esse final de semana, eu finalmente assisti Moana. não me considero atrasada. por não ter filhos ou crianças por perto, os desenhos ficam sempre pra depois na hierarquia do que assistir. o que não deveriam já que toda vez que assisto um Disney/Pixar toda minha vida é colocada em perspectiva, lágrimas correm, crises existenciais aparecem e minha vontade questionável de ter um animal completamente aleatório como pet renasce.
quando criança, eu assistia um programa chamado Garrafinha. era uma boneca de pano, um tipo de fantoche que tinha esse nome porque usava óculos. eu amava! ela tinha como amigo um pinguim que morava no freezer. pois pequena Ynara foi feliz e saltitante pedir um pinguim para seus pais. e quando eles disseram que não tinha como porque o pinguim morava no gelo, a resposta foi imediata: “a gente guarda ele no congelador!”
era tão óbvio para mim quanto era impossível para meus pais.
Moana é um filme bem lindo. cheio de simbologias sobre a nossa trajetória em busca de confiar na própria força. e o fato da história acontecer como uma travessia marítima me encantou ainda mais porque desde que eu existo como mentora/pesquisadora do desenvolvimento humano, o Oceano é minha metáfora preferida.
mas quem eu quero destacar nesse texto é a velha. a avó doida, dançante, encorajadora, engraçada e sábia.
se você está familiarizada com o livro Mulheres Que Correm Com Os Lobos, já sabe da importância da velha nas narrativas dos contos de fada. seja uma fada, uma curandeira, uma bruxa, um bule ou uma árvore, a velha está sempre ali com seu sorriso enigmático, sua doçura, leve brabeza e principalmente: suas palavras de coragem para a jovem guerreira que está prestes a fazer a travessia.
a velha não é uma personagem imaginada e fictícia e ao contrário do meu pinguim no congelador, você terá ela na sua casa. mas não se engane: ela não é a sua avó, apesar da sabedoria dela ser infinita. não é sua mãe, sua bisa, sua vizinha ou sua professora.
a velha é sua ancestralidade inteira. ela é aquela que viveu todas as vidas e se lembra de todas elas. é a que atravessou todas as dores e delícias da sua existência humana. a que sabe exatamente o tamanho dos seus problemas e por isso ri quando te ouve chorar desesperada por não enxergar uma saída. a velha sabe o que te intoxica e o que te cura só não vai te impedir de errar a dose de cada coisa. mas estará lá para cuidar de você e curar sua ressaca da vida enquanto se diverte com seus tropeços.
se você ouvi-la, jamais cometerá um erro que te destruirá. ela te deixa cair, mas nunca se não puder levantar.
a velha te escuta todos os dias. ela ri de você todos os dias. ela te cuida todos os dias. ela te ama incondicionalmente.
a velha é aquela que sabe. como uma árvore centenária, ela já viu muita coisa. inclusive o invisível. ela já esteve onde você só imagina. ela sabe o que existe do outro lado da vida, do erro, da escolha, do desejo.
“onde ela mora?”, você deve estar se perguntando.
a resposta seria muito vaga e poética e talvez você já saiba. o melhor que eu posso te oferecer é como acessá-la.
faça um bolo bem simples. escolha uma receita no feed infinito das redes sociais e se aventure a literalmente botar a mão na massa. talvez não fique bom, mas esse não é o objetivo. escolha uma trilha sonora bem gostosa para acompanhar sua aventura. enquanto o bolo está no forno, passe um café ou faça um chá com ervas frescas. arrume a mesa com duas xícaras, dois pratinhos e dois garfinhos. pegue seu caderno e um lápis (tem que ser lápis) e deixe em cima da mesa.
assim que tudo estiver pronto, sirva o bolo e o café para as duas, respire fundo e convide a velha para sentar com você. comece a fazer as perguntas que deseja. use o lápis e o caderno para registrar o que sentir, mas contenha o ímpeto. tente ouvi-la primeiro. provavelmente ela vai rir de alguma coisa e te sussurrar algum segredo para o bolo ficar melhor da próxima vez. ouça e sinta cada palavra. a presença dela é uma honra, um deleite!
antes que você pense que eu tô maluca, saiba que não dá pra ser muito “sã”quando buscamos respostas honestas sobre nosso caminho. ouvi da minha mestra Morena que precisamos enlouquecer um pouco para rompermos com o que desejamos. e nunca se esqueça que o conceito de loucura nas mulheres é algo muito, mas muito relativo…
mas é claro que você também pode fazer tudo isso apenas como uma meditação ou visualização. eu prefiro do outro jeito justamente por não ser óbvio, justamente por ser levemente maluco, justamente por ser do jeito que a velha gosta.
ela não te falará nada muito direto, ela vai te fazer pensar. essa é a função dela. a resposta não virá pronta, mas a direção será apontada.
a boa notícia é que você sempre poderá acessá-la. não precisa ser com bolos e cafés todas as vezes, mas vez ou outra faz bem um agrado.
uma simples respirada, uma gargalhada bem dada, uma caminhada em presença e você sentirá que ela tá bem ali, sentadinha na soleira da sua psique descascando uma laranja com maestria deixando aquela cobrinha cítrica ir se desprendendo do bagaço aos poucos (né
?).você também pode descansar no colo da velha. pedir a benção, um cafuné, um passe. pedir pra silenciar um pouquinho ali. é o melhor colo do mundo!
minhas duas avós estão no outro plano. dona Abadia e dona Maria Fé. eu sinto uma saudade danada e vira e mexe converso com elas. mas elas não são a velha. a velha é mais atrevida e ousada, acho bom dizer para você saber discernir.
se depender da velha, você não ficará onde não te cabe. ela virá como a fada madrinha da Cinderela e ao som de bibbidi bobbidi boo te fará sair da inércia e garantirá que nada te faltará para alcançar o que deseja.
se depender da velha, você seguirá seu destino sem culpa e libertará uma linhagem ancestral com você. foi o que a Moana fez.
engana-se quem pensa que é só um desenho…




antes que eu me esqueça…
o que você ganha sendo minha mentorada? não tô falando de bônus, tô dizendo o porquê você deveria investir em algo assim. essa pode ser sua dúvida, você pode estar pensando se vale mesmo a pena, se é mesmo a hora, se não é mais um investimento sem retorno… e eu te digo que eu guio cada mulher pensando no que seria mais proveitoso, produtivo e acolhedor para mim. eu sou chata como cliente. não sou das que compra mil cursos. eu escolho meus professores e mentores a dedo e muitas vezes demoro para comprar. eu preciso sentir que vale a pena. por ser assim, eu desenho cada coisa que vendo com o cuidado de promover resultados. sejam eles na vida pessoal (relações, hábitos, autoestima) ou profissional (vendas, desenho de projeto, precificação). eu entrego tudo o que sei, e o que não sei, vou atrás de descobrir. meu objetivo é que depois de atravessar minha guiança, você saia da inércia e finalmente coloque em movimento seus projetos, resolva questões que hoje não se sente capaz e desenvolva a habilidade de liderar a si mesma. eu não te quero presa a mim, por isso a mentoria tem um tempo. eu te quero confiante na própria autonomia. se você sentiu vontade de entender um pouco mais, eu te convido a tomar um café online comigo. 30 minutos pra gente se conhecer e você sentir se é aqui que você deseja estar. o que acha? se topa, é só clicar aqui para agendar. se não fizer sentido pra você, seguimos por aqui toda segunda!
curadoria da semana:
esse episódio do podcast Desculpa Alguma Coisa com a Maria Gadu foi tão gostoso de ouvir! parece que tive uma conversa com uma amiga que não via há tempos, sabe?
a minissérie The Dropout me deixou indignada e encantada com a atuação da Amanda Seyfried! eu recomendo assistir e só depois pesquisar a história real. tem muitas camadas e é muito interessante pensar como o ego pode nos aprisionar quando damos nossa vida toda para ele.
tem episódio novo do vlog no canal! aproveitem:
Olha, dizer que a nossa conexão anda levemente mais sincronizada que nunca não é exagero. Passei o fim de semana inteiro de frente pro Oceano, celebrando exatos dez anos de Irlanda e dez anos “errando a dose certa de cada coisa” — sentada com Ela sob o sol, dormindo com Ela na van, dançando com Ela ao redor da fogueira, celebrando o quão torto esse caminho ondular da vida é. Não teve bolo nem laranja dessa vez, mas teve um sorvete atrevido.. maior que a boca, que sob a guiança Dela segue aprendendo a não se calar. ❤️ Que texto lindo e que jeito lindo de falar dessa Velha Louca, Yna. Que delícia te ler! V.
eu amo as velhas que nos trouxeram aqui. eu amo as velhas loucas que seremos.