É preciso lembrar de quem te enxerga!
Porque a gente abre espaços demais na nossa memória pra quem nos machuca. Bora inverter a lógica?
Quando eu estava na sétima série, eu tinha uma professora de ciências um tanto intrigante. Ela tinha os cabelos lisos e laranjas até o meio das costas. Era uma mulher grande e se vestia com saias longas e leves. Tinha um olhar misterioso e um sorriso de quem sabia que causava estranhamento naquela turma curiosa.
Ela dizia que era bruxa. Que tinha caldeirão e tudo! E tinha um cemitério de gatos na casa dela. Tinha vassoura também e fazia feitiços. E via seres fora do nosso plano. Sua irmã uma vez viu até uma fada!
Eu era apaixonada por ela! Achava o máximo tudo o que ela contava e sempre queria saber mais e mais. Como é o caldeirão? Mas o que é o feitiço? Como é uma fada? Como faço pra ver uma também?
A gente conversava muito e nessa fase eu tinha acabado de conhecer meu grande amor. O cara de quem eu tenho uma frase tatuada na costela. O ariano mais ariano que já habitou esse planeta. Ele, Agenor de Miranda Araújo Neto:
Um dia perguntei se ela conhecia Janis Joplin. Quer dizer, não me lembro se eu perguntei ou ela me sugeriu de conhecer… Mas fato é que ela apareceu na escola com uma fita cassete só com músicas da Janis pra eu ouvir. E eu queria muito ouvir e gostar porque ela e o Cazuza gostavam muito.
Eu ouvi cheia de expectativas. E não gostei. “Ela grita muito”, lembro de dizer pra minha mãe. Devolvi a fita fingindo que tinha gostado porque não queria decepcioná-la. Demorou mais uns 13 anos pra eu entender a magnitude e a profundidade da Janis. Era visceral demais, profundo demais, dolorido demais pra uma pré-adolescente felizinha da vida compreender. E tudo bem! Tudo a seu tempo.
Outra pessoa que demorou um tempo pra eu compreender foi minha professora. Hoje que eu tiro meu tarot, acendo minhas velas e faço meus rezos e me sinto ainda mais próxima dela. Quando me iniciei na magia, lembro de pensar que queria muito que ela soubesse!
Nunca mais a vi ou soube dela. Mas ela foi a primeira pessoa além dos meus pais que ouviu as minhas brisas e fez com que eu me sentisse menos sozinha, menos estranha, menos alheia… Lembro que contei pra ela que desde que tinha conhecido o Cazuza, um beija-flor me visitava diariamente no mesmo horário. E eu achava que era ele. E ela me disse que também achava! E eu não sei explicar pra você como aquilo aqueceu meu coração pré-adolescente!
Me deu vontade de escrever sobre ela e sobre a importância de ter pessoas no nosso caminho que não diminuam nossas brisas e estimulem ainda mais nossa curiosidade e nosso conhecimento. Pessoas que nos aceitem e nos vejam. Eu desejo que você tenha tido e ainda tenha esse tipo de pessoa na sua vida. E desejo também que você seja esse tipo de pessoa na vida de alguém.
Sumara, essa é uma carta de gratidão. Eu te agradeço por ter feito parte da minha formação, por me apresentar Janis Joplin, por me inspirar a vestir saias longas e colares de semente, por me iniciar na magia antes mesmo do meu primeiro ritual. Eu desejo que você esteja bem e recebendo o dobro do amor que você me deu!
Sugestão pra você que me lê:
Escreva uma carta de gratidão para uma pessoa que foi pra você como a Sumara foi pra mim! É precioso demais que a gente se lembre de quem fez com que a gente se sentisse mais gente. É tão mais normalizado a gente falar de quem nos traumatizou, já percebeu? Bora enaltecer quem nos enxergou exatamente como somos?
Será um prazer ser sua mentora e te guiar a liderar a sua vida da mente ao bolso. Se te chama, é só preencher o formulário e aguardar meu contato pelo whatsapp. Lembrando que as vagas são limitadas e algumas para agosto já estão preenchidas. A sua versão do futuro conta com essa mudança para existir! Te vejo em breve!
Na minha pré-adolescência e adolescência tive professoras maravilhosas. Elas me incentivavam a escrever, a ter opinião própria, a ser mais do que eu achava que poderia ser. Vira e mexe me pego pensando nelas com carinho e gratidão. Muito do que sou vem do que elas me ensinaram, não só com palavras, mas com atitudes. ❤
Guria, lembrei da minha professora de português da escola.
Nós não éramos próximas, eu era muito mais próxima do filho dela, nosso professor de história, matéria que éramos ambos apaixonados e quem me apresentou Chico Buarque, Elis Regina, Milton Nascimento e seus "hinos".
Mas a mãe dele me marcou porque compartilhávamos uma paixão mais íntima: o amor pela literatura,
Foi ela que me apresentou Martha Medeiros, que enviou minhas redações para os concursos e, orgulhosamente, as apresentou em frente à classe (minhas e de outras turmas).
Foi ela que me fez perceber que eu nasci escritora.