“Eu gostaria de ter aproveitado mais meus dias de solteira e passado meu tempo livre lendo, tentando ser uma fotógrafa melhor ou algo do tipo, e não ter me preocupado tando com bolas de golfe.”
Esse é um trecho do livro que tô lendo atualmente: “Falando o mais rápido que posso”, autobiografia da Lauren Graham. Se você não conhece a Lauren, ela é protagonista da minha série preferida que eu assisto inteira uma vez por ano. Ela deu vida à uma das personagens mais cômicas e verdadeiras do mundo das séries. A icônica Lorelai Gilmore:
Eu poderia passar toda essa newsletter te dizendo o porquê de eu me identificar tanto com essa personagem, mas fica pra outra hora. Hoje eu quero falar sobre esse trecho do livro da Lauren e como ele me pegou.
Bolas de Golfe
Ela conta que um dia, depois de uns anos de casada, foi sair do carro e uma bola de golfe saiu rolando de dentro dele. Pode ser inusitado pra quem lê, mas ela explica que o carro é cheio das parafernalhas do marido.
E aí ela se lembra de quando era solteira e pensa que se um cara tivesse deixado uma bola de golfe no carro dela, isso seria um grande tema de especulações com as amigas: “o que isso quer dizer?”, “será que foi de propósito?”, “será que é um sinal?”, etc…
E eu me identifiquei muito porque eu sempre, SEMPRE, tentava interpretar os sinais-que-não-existem-mas-a-gente-inventa-na-nossa-mente. Passava o dia pensando, criando situações, tentando desvendar se o fato de ele ter se convidado pra ir comigo andar de bike no parque era uma tentativa de me dizer que me amava e sentia muito por ter terminado algo que nem havia começado direito…
Eu te juro. Eu vivi de bolas de golfe até pouco antes de encontrar o Lucas (não é engraçado que o amor da Lorelai se chama Luke? ó lá eu vendo sinais de novo… incorrigível!). Eu preferia tentar desvendar entrelinhas inexistentes do que aceitar o fato de que ele não estava tão afim de mim como a minha imaginação gostou de criar.
A urgência feminina
Meu deus, o tempo que eu gastava pensando nesses sinais! O tempo que eu gastei com caras que não estavam nem aí pra mim! E isso desde meus o quê? 12 anos?
Sim! 12 anos quando me apaixonei pelo Ramon. Ele quis ficar comigo e eu quase morri do coração. Fomos dar um beijo, mas assim que a língua dele tocou na minha, eu me afastei. Eu assustei! Não estava preparada. Tudo bem. Ramon aceitou, me abraçou e foi embora. Pra começar aquele clássico jogo de me manter apaixonada por ele sem retribuir e mais pra frente me chamar de louca… Inclusive tenho um diário dessa época. Várias páginas de “eu amo o Ramon” e de repente você vira uma e está escrito em letras imensas: “eu odeio o Ramon!!!” (outro fato: ele tinha o mesmo cabelo de Dean, o primeiro namorado de Rory na série. e eu achava lindo quando ele passava os dedos por entre os fios e eles voltavam a cair na frente dos olhos hahaha ai ai ai).
Depois do Ramon teve uma lista enorme de paixonites e decepções. E uma Ynara que tinha a urgência de encontrar um amor. Eu queria viver o que via nos filmes… E AÍ É QUE ESTÁ!
Reparem como as aspirações das mocinhas dos filmes que crescemos vendo são sempre encontrar um amor. Desde muito novas ouvimos: “e os namoradinhos?”. Isso me faz lembrar de outro causo: quando eu era criança (mesmo. uns 4, 5 anos), ganhei uma rosa de um amiguinho e minha mãe conta que a mãe dele ficou toda empolgada e já vislumbrando o casamento. CASAMENTO! A gente não sabia nem ler ainda!
Não é impressionante como nada do que fazemos ou criamos ou inventamos ou desejamos é validado se não dermos “check” nessa área da vida? (AH! E esse “check” só conta se você encontrar um homem. Se por um acaso você encontrar o amor em uma mulher, não vale. Você entendeu o jogo errado)
E não é mais impressionante como compramos essa narrativa e perdemos noites de sono, trabalhos, aulas por conta disso? Eu mesma tive breves romances num restaurante em que trabalhei. Um deles realmente me pegou de jeito e me lembro de me arrastar para trabalhar depois que ele disse que não queria mais ficar comigo porque sabia que eu estava mais envolvida do que ele. Menina, eu dava mini escapadas no banheiro pra chorar! Acredita? E mais: eu deixei de ir no aniversário de uma amiga que eu amo porque ele estaria lá! E minha amiga é sagitariana e ama uma festa! Eu ainda não acredito que fiz isso e já faz 9 anos! (leia em tom de indignação porque eu escrevo nesse tom)
Lembro que eu falei pra esse mesmo cara que meu sonho era morar em Paris. Ele na hora me disse: “e por que você não vai? faça isso!” e eu encarei como uma ofensa porque “como assim ele estava me mandando pra longe?”. E ao invés de ocupar meu tempo juntando dinheiro e pesquisando como fazer para atravessar o oceano e passar um ano tomando café e comendo croissant, eu gastei meu tempo pensando em como conquistá-lo. Juro! Se eu pudesse cochichar umas coisinhas no ouvido da Ynara de 22 anos…
O amor chega, o presente não volta
Uma hora você vai esbarrar com AQUELA pessoa, mas como escreveu Rupi Kaur, você nunca mais terá essa versão de si mesma.
Hoje eu tenho um relacionamento e a pressão agora é por filhos. Eu preciso dar “check” nessa etapa senão… Senão o quê?
Eu desejo ser mãe. É algo que sempre desejei e já analisei pra saber se o desejo é meu mesmo e ele é. Mas, sabe? Eu conquistei minha autonomia financeira, pago minhas contas em dia, tenho um trabalho que me rende depoimentos incríveis das minhas alunas e mentoradas e poucas vezes (quase nulas) eu recebo as perguntas: “onde você deseja chegar?”, “o que você tá criando com tudo isso?”, “como você se vê daqui uns anos?”, “quando você vai finalmente conhecer a Islândia?”. Agora, “quando você vai casar?” e “quando vem o bebê?”…
E essa não é uma crítica direta a quem me pergunta tudo isso, viu? Eu mesma já devo ter feito essas perguntas pra amigas. É natural. E é justamente essa naturalidade que questiono aqui.
Eu desejo que nosso tempo seja investido cada vez mais em nos desenvolvermos enquanto mulheres, em conquistarmos nossos desejos e sonhos e menos, muito menos em bolas de golfe.
Porque a gente bem sabe que o lado macho da espécie não perde nenhum minuto de seu tempo pensando em como será seu terno no Grande Dia! E olha em volta: onde eles estão?
Eu tenho um tanto mais a falar sobre isso, mas fica pra uma próxima news. Ou vídeo. Ou… livro? Lauren realmente me pegou!
Recado importante:
O mês de novembro começa essa semana e com ele vem aí uma grande oportunidade pra você. Mesmo. Não é marketing, não é exagero. Já disse que acho cafona fazer isso. Vou te pedir pra ficar atenta ao meu instagram porque o bonde vai passar muito rápido. Sim: é uma oferta FODA de um produto exclusivo. Juro! Eu tô muito animada pra contar pra vocês!
Acho que ter a Vênus em Aquário me livrou de tristezas e angústias desnecessárias. Mas, ao mesmo tempo, me privou de ter alguns encontros e relacionamentos que talvez fossem bacanas. Para além da astrologia, ser uma pessoa observadora e prática me livrou de várias roubadas. E eu prefiro ser racional à emocional, mesmo tendo muita Água no mapa. Nesse quesito, e talvez só nesse, me identifico com os homens. 😅😂
Aquela News que a gente ama!
Sempre amei a forma como você escreve, mas tá cada vez mais delícia te ler.
Gratíssima! ❤️