é possível ser menos chato
essa luta não é minha, essa luta não é sua, essa luta é nossa
é exatamente assim que termina uma série de vídeos de uma das minhas criadoras de conteúdo preferidas, a Lara Santana. ela é atriz, roteirista e responsável por eu reativar o app do tiktok vez ou outra e maratonar suas criações.
na newsletter passada, te contei que tô obcecada por dois assuntos. o primeiro já foi escrito (mas talvez voltará em alguma edição) e o segundo está aqui:
esse note (ou notes?) foi publicado depois que eu vi um outro de uma pessoa reclamando de quem comemora números de inscritos aqui no substack. mas esse foi apenas o gatilho que me impulsionou a dizer o que estava entalado na garganta como um comprimido horrível e enorme.
se você só me lê através do seu e-mail, vou te dar um contexto breve pra te inserir na fofoca. o substack é o aplicativo que eu utilizo para te escrever essa newsletter e, atualmente, ele está virando (para a alegria de uns e revolta de outros) uma rede social. eu realmente recomendo que você baixe porque é uma forma prática de descobrir novos criadores e fazer parte de uma rede que (ainda) preza pela escrita e conteúdos longos.
o notes é como se fosse um twitter ou um threads. um lugar para colocarmos pensamentos rápidos, divulgarmos o texto novo, repostarmos textos que gostamos, etc.
panorama desenhado, voltemos à fofoca…
eu percebi que o substack estava crescendo quando vi diversos notes de pessoas encantadas por terem encontrado um espaço tão maravilhoso para consumir e criar. um espaço livre de anúncios, de gente querendo te vender alguma coisa, de coachs, de vídeos… meu deus, que paraíso!
logo a palavra começou a ser espalhada e muitas pessoas começaram a chegar na terra prometida dos criadores exaustos cheias de esperança e expectativas. quando a gente vai aprender que o paraíso não existe? (desculpa, essa última eu pensei alto)
eu estava achando super bonita essa união de pessoas que gostam de conteúdos longos, que amam ler e escrever e que, inclusive, querem viver ou já vivem da escrita. vira e mexe via alguém divulgando seu livro, seu curso de escrita ou sua mentoria de um jeito tão leve que me inspirava.
também percebi que tinha a possibilidade dos leitores colaborarem financeiramente com as newsletter que amavam. e o mais interessante: não necessariamente você precisava dar algo a mais pra audiência por isso. ela colaborava pelo que você já estava entregando gratuitamente e era uma forma de te motivar a continuar. LINDO!
e aí começou uma onda bonita de pessoas comemorando seus inscritos! emocionadas, elas colocavam prints dos primeiros 10, 100, 1000 e diziam como era maravilhoso saber que tinha essa quantidade de gente que desejava ler o que elas tinham a dizer. nos comentários, muitos “parabéns! é só o começo! continue!” — e eu não faço ideia do motivo de eu estar escrevendo no passado se isso ainda acontece…
até que a paz deixou de ser rainha na nova terra prometida. os Reclamadores Oficiais descobriram também o novo território e enviaram seus missionários para uma nova e importante missão: encher a caceta do saco de quem tá feliz fazendo seu dinheiro e crescendo sua audiência.
porque, não sei se você tá sabendo, mas segundo suas leis, você não pode ser uma pessoa consciente social e politicamente e, ainda assim, querer fazer dinheiro com o que você cria. muito menos comemorar que num mundo capitalista e obcecado por ostentação e vídeos curtos, você esteja conseguindo crescer e prosperar por causa das suas criações.
eu. não. aguento. mais.
sim, eu sou uma vendedora de cursos e mentorias facilmente confundida com uma coach. sim, eu gravo e invisto dinheiro em anúncios para que mais pessoas conheçam meu trabalho. e sim, eu também sou uma mulher artista, feminista, leitora assídua, estudiosa, progressista que está conseguindo pagar as suas contas e viver como bem entende depois de 7 anos como freela de qualquer coisa que surgisse.
