“Pensava que quando se sonha tão grande, a realidade aprende”. Essa frase está presente bem no inicinho do meu livro preferido “O Filho de Mil Homens”, do meu escritor preferido Valter Hugo Mãe. Quando comecei a pensar em escrever esse texto, senti um chamado forte para pegá-lo e não entendi bem o por quê. Até reler essa frase.
A partir dela, eu vou esmiuçar com você o motivo pelo qual ser modesta está atrapalhando o seu caminho.
Primeiro é importante dizer que vivemos num mundo que sonha muito, mas realiza pouco. Por N motivos: falta de oportunidade, falta de desejo, falta de motivação, falta de percepção de quem se é. Falta. Focando na falta interna e externa o tempo todo: “eu não tenho o que é necessário para conquistar o que eu desejo, logo eu não terei o que eu desejo”. Percebe o ciclo sem fim? Mas sonhar não nos custa. Então continuamos absurdamente vivas no etéreo, mas sobrevivendo em realidades nebulosas.
E todas as pessoas que dissipam as nuvens e buscam viver uma realidade límpida são tidas como arrogantes ou traidoras.
Ser pouco, ter pouco, cobrar pouco, comer pouco, morar pouco. Modesta. Quase imperceptível. Apequenada.
Fernando pessoa disse: “para ser grande, sê inteiro”. Nos querem fragmentadas. Percebe?
Nos estimulam a sonhar grande. Mas quando a realidade aprende e passamos a nos portar grandiosamente, nos dizem que precisamos ser mais humildes. Nos fazem questão de dizer que não devemos cobrar o justo pelo que fazemos porque “não é justo”. Com o que é justo com você ninguém se preocupa.
Pegam sempre no seu ponto fraco: o cuidado. Te fazem sempre olhar pra falta alheia. Te mostram como é feio desfilar suas conquistas por aí. Te dizem que abundância é quase um crime. Mas esquecem que todas nascemos e moramos na abundância. Querem nos esgotar: eliminar nossos recursos, nos deixar apequenadas e enfraquecidas. Para continuarem ou dominando o mundo ou vivendo vidas medíocres sem serem incomodados.
Esses dias eu estava numa praia em Florianópolis (onde moro atualmente) e uma menina chegou vendendo doces. Ela disse: “com licença, tudo bem? meu nome é fulana e eu vendo doces muito gostosos e muito baratos. Você quer provar?”
Eu comprei não pelo doce, mas por ela que estava andando aquela praia imensa inteirinha vendendo seus doces provavelmente para pagar a faculdade. Eu comprei porque eu me vi nela. Eu me vi nela no momento em que ela disse “muito baratos”.
Eu me vi nela na mistura de coragem com medo. “Muito gostosos e muito baratos”. O medo de parecer pretenciosa, arrogante. O medo de ser uma farsa. Afinal, com certeza passou pela cabeça dela que talvez os doces nem sejam tão gostosos assim.
Não consegui dizer nada pra ela na hora porque precisei decantar tudo o que aquelas simples palavras causaram em mim.
Talvez isso venha do medo da rejeição: “antes abaixar meu preço do que não vender”.
Talvez venha da dúvida do próprio potencial.
E talvez venha da necessidade de ser modesta.
A realidade é que temos aqui um combo completo de autossabotagem. E por mais R$1,00 você ainda leva o medo de incomodar e a necessidade de ser boazinha o tempo todo. Bom negócio, hein?
A principal consequência desse comportamento é que você fica sem contornos. ILIMITADA. Não sabe mais o que é seu e o que é do outro, se está fazendo o que quer ou o que te disseram para fazer. E você vai se perdendo e se embolando nessa história até não saber mais o que é verdadeiramente seu e o que não é.
E mais: vai acumulando frustrações porque esse comportamento não te rende absolutamente nada. No trabalho, as pessoas não compram de você, mas te sugam até a alma. Te pedem milhares de coisas e quando você oferece o conteúdo pago, somem. E você provavelmente oferece seu produto pé por pé. Como se estivesse entrando em casa de madrugada depois de sair escondido pra balada. Você não quer incomodar. Você não quer invadir.
Num relacionamento, você sempre abaixa a cabeça pra tudo o que pedem e desejam de você. Na hora que você cansa e diz CHEGA!, amizades se rompem, amores se vão e por você se ver só, você pensa: “esse lance de colocar limites é uma grande merda”.
A chave que precisa virar por aí é que as pessoas que não aguentam o seu “não”, não merecem o seu “sim”. Quem não respeita suas fronteiras não quer nada além do que explorar todos os seus territórios sem contribuir com nada. Te deixam seca e se vão. E você que lute para nutrir tudo novamente.
Em 1879, Henrik Ibsen lançou uma peça chamada “Casa de Bonecas”. Nela, a personagem principal, Nora, tem uma vida “perfeita”: casada com um bom homem, três filhos, uma casa incrível, dinheiro, criados... tudo conforme mandava o protocolo. Nora se comporta praticamente como uma menina animada. Sempre feliz, agradável e amável com todos. Em certo momento da história, ela decide tomar uma atitude adulta para ajudar o marido. Ela se arrisca, sofre chantagens, mas consegue reverter a situação. Quando o marido descobre o que ela fez, fica furioso e fala as maiores atrocidades. Mas ele ainda não sabe que ela sozinha resolveu tudo e que por causa dela ele não corre o risco de perder sua reputação. Assim que ele descobre que ela livrou a barra dele, ele volta a elogiá-la e tratá-la normalmente. Mas algo muda dentro dela e ela resolve deixar tudo: marido, família, casa. O principal argumento é esse dito em uma das falas:
“Já não acredito nisso (nas obrigações como mulher, mãe e religiosa). Em primeiro lugar eu sou um ser humano, assim como você... Ou pelo menos vou fazer um esforço para ser. Sei que a maioria lhe dará razão, Torvald. E sei que essas coisas estão escritas nos livros. Mas eu não posso mais me satisfazer com o que a maioria diz e com o que está escrito nos livros. Eu preciso pensar por mim mesma sobre as coisas e tentar compreendê-las”
Encontrar o seu próprio caminho é uma medida urgente pra que você não diminua os seus sonhos, desejos, suas habilidade, sua inteligência, seu valor para caber na régua de ninguém.
Deixar a Casa de Bonecas pode ser bem desafiador. Mas é só dessa forma que você descobre a sua forma de enxergar e agir no mundo.
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Eu ainda não tinha desfrutado desse texto na íntegra com a calma que ele merece e estou aqui com a boca aberta e o queixo desencaixado. Que texto Yna! Que soco no estômago quiroprático! Desses que te estalam inteira e já te colocam de pé num outro lugar de um outro jeito. Ainda que eu já não ande mais por aí me apequenando e pedindo permissão, quando o assunto é vendas, a fulana dos doces gostosos e baratos ainda bate ponto com alguma frequência.
O Lidere a sua Vida de Junho ou de Julho já tem uma vaga preenchida. 🔥
Uma preciosidade sem fim te ler e ser uma de suas mentoradas. Só agradecer. ❤️