Deus, Shakespeare, Tarot e Taylor Swift.

e tudo começou com um corte de podcast.

rolando o tiktok esses dias eu vi o entrevistador do podcast Inteligência Limitada perguntando pra um cientista “o que existe depois do universo? se ele está se expandindo, está se expandindo pra onde?”. só essa pergunta já me deixou em choque. mas aí veio a resposta: “não existe nada depois do universo. ele está se expandindo porque está criando mais de si mesmo”.

olha, eu não sei você, mas quando eu escuto esse tipo de coisa, a minha mente começa, na velocidade de um carro de fórmula 1, a fazer milhares de perguntas. uma delas foi: mas mesmo que ele crie mais de si mesmo, precisa existir um espaço pra que ele se expanda. não? por exemplo: depois que um óvulo é fecundado, as células começam a se multiplicar. elas meio que “criam mais de si mesmas”, mas elas tem pra onde crescer. elas tem um espaço dentro do útero pra isso.

meu deus do céu, o que é o espaço depois do universo??? dizer que ele se expande criando mais de si não aliviou nada por aqui. pelo contrário. eu tô o dia todinho pensando nisso mesmo sabendo que não vou ter uma resposta.

falei isso pro Lucas indignada e dizendo “não faz sentido!!!” com a voz elevada (como boa integrante da família Marson) e ele me respondeu com sua franqueza sagitariana:

- lógico que não faz sentido. ele é um ser humano com inteligência limitada falando sobre algo que a gente não tem como saber.

eu amo a praticidade sagitariana. e masculina.

eu sei que é verdade. por mais que a gente estude e descubra, existem coisas que estão além da nossa capacidade de entendimento. já diria Shakespeare: “há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia” (a peça é Hamlet e a frase é traduzida de jeitos diferentes, mas a ideia central está aí). é aquele famoso exemplo: uma formiga não consegue entender o que é uma mesa. ela caminha sobre a mesa, mas não a entende porque não tem a perspectiva do todo.

o Todo, segundo o Hermetismo, é Deus. e é incognocível, ou seja: você não consegue compreendê-lo mesmo que tente. sentí-lo, talvez. entendê-lo, jamais. mesmo assim, gasta-se neurônios e dólares tentando. porque o que move o ser humano é a busca. se a gente não tem mais o que buscar, a gente não tem mais motivo para existir. perde a graça.

agora pensa comigo: se cientistas continuam motivados a encontrar uma resposta que sabem ser quase impossível de alcançar (deixo o “quase” porque “vai que”, né?), por que diabos a senhora que me lê não consegue se sentir motivada a alcançar algo na sua vida que você sabe que existe aqui-agora? pode não existir na sua vida, mas existe neste plano. você deseja porque conhece. já passou por você e despertou a alma. por que diabos você parou de buscar?

“por que diabos” é uma expressão que gosto muito e tenho poucas chances de usar. feliz que consegui colocá-la duas vezes num único parágrafo

e por falar em diabo: no tarot, essa carta fala sobre os padrões de comportamento, hábitos, pensamentos que nos prendem e a gente permite. e provavelmente sai por aí dizendo que não consegue mudar. ou pior: “não é meu! é uma energia que não é minha!”. poucas vezes isso é verdade. na maioria delas é como canta Taylor Swift:

sou eu! oi! eu sou o problema, sou eu! - aliás, que intensa a passagem dela aqui pelo país, né? que descaso da T4F! achei revoltante.

eu só quero te incentivar a buscar onde você pode realmente encontrar algo, sabe? pra que você sinta que realmente esta (se) encontrando. busca dentro. dentro tem tanta coisa! a gente é coisa pra cacete. busca fora também, mas busca aqui onde os olhos e as mãos alcançam. mesmo que não alcancem hoje, mas você sabe onde está. igual quando era criança e queria alcançar o pote de bolacha dentro do armário, mas não alcançava nem a porta, que dirá o pote. mas você sabia que estava lá. e que ia crescer um dia. ficaria gigante como seus pais e comeria bolacha quando quisesse. você vai crescer e vai alcançar, mas se vislumbrar o pote, fica tão mais fácil…

eu não quero te impedir de sonhar. jamais! eu te quero imensa, gigantesta, vívida! e principalmente: eu te quero realizando, vivendo, experienciando, pegando, cheirando, comendo, tocando, rindo, chorando, dançando, gozando, abraçando, beijando, bebendo… e todos os gerúndios maravilhosos que podemos viver com esse corpo que habitamos. que seja real, sabe? mesmo que não seja visível. mas que seja real.

enfim. te deixo por aqui porque falta pouquíssimo pra eu abrir outra aba nessa prosa. deixo pro próximo texto.

se você tiver alguma ideia sobre o que existe depois do universo, deixa nos comentários? não vamos chegar a uma conclusão, mas enquanto vivemos e desfrutamos da realidade, uma dose de devaneio faz um bem danado!

até semana que vem!

com amor e caos,

Yna