meu deus, gente! nesse espaço aqui tem escritores fantásticos! pessoas que se vulnerabilizam e entregam pra gente a parte mais íntima de si. também tem professores e mentores incríveis que, de forma justa e cuidadosa, estão facilitando caminhos. são realmente essas as pessoas que devemos usar o nosso tempo pra criticar? é sério?
também existe quem está aqui por hobby, compartilhando sua vida, seus gostos, suas ideias e se sentindo menos sozinho no mundo. pessoas que estão encontrando seu próprio espaço, olha como isso é bonito! e ao comemorar que x pessoas escolheram ler o que elas escrevem, elas realmente merecem reviradas de olhos e críticas por “não serem escritoras de verdade”? é sério isso?
o problema não está no indivíduo, mas nós estamos falhando em perceber isso. em uma entrevista ao Roda Viva, o Marcelo Rubens Paiva foi perguntado sobre as críticas que algumas pessoas fazem ao filme Ainda Estou Aqui (baseado em seu livro homônimo). ele disse que as críticas devem existir e que não tem problema nenhum com elas, mas que precisamos entender que o inimigo é outro. nós estamos esquecendo disso.
eu sou uma otimista nata e não gosto de trazer assuntos que nos fazem sentir como se não houvesse saída. mas também não sou alienada. tá difícil. eu sei. e justamente por isso considero a nona maravilha do mundo que pessoas cresçam sua arte em números ou cifrões.
por isso parem…
parem de reclamar e adulteçam, pelo amor de Deus! estamos todos tentado encontrar uma forma de viver com mais propósito, presença e prazer.
parem de apontar dedos para quem bota a cara a tapa e ousa dizer o que pensa, vender o que sabe e expor o que cria. eu quero que pessoas íntegras, sensíveis e corajosas vençam cada vez mais! quero o dinheiro e o reconhecimento nas mãos das
, , , , dos , , …parem de achar que o problema é que “agora todo mundo vende alguma coisa”. primeiro porque todo mundo vende alguma coisa há tempo demais pra vocês não estarem acostumados. e segundo porque se você não vende o que você cria, você vende seu tempo para que alguém venda o que você cria.
então simplesmente parem porque…
…é possível ser menos chato.
essa que vocês acabam de ler é a Ynara. normalmente quem escreve por aqui é a Yna, a gêmea boa, mas o teor do tópico a fez passar o bastão por saber que não conseguiria ser tão enfusiva devido à sua personalidade levemente adocicada. Ynara adorou tomar à frente e talvez volte mais vezes. “talvez, não. eu volto e ponto”, disse ela a la Paola Bracho.
antes que eu me esqueça…
MUITO GRATA!
minha mentoria já está com as inscrições abertas e você pode conhecer os detalhes e aplicar clicando aqui.
curadoria da semana:
🎧 meu podcast, o Vida Desejante, estará de volta pra uma segunda temporada muito em breve. mas caso você ainda não o conheça, tem muito conteúdo massa por lá e vou adorar ser sua companhia nas tarefas diárias.
🎬 eu assisti O Herege e a minha maior vontade foi estar naquela sala conversando com o personagem do Hugh Grant. AULAS!!! aí depois vira um filme de terror mesmo e eu já não queria mais estar ali. mas as simbologias são fantásticas.
📚 esse texto-abraço da
Eu fico só imaginando, sabe Ynara, quanta coisa incrível — de cursos a novas Monalisas — poderia ser criada se toda essa criatividade usada para produzir quilômetros de chatice crônica, fosse canalizada para algo que realmente fizesse diferença no mundo. Que assim seja: que o dinheiro chegue às mãos de quem teima em produzir com qualidade e verdade! Amém!
OBRIGADA por isso! Senti um alívio tremendo quando terminei de ler, como se eu mesma tivesse escrito e colocado pra fora. E amei ainda mais conhecer essa outra narradora! Me identifico muito 😆