“estou completamente sem inspiração”, é o que eu digo pra mim mesma enquanto tento escrever esta newsletter. fico um tempo encarando o computador, mudo de lugar na casa, respiro fundo e nada vem.
estou sentada num sofá que não é o meu, olhando para o mar que não é o mesmo que abrilhanta minha vista diária. os sotaques que me cercam são outros e dentro de mim pulsa um pequeno desconforto que demoro a reconhecer.
“por que eu escolhi isso pra mim? e se eu simplesmente fosse embora?”, era o que eu pensava sempre que estava no escuro da coxia, ouvindo o público se acomodar nos assentos do teatro. instantaneamente, meus órgãos começavam a me lembrar de que eu não sou um saco de pele e ossos e que existe toda uma vida acontecendo aqui dentro.
terceiro sinal. “acho que é diarreia, e agora?”.
música. “é diarreia. certeza!”
ouço minha deixa, respiro fundo e deixo a coxia junto com todos os pensamentos destrutivos e o desconforto intestinal pra trás. entro em cena e percebo que não existe outro lugar no mundo onde eu desejo estar.
neste exato momento em que te escrevo, me encontro no camarim. amanhã será minha estreia e percebo que o que me falta para te escrever não é inspiração. na verdade, não me falta nada. eu simplesmente estou embriagada pelos sintomas que antecedem o palco.
agora é a fase da introspecção. quero silêncio e solitude porque preciso que minha bateria social e minha criatividade estejam cheias. falo pouco, compartilho pouco, abraço pouco. me encho o máximo que posso de tudo o que me nutre, não é hora de nada escapar.
por isso, encaro a folha em branco sem saber com que palavras adorná-la dessa vez. decido por contar o que se passa porque é tudo o que tenho agora.
quando você me ler, a estreia já terá acontecido, assim como toda a temporada. já estarei de volta e serei outra, porque é impossível ser a mesma depois de experiências vividas com presença e desejo.
prometo te contar como foi estar numa casa gostosa na Praia dos Carneiros ao lado da minha mãe preparando as refeições, a Creusa cuidando dos detalhes da casa, a Lavínia regendo a logística e as 8 mulheres que quiseram e vieram vivenciar a Residência Criativa.
o que eu já posso te adiantar é que ouvir as histórias e ver o que acontece no olhar de cada mulher que ousa atravessar e resgatar sua força de expressão é das coisas que mais amo presenciar na vida.
eu encaro com vontade todo o desconforto da coxia para viver o êxtase de subir ao palco contar a história que escolho viver. são momentos como esse que nos lembram de que Fernanda Torres estava certa o tempo todo:
a vida presta.
se te falta coragem para sair da coxia, saiba que o que sempre me fez ficar era a certeza de que eu estava preparada. meses de pesquisas, ensaios, provas de figurino, testes de luz e cenário me davam a tranquilidade de saber exatamente o que fazer mesmo que as coisas não saíssem como o planejado. talvez você não seja atriz, mas nossos palcos são muitos. e se você precisa se preparar para entrar em cena com confiança, seja no seu trabalho ou na sua vida pessoal, estou com 3 vagas abertas para a minha mentoria. clicando aqui você conhece os detalhes e, caso faça sentido com o que você busca, vamos agendar uma reunião para nos conhecermos e conversarmos sobre como trabalharemos juntas.
curadoria da semana
🎧essa versão do clássico Amor de Quenga (sim) da Pabllo Vittar
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📚esse texto da
ornou demais com o tema de hoje