curadoria: 12 obras que formaram o meu caráter

entre cinema, música e literatura, uma lista gostosa de presente pra você

hoje me deu vontade de fazer um tipo de conteúdo que adoro consumir, mas nunca produzo. inclusive, reparei há pouco tempo que produzo pouco o que eu mesma consumo muito. não é engraçado?

não, não é. na verdade isso acontece porque tenho um nível de exigência altíssimo comigo mesma que por muito tempo me impediu de produzir e criar o que eu bem entendesse.

decidi romper com isso depois que a seguinte frase me veio à mente: “o ciclo que eu quero que se encerre é esse onde eu deixo de fazer as coisas que eu quero temendo me tornar exatamente quem eu desejo”.

então, depois de uma introdução extremamente dramática, aqui vai a lista das 12 obras que formaram o meu caráter e que podem te ajudar a atravessar essa maluquice chamada vida com muito mais prazer.

categoria: cinema

1. Capitão Fantástico, Matt Ross → assim que o filme acabou, um silêncio oco se instaurou por um longo tempo na sala. “o que eu estou fazendo da minha vida?”, era o pensamento em looping. assisti em 2019, o ano que decidi que não seria mais atriz e pararia de depender da aprovação de outras pessoas para exercer o meu desejo. foi só o início de uma longa jornada. ah! e me fez ver o tipo de mãe que eu desejo ser.

2. A Vida Invisível, Karim Aïnouz → não é um filme gostosinho, mas é tão, mas tão bonito. me lembrou minha avó e me situou nos meus privilégios de poder ser quem eu quero ser. me deu vontade de ser radicalmente eu mesma e levar a memória de todas que não puderam comigo.

3. Frances Ha, Greta Gerwig → alívio. foi o que esse filme me trouxe. eu que sempre tentei ser correta em tudo, mas sabia que dentro de mim habitava uma grande bagunça, me percebi respirando aliviada e finalmente entendendo que tudo bem, a gente tá tentando, o caminho caótico assim mesmo e nem sempre o que a gente sonha acontece, mas dá pra descobrir novos jeitos de ser feliz quando a gente abre espaços.

4. Nove Dias, Edson Oda → tudo o que eu acredito sobre o que significa estar viva no planeta Terra está nesse filme. eu me emocionei com o corpo inteiro em cada cena. é delicado, poético, real. e a trilha sonora é daquelas que adentram as células e nos fazem vibrar.

categoria: música

1. Ritual, Cazuza → me apaixonei pelo Cazuza aos 13 anos e quando ouvi “pra quê chorar? a vida é bela e cruel despida. tão desprevenida e exata, que um dia acaba” eu entendi alguma coisa que não soube ao certo o que era, mas que sentia enquanto via meu corpo se transformar com a puberdade.

2. Defying Gravity, Wicked - O musical → ok, uma coisa sobre mim é que sou fanática por musicais. a primeira vez que ouvi essa música, eu senti que alguém tinha lido meus pensamentos um por um. ano passado, a interpretação da Cynthia Erivo me fez sair aos prantos do cinema. “e se eu estou voando sozinha, pelo menos estou voando livre” — essa frase eu repito cantada sempre que tomo uma grande decisão.

3. Comptine d'un Autre été: L'Après-Midi, Yann Tiersen → eu não sei explicar em palavras o que sinto quando ouço essa música. algo imenso me toma, como se meu corpo não fosse suficiente para dar conta. eu moraria no lugar que ela me leva, tranquilamente.

4. All of You, Maya Luna → essa é minha oração. ouço para me lembrar que todas as partes de mim, independente quais sejam, são bem-vindas justamente porque fazem parte de mim.

categoria: literatura

1. Mutações, Liv Ullmann → um livro que toda mulher artista deveria ler. de uma vulnerabilidade e entrega sem tamanho, Liv nos faz sentir mais gente, sabe? perceber que a vida de uma atriz norueguesa, muito mais velha do que eu, se assemelhava tanto à minha nos sentimentos fez minha vontade de escrever sobre o que sinto se tornar um projeto.

2. Cadernos de Nijinski, Vaslav Nijinski → conhecer a loucura pelo ponto de vista do louco e percebê-lo mais são do que muita gente “normal” virou meu mundo de cabeça para baixo e, aí sim, vi as coisas como elas realmente são. esse livro é um tesouro.

3. Em Busca de Mim, Viola Davis → uma atriz absurda que atravessou infernos pessoais até se tornar EGOT: ganhadora de todos os importantes prêmios estadunidenses (Emmy, Grammy, Oscar e Tony). não é uma simples jornada do herói, é a vida real escancarada. Viola é uma grande referência pra mim e esse livro foi o soco no estômago que eu precisava levar.

4. Mulheres que Correm com os Lobos, Clarissa Pinkola Estés → meu caminho no autoconhecimento, como o de muitas aqui, começou com esse livro. ele fica ao meu lado aqui no escritório e eu o consulto sempre que preciso. foi lendo Clarissa que entendi o que a construção social fez com meu comportamento e com maneira como me via no mundo. o processo de desconstrução e retomada de território começou ali.

acho que entendi porquê nunca faço listas: me sinto quase mentindo por ter deixado tanta coisa de fora! você se sente assim também ou eu sou maluca?

ao mesmo tempo, achei uma delícia dividir um pouco das referências que me acompanharam na construção de quem sou hoje.

você conhece e gosta de alguma coisa nessa lista? se der vontade, me conta um item de cada categoria que te define? assim a gente cria aqui nos comentários uma grande curadoria de definidores de caráter. o que acha? quem sabe se torna um quadro aqui na news?! ideias, ideias…

Mural do Desejo

essa semana é a última para se inscrever na Residência Criativa da Praia dos Carneiros, em Pernambuco! o frio na barriga, os materiais das oficinas, a lista de compras das refeições e os presentes que preparamos estão começando a chegar.

guiar mulheres em busca de sua própria voz e coragem de expressão se tornou uma grande paixão pra mim. o mundo é caótico, mas enquanto estivermos juntas, saberemos navegá-lo.

restam apenas 2 vagas e as inscrições encerram 15/09. você ainda tem uma chance de estar com a gente nessa roda. vem comigo?

todos os detalhes estão aqui.

curadoria da semana (bônus)

sei que já entreguei uma grande curadoria, mas eu não podia deixar de finalizar com as newsletter que mais me tocaram por esses dias:

1. mulheres que odeiam mulheres, da

   natália pompeu

2. os fins, do

   Matheus de Souza

3. f rag m e ntos, da

   Michele Contel

4. ser transformada pelo que não se conhece, da

   Patrícia Burger
   com a
   Milena Pires

um recado final

se você recebeu um outro e-mail meu na sexta-feira (05/09) com cheirinho de e-mail marketing, você está com um olfato certeiro! este e-mail que você está lendo agora chega na sua caixa de entrada pelo Substack e é meu canal de conteúdo. o outro foi enviado por uma plataforma de e-mail marketing e você está naquela lista porque possivelmente já participou de algum lançamento meu ou foi minha aluna/mentorada.

por isso, não se desinscreva deste aqui caso você goste dos nossos encontros toda segunda, tá bem? quanto ao outro e-mail, ele faz parte da etapa “às vezes faço o que tenho que fazer” do meu trabalho e aparecerá vez ou outra pra te contar das novidades comerciais da Desejante.

com coragem e desejo,

Yna