações tem em comum, além de um nome em inglês para defini-las?
o simples fato de que eu fui péssima em todas elas. era pouca idade e pouca experiência? sim. mas não exclui o fato de que eu magoei pessoas por não ter coragem de dizer a verdade sobre o que eu sentia.
a gente sempre fala sobre quando foram cruéis com a gente, mas e quando fomos nós as agentes do caos?
mesmo sem a intenção de magoar, você, assim como eu, já deve ter sido a vilã na história de alguém. e tudo bem. tudo bem mesmo. é assim que a gente aprende, que o outro aprende, que a gente escolhe ser e fazer diferente…
errar é a melhor forma de evoluir se você souber encarar e acolher as consequências.
a gente precisa voltar a se apaixonar por pessoas que erram pra que a gente possa se reaproximar da nossa própria humanidade.
eu vi no tiktok um vídeo da Gabb, uma influencer de moda e humor que amo, onde ela dizia que a geração Z está horrorizada com a personagem Carrie Bradshaw, de Sex And The City (que agora está disponível na netflix). estão dizendo que ela é chata, egoísta, insuportável, toda errada. e não estão mentindo.
a Carrie é tudo isso. e também é talentosa, corajosa, irreverente, determinada. ela é simplesmente uma mulher de verdade. a maioria das personagens do início dos anos 00 era assim. gente de verdade tentando atravessar os desafios da vida e seus próprios anjos e demônios.
atualmente, as obras estão carentes de gente de verdade. as melhores e mais atuais nesse sentido são as séries Fleabag e This Is Us (Prime Video), os filmes Frances Ha e A Pior Pessoa Do Mundo (Prime Video). e a obra-prima que é o trabalho da Viola Davis como Annelise Keating em How To Get Away With Murder (Netflix).
no primeiro episódio de Fleabag, ela e a irmã estão em uma palestra feminista. a palestrante pergunta: “quem aqui preferiria ter o corpo dos sonhos em troca de 5 anos de vida?”. as duas levantam as mãos sem hesitar e em seguida Fleabag diz: “nós somos péssimas feministas”. eu ri e um alívio enorme tomou conta de mim. “ufa! eu não sou a única que desliza vez ou outra!”

eu quero ver mais gente errando, se contradizendo, falhando, porque está buscando cada vez mais se encontrar, melhorar, lapidar, aprender, corrigir, elevar. eu confio muito mais em quem tem inúmeras crises existenciais porque isso significa que essa pessoa se questiona e busca algo a mais da vida. eu quero estar cercada de quem não teme a bagunça de existir.
já errei muitas vezes e possivelmente vou errar mais outras tantas. mas em todas eu estou buscando me encontrar cada vez mais, me aproximar de quem genuinamente sou, do meu desejo, da minha alma, da imensidão do divino e dos meus limites - que as vezes acho que são muito menores do que realmente são.
hoje eu tenho mais coragem de dizer os “nãos” e “sims” que preciso e desejo justamente porque cala-los me fez magoar pessoas e a mim mesma. eu tenho referência e posso (e devo) escolher fazer diferente.
estamos aqui pra isso. para sermos buscadoras de uma vida desejante. e num mundo onde a Lei da Polaridade é uma das 7 leis universais (leia o Caibalion), acolher luz e sombra se torna primordial para nossa travessia.
antes que eu me esqueça…
ter repertório e ferramentas para atravessar os erros te faz ter clareza de como aprender com eles e direcionar sua energia para mudar velhos hábitos e crenças, encerrar ciclos necessários e começar a construir o que deseja com presença e clareza, longe da exigência que paralisa. eu te guio por esse caminho com através da meu método de mentoria! posso te garantir: é um catalisador, um acelerador de partículas que movimentará a sua vida como você jamais imaginou. não é promessa, é fato. clique aqui para ler os depoimentos de quem já atravessou comigo e saber mais sobre o processo!
curadoria da semana:
tenho ouvido esse cantor todos os dias durante minha leitura matinal.
Aya Nakamura é meu mais novo vício na playlist da academia! essa é a que mais gosto.
finalmente assisti Pobres Criaturas e escreverei sobre isso. mas, por enquanto, recomendo fortemente!
Ficção Americana é um filme muito delicioso de assistir! teve várias indicações ao Oscar, mas pouquíssimo se ouviu falar dele, o que me intriga. está disponível no Prime Video, assistam!
adorei!!!
adorei!