Hoje eu estava passeando pelo instagram e achei uma postagem da atriz Cynthia Nixon, que interpreta Miranda Hobbes em “Sex And The City” e agora no revival “And Just Like That…”. Eu só fui assistir SATC esse ano, apesar da série ter completado seus 25.
Uma das personagens que mais amei foi a Miranda! Ela sempre dizia o que eu queria dizer e isso me aliviava. Eu adorei acompanhar sua trajetória! Ela é a mulher que conquistou o combo carreira bem-sucedida+o amor de sua vida (Steve)+um filho. Apesar de ser sempre direta com as amigas, ela tinha suas inseguranças e era bem nítido na série. Eu amo personagens que são gente de verdade e não super-heroínas. (antes de seguir, saiba que abaixo eu darei spoilers do revival)
Miranda agora, anos depois em AJLT (o revival), vive uma vida pacata com seu marido e se sente presa na rotina. Está entediada, sem tesão por ele ou pela vida. Até que conhece Che, uma pessoa não-binária por quem se apaixona. Miranda larga Steve para viver essa urgência de vida que Che desperta nela.
E agora eu volto ao post que vi na página de Nixon. As pessoas estavam comentando chateadíssimas com essa reviravolta da personagem. “A Miranda jamais faria isso com o Steve!”, “No episódio tal ela beija uma mulher e diz que é definitivamente hétero, como é que agora ela é queer?”, “Vocês estragaram a melhor personagem da série!”, etc etc etc
Eu confesso que amei vê-la se reencontrar aos poucos. É lindo como a atriz conduz esse processo! E também confesso que não amei a forma como conduziram o término com o Steve que é um personagem querido e merecia mesmo mais cuidado e atenção. Mas quando términos ocorrem, será mesmo que existe uma forma de causar menos danos a quem fica? Não sei…


O que mais me chamou atenção foi a cobrança pela coerência de trajetória da personagem. Como se nós fôssemos uma única coisa do início ao fim das nossas vidas. Como se por ter beijado uma mulher lá atrás e não ter sentido nada, ela não pudesse se apaixonar por uma pessoa não-binária anos depois… Quantas coisas você disse que jamais faria e anos depois se viu fazendo?
Ser humano não é exato. Tá longe de 2 + 2 ser 4 nessa equação. Quando estava na Amazônia, algumas pessoas se supreenderam quando eu disse em uma conversa que sou monogâmica. Talvez todo meu discurso progressista no meu trabalho não combine com esse posicionamento. Mas a verdade é que eu quero casar de vestido de noiva e fazer uma festa linda. A ideia de sermos eu e ele até o fim me emociona. Quero ser mãe e não me surpreenderia nadinha se eu fizesse todas aquelas “cafonices” de mesaniversário que hoje vejo e falo: “pra quê, gente?”.
Pra quem assistiu “Sex And The City”, eu amava a Miranda, mas eu sou uma Charlotte:
Pode ser que daqui uns anos a gente mude de ideia e passe a ser um casal não-mono? Vai saber! Quem sabe quem vamos ser daqui esses anos? Eu não faço ideia e não me comprometo em ser exatamente que sou hoje pra sempre. Eu espero que eu não seja!
A gente tem uma obcessão pela coerência porque ela é cobrada da gente o tempo todo. Quantos posts antigos as pessoas não resgatam pra acusar as outras nessa cultura doida do cancelamento? Eu acho muito triste condenar uma pessoa a ser sua versão adolescente pra sempre. Ou sua versão de 30, 40, 50… Se uma pessoa de 80 anos mudar completamente de ideia sobre tudo o que viveu não é incoerência. É vida! Mutável e cíclica. Só acaba quando termina. Acontece que tem gente que desiste antes…
Incoerência, pra mim, é ser e agir de maneira incompatível no aqui-agora. Ou quando o discurso e as ações não tem ligação alguma. Mudar de ideia tá longe de ser incoerência. É evolução! É o tempo e a vida atravessando e nos mostrando novas formas de existir, viver, sentir, ser, pensar…
Miranda diz que nunca se sentiu tão viva como se sente com Che. Não é só isso que importa, afinal? Que nossas novas versões nos façam sentir vivas, cada vez mais? Que a gente se encontre para além do que já conhece e expanda nossas experiências de vida?
As pessoas sempre vão falar. Sempre. Pelo sim, pelo não, a favor, contra… Todo mundo sempre tem algo a dizer sobre a vida alheia. E não se esconda: eu sei que você também tem suas opiniões. Assim como eu contei lá em cima que toda vez que vejo um mesaniversário, acho cafona. Casal que se veste igual também. E também criticava mentalmente quem tirava foto na academia e adivinhem quem tira foto na academia hoje em dia? Pois é… É aquele ditado, né? Não digam “dessa água não bebereis”… E aquele outro clássico de todo final de fofoca: “quem somos nós pra julgar, né?”
Ninguém. Somos tão incoerentes quanto! Tentar viver de maneira completamente coerente te faz ficar extra-vigilante e nunca relaxar. Te faz deixar de experimentar, de arriscar, de mudar… Te deixa exatamente no mesmo lugar pro resto da vida. E eu não estou falando de um lugar físico. Como eu ensinei minhas alunas: descubram quais são os pontos de incoerência de vocês e não se escondam mais deles. Permitam que eles sejam parte da sua personalidade. Contraste, minha gente! É ele que deixa as imagens mais vívidas e nítidas… Pense nisso!
Deixo vocês com a icônica Samantha Jones:
O foco da minha mentoria individual é te ensinar a se posicionar e se comunicar como a líder da sua vida. Uma mulher segura e que se coloca no mundo com assertividade é revolucionário! De quebra eu ainda te guio a criar um servir autoral como eu fiz (se esse for o seu desejo). Restam apenas 2 vagas para início nesse mês de Julho. Quer saber como funciona esse processo e se ele te contempla? Clique aqui e agende uma reunião comigo! Mas ó: só agende se realmente puder comparecer, ok? Meu tempo e o seu são preciosos! Até já!
bicha fodona <3
Maravilhosaaa! Pela liberdade e delícia de viver (e descobrir) nossas infinitas versões e transformações. (btw, minha newsletter de hoje quase foi baseada em SATC, também! Mas Lua em Áries me fez mudar de última hora haha